SÃO PAULO - Escrita em inglês, uma carta poderá complicar ainda mais a defesa do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf das acusações de lavagem de dinheiro, corrupção e enriquecimento ilícito. O Jornal Nacional, da TV Globo, exibiu na noite desta terça-feira (15) a carta, manuscrita e assinada, que dá instruções para movimentação de dinheiro no exterior. O documento, de dezembro de 1996, é endereçado ao banco UBS, de Zurique, onde Maluf é correntista, segundo extratos bancários enviados da Suíça ao Ministério Público de São Paulo.
"Eu gostaria de transferir todo o dinheiro existente atualmente na fundação White Gold para meus quatro filhos em partes iguais", afirma um trecho da carta, em inglês. O documento pede que a fundação seja encerrada e os investimentos - em um total de US$ 100 milhões - distribuídos para uma conta a ser aberta pela empresa Durant International Corporation na agência do UBS em Londres.
A assinatura é a mesma da declaração de bens que Maluf entregou à Justiça. De acordo com a TV Globo, o ex-prefeito seria o beneficiário das duas empresas citadas na correspondência, assim como da Red Ruby, depois rebatizada de Blue Diamond, outra empresa utilizada para movimentar dinheiro em nome da família Maluf.
Outras cinco empresas movimentaram dinheiro em nome da família Maluf, segundo promotores. A análise dos documentos mostrou que a família de Maluf movimentou cerca de US$ 300 milhões (cerca de R$ 900 milhões) em contas bancárias no exterior durante sete anos. De Zurique para Londres foram enviados cerca de US$ 100 milhões. Outros US$ 200 milhões estão bloqueados nas Ilhas Jersey, um paraíso fiscal do Canal da Mancha. Há ainda aproximadamente US$ 5 milhões em nome de uma das filhas de Maluf bloqueados na Suíça.
A assessoria do ex-prefeito de São Paulo afirmou, segundo a TV Globo, que ele não reconhece como sua a assinatura no documento e classificou a denúncia como "uma acusação típica de período eleitoral".
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