RIO - A solidariedade deu o tom do réveillon de Copacabana. Faltando cinco minutos para começar a queima de fogos, os organizadores pediram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do maremoto que matou mais de 150 mil pessoas na Ásia e na África.
- A cidade agora vai fazer uma pausa para mostrar sua solidariedade àqueles que estão sofrendo tanto no Sul da Ásia - disse o locutor do palco em frente ao Hotel Le Méridien.
Cinco minutos depois da pausa, uma grande decepção para quem foi assistir à queima de fogos em Copacabana: logo que as primeiras bombas, de fabricação argentina, começaram a espocar, uma nuvem de fumaça tomou conta da Praia de Copacabana, impedindo que as pessoas assistissem ao espetáculo pirotécnico. Apenas as bombas que explodiam nos pontos mais altos podiam ser vistas. Em muitos pontos da praia, o tradicional aplauso no fim da queima deu lugar a vaias.
Em alguns trechos da Praia de Copacabana, a visão não passava de 30 metros. A nuvem de fumaça tomou não só a Avenida Atlântica, mas alcançou ainda a Avenida Nossa Senhora de Copacabana e até a estação Siqueira Campos do metrô.
Procurado pelo jornal "O Globo", o professor de meteorologia da UFRJ, Luiz Maia, explicou que a fumaça foi resultado, em grande parte, de um fenômeno atmosférico atípico para esta época do ano. A "camada de mistura", espécie de tampão que se forma na atmosfera, estava excessivamente baixa no litoral para uma noite de verão, e acabou dificultando a dissipação da fumaça dos fogos.
Especialista em poluição do ar, Luiz Maia disse, no entanto, que a densa camada de fumaça não deve ser creditada apenas ao fenômeno atmosférico. Ele acha que os fogueteiros deveriam ter explodido as primeiras bombas numa altura acima da camada, a cerca de 200 metros do nível do mar.
Gastón Gallo, diretor artístico do espetáculo pirotécnico atribuiu o excesso de fumaça, que prejudicou a visão dos fogos, ao fato de a pressão atmosféria estar muito alta. Segundo ele, nessas condições não há como não produzir fumaça. Ele admitiu que pode ter errado por não dispor de dados que indicassem o problema com a pressão atmosférica, mas argumentou que não havia como adiar a queima de fogos.
Mas se, visualmente, a festa deixou a desejar, os cariocas fizeram bonito no coro dos pedidos de paz. O desejo de um Rio menos violento permeou festas e orações, em todos os lugares. A cantora Alcione se apresentou num dos palcos de Copacabana usando um vestido bordado com a palavra "paz" em strass. Antes de apresentar o show, no palco do Leme, ela distribuiu camisetas que também protestavam contra a violência.
- Precisamos de paz, porque a chapa está quente, aqui e no mundo - disse a sambista.
A prefeitura estima que 3,3 milhões de pessoas assistiram à queima de fogos no Rio, sendo pelo menos dois milhões em Copacabana e 1,3 milhão nos outros pontos.
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