BRASÍLIA – Os ministros da Casa Civil, José Dirceu, e da Saúde, Humberto Costa, reuniram-se ontem com líderes dos partidos aliados para discutir a candidatura do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT/SP) à presidência da Câmara. Mas o que era para ser um encontro com um único tema, acabou se transformando num grande muro de lamentações.
As queixas, segundo um dos parlamentares presentes, se concentraram na atuação de dois ministros nordestinos: Ciro Gomes (Integração Nacional) e Humberto Costa (Saúde). Conforme relato de um líder, os deputados elaboraram uma escala dos piores ministros do Governo Lula e os dois lideraram a lista.
“Se os dois tivessem vergonha deveriam pedir para sair do Governo”, disse um parlamentar, revelando que Humberto Costa recebeu nota 9,90 e Ciro Gomes, 9,89, numa escala de zero a 10, em que o pior recebe nota máxima. “Os dois foram estraçalhados na reunião”, complementou. O encontro aconteceu na casa do presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP).
As queixas acerca da atuação do ministro da Saúde – nome sempre citado na lista dos que vão perder o emprego na próxima reforma ministerial – são a de que ele não recebe os parlamentares em seu gabinete. Por causa disso, Costa ganhou o apelido de Osama Bin Laden. “É difícil de encontrar e só faz estrago”, contou outro líder presente ao encontro.
Com relação a Ciro Gomes os problemas também são de relacionamento. “Ele não atende ninguém, deixa claro que não gosta de deputados”, resumiu um parlamentar durante a reunião. Mas a principal crítica é quanto ao cancelamento do pagamento de emendas pelo Ministério. Decisão que teria sido tomada no final de 2004 sem que os deputados autores das emendas tenham sido comunicados dos motivos. “Ele sacaneou um monte de deputados ao cancelar os empenhos”, queixou-se outro líder.
Conforme apurou a Agência Nordeste, a reação dos ministros José Dirceu e Aldo Rebelo quanto a informação do contingenciamento determinado por Ciro Gomes foi de surpresa. “Eles disseram que não sabiam do que estava acontecendo”, revelou uma fonte. A explicação que ambos deram na reunião foi a de que o dinheiro foi liberado e os ministros receberam ordem para empenhar os recursos das emendas.
Apesar das queixas dos líderes aliados, a avaliação é a de que o comportamento dos ministros não irá interferir diretamente na eleição do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh à presidência da Câmara. “Isso foi colocado mais como argumento de prevenção para o futuro. O Governo recebeu o recado de que os deputados da base de apoio vão votar no Greenhalgh, apesar do que está acontecendo e se comprometeram em tentar mudar esta situação”, disse um dos líderes presentes à reunião. Greenhalgh também teria manifestado contrariedade com a situação e cobrado dos ministros mudanças na relação entre o Executivo e o Legislativo.
Sobre a candidatura de Greenhalgh, os ministros Aldo Rebelo e José Dirceu inverteram as queixas. Pediram mais empenho dos líderes e avisaram que o Governo não poderá ser responsabilizado por uma eventual derrota do candidato oficial. Tanto Dirceu, quanto Rebelo destacaram que uma derrota demonstrará que os líderes da base têm pouco poder de articulação e não o Executivo.
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