BRASÍLIA - Contrário ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), receberá hoje à tarde, em seu gabinete, representantes do movimento de gays, lésbicas e transexuais de todo o País. Eles vão pedir a Cavalcanti que ponha na pauta da Câmara, para votação, projeto que permite a união civil de indivíduos do mesmo sexo, que tramita há dez anos. Há seis anos, quando a autora do projeto, ex-deputada Marta Suplicy (PT), tentou votá-lo, Severino foi um dos que encabeçaram o movimento contra os gays. Agora, na presidência da Câmara, o deputado diz que compete a ele ouvir a sociedade para conhecer suas reivindicações.
Uma hora antes da reunião com Severino, os representantes do movimento gay do Brasil todo terão um encontro com a frente parlamentar pela livre expressão sexual. Essa frente é composta por deputados e senadores e conta com 70 parlamentares, o que a torna maior do que a bancada evangélica, que tem 52. Tem à frente o deputado Fernando Gabeira (sem partido-RJ), articulador da conversa com Severino.
"Hoje, Buenos Aires tem lei sobre a união civil; no Canadá, o assunto caminha muito rápido; na Europa já existe legislação. Queremos fazer parte dos países que aboliram a discriminação contra os gays", afirmou Welton Trindade, presidente do Estruturação, grupo homossexual de Brasília. Segundo ele, embora não haja números exatos, presume-se que pelo menos 10% da população seja formada por gays, o que no Brasil representaria perto de 18 milhões de pessoas. Welton disse ainda que a passeata do movimento gay de São Paulo tornou-se a maior manifestação cívica do País em todos os tempos, porque a última contou com 1,8 milhão de participantes.
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