Morre, aos 72 anos, o ator Carlos Zara

Globonews.com

Atualizada em 27/03/2022 às 15h25

O ator Carlos Zara morreu hoje, por volta das 6h, devido a complicações pulmonares e falência múltipla dos órgãos. Zara estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, há cinco dias por causa de uma broncopneumonia. O corpo do ator será cremado às 16h no Crematório de Vila Alpina e o velório acontece no próprio hospital.

Zara nasceu Antônio Carlos Zarattini, em 14 de fevereiro de 1930, em Campinas e se formou em Engenharia, tendo sido colega do político Mário Covas. Sua estréia na televisão foi na TV Record, em 1956. Ele atuou em 30 novelas, 26 peças de teatro e quatro filmes. O último trabalho de Zara foi no seriado 'Mulher', da TV Globo, em que contracenava com a esposa, a atriz Eva Wilma. Os dois foram casados por 22 anos.

Seus problemas de saúde começaram em 1992. Zara tinha uma polineurite inflamatória crônica, doença degenerativa que afeta as pernas, limitando os movimentos. Em 2001, o ator descobriu que sofria de câncer de esôfago e começou um tratamento de quimioterapia. Apesar da saúde debilitada, o ator continou a interpretar até quando pode.

Em entrevista ao site médico Instituto Day Care Center, o ator comentou a doença. "Na vida, nada é muito bom ou muito ruim. Tudo isso tem de ser levado de uma maneira tranqüila e sabendo-se que a vida é assim mesmo".

O ator, que era louco por música clássica e chegou a estudar piano por oito anos, formou-se em engenharia pela Escola Politécnica de São Paulo, mas foi nos palcos que se consagrou. Zara estreou no teatro em 1953 com a peça "Cama para três". Ano que vem ele faria 50 anos de carreira junto com sua esposa Eva Wilma que ingressou no mundo artístico

aos 15 anos. Os dois se conheceram nos bastidores da TV Tupi, na década de 70. Na época, Zara vivia o galã Marcos da primeira versão de 'Mulheres de Areia' e Eva, as gêmeas Ruth e Raquel.

O ator também dirigiu 80 capítulos da novela e esteve no remake da Globo (1993) interpretando o personagem Zé Pedro. Em 1977, Zara e Eva oficialirazam a união. Desde então, formaram uma parceria profissional e amorosa invejável. O

último trabalho de Zara na TV foi ao lado da esposa, no seriado 'Mulher' (1998/1999). Carlos interpretou o personagem Otávio, marido da Dr. Martha (papel de Eva Wilma). Foi com a ajuda de uma bengala e usando duas próteses nos tornozelos que Zara fez suas participações no seriado.

"Nessa época o Zara já estava um pouco limitado por conta da doença (polineurite inflamatória crônica), mas ele fazia questão de gravar. Nunca faltou e nem criou problemas. Até mesmo quando propomos que ele saísse, ele quis ficar. A Eva mostrava um carinho extraordinário com ele", lembra emocionado o autor Antônio Calmon que escreveu alguns episódios da famosa série. Atualmente escrevendo os capítulos de 'O Beijo do Vampiro', o autor lamenta profundamente a perda "desse grande ator e principalmente da doce pessoa que ele é".

Dezenas de personagens em quase 50 anos de carreira

Depois da estréia nos palcos, Zara foi parar nos estúdios da TV Record, em 1956. Em 1959, o ator participou do teleteatro da TV Tupi ('O homem e as armas'). Um ano depois, à convite da Record, Zara aceitou o desafio de encenar e dirigir clássicos da literatura no "Grande Teatro Record".

Em 1963, o ator mudou de emissora. Foi contratato junto com outras estrelas como Tarciso Meira e Glória Menezes para fazer parte do time da TV Excelsior. Zara chegou a dirigir o núcleo de teledramaturgia da emissora. E, foi na Excelsior, em 1967, que ele fez um de seus papéis mais marcantes, o Capitão Rodrigo, personagem da adaptação para a TV do romance "O Tempo e o Vento", de Érico Veríssimo.

Aliás, foi o famoso personagem que o tirou do sufoco quando ele ficou desempregado, em 1980. Durante alguns meses, Zara conseguiu se sustentar graças a convites para bailes de debutantes. Tudo às custas do sucesso do Capitão. De lá pra cá, Zara atuou em dezenas de novelas e minisséries da Rede Globo entre elas 'Por amor', 'Anjos rebeldes', 'Pátria minha', 'Cara ou oroa', 'Sassaricando', 'Sangue do meu sangue', entre muitas outras. No teatro, Zara interpretou quase trinta papéis, mas no cinema teve poucas participações.

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