Os policiais acusados da morte do seqüestrador do ônibus 174, Sandro do Nascimento, em junho de 2000, foram absolvidos na manhã de hoje por 4 votos a 3 pelos jurados. Parentes dos três policiais - o capitão PM Ricardo de Souza Soares e os soldados Flávio do Val Dias e Márcio de Araújo David - choraram e se abraçaram bastante assim que a juíza Maria Angélica Guedes leu a sentença.
O Ministério Público recorreu da sentença esta manhã. O apelo foi feito verbalmente logo após o término do julgamento. A promotoria tem agora oito dias para fazer a fundamentação.
Em 12 de junho de 2000, Sandro do Nascimento manteve passageiros de um ônibus da linha 174 como reféns por mais de quatro horas. Depois de ser dominado pelos policiais, Sandro foi morto por asfixia no interior do camburão do Batalhão de Operações Especiais da PM. A ação policial para libertar os reféns, na hora em que o ladrão ia se entregar, acabou provocando a morte também da professora Geisa Firmo Gonçalves.
O soldado Marcelo Oliveira dos Santos foi quem fez o disparo que matou a refém, com uma submetralhadora calibre 9mm. Ele e o tenente-coronel José de Oliveira Penteado, comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na época, foram inocentados antes da abertura de processo. Traumatizado com o episódio, Marcelo dos Santos passou por um tratamento contra depressão.
O julgamento dos policiais acusados de matar o assaltante durou mais de 20 horas e foi marcado por muita discussão entre o promotor público Afrânio Silva Jardim e o advogado de defesa Clóvis Sahione. O advogado sustentou a tese de que os policiais não tinham a intenção de matar Sandro. Ele alegou ainda que o morto era um bandido que manteve durante mais de quatro horas o Rio de Janeiro parado e também aterrorizou os passageiros do ônibus 174. Já o promotor, apesar de pedir a condenação dos acusados, alegava que os policiais agiam sob forte emoção. Diante disso, ele reivindicava pena de quatro anos, o que evitaria aos policiais a perda da farda.
Ontem, em depoimento no I Tribunal do Júri, os PMs, acusados de homicídio qualificado, negaram a intenção de matar o assaltante do 174. Diante da juíza Maria Angélica Guedes, eles confirmaram que imobilizaram Sandro dentro do camburão. Mas, segundo os policiais, o assaltante estava extremamente agressivo e essa foi a única maneira de mantê-lo sob controle. Os PMs disseram que aplicaram uma "gravata" em Sandro, passando o braço pelo pescoço e empurrando o queixo para cima, para evitar que fossem mordidos. Eles garantiram que não tinham a intenção de matar. O capitão Ricardo contou que pensava que Sandro estivesse desmaiado e só depois foi informado de que o bandido morrera.
O advogado Clovis Sahione dispensou suas duas testemunhas: o tenente-coronel Venâncio Alves Moura e o capitão Eduardo Sarmento da Costa. Sahione disse preferir que os jurados assistissem ao documentário 'Ônibus 174', do diretor José Padilha, em vez de ouvir os depoimentos dos oficiais. A Promotoria, entretanto, manteve as três testemunhas de acusação: Edson Luiz de Matos, Jalmir de Freitas e José de Oliveira Penteado.
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