Fernando Henrique reafirma confiança no Governo Lula

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 15h26

O presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a defender hoje, em entrevista aos jornais de Portugal, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Ao afirmar, no Diário de Notícias, que seu sucessor não é nenhum "Ferrabrás", Fernando Henrique voltou a manifestar sua confiança de que não há risco de rupturas após a troca de governo, em janeiro de 2003. "Acho que o instinto básico de Lula nunca foi de Ferrabrás. Não é novo - não diria o mesmo do partido - mas ele nunca foi", afirmou.

Por Ferrabrás, o presidente explicou que define uma pessoa radical que pode vir a tomar decisões violentas, "mudando tudo e castigando". As explicações foram dadas após os jornalistas que o acompanham na visita a Portugal perguntarem de onde vem a confiança no seu sucessor. "Em primeiro lugar, (a avaliação) decorre da força das instituições brasileiras, e em segundo lugar, do comportamento do próprio Lula. Ele tem tido um comportamento muito responsável", afirmou.

Na entrevista, o presidente ainda acrescentou que vê Lula como "um homem de pensamento que tem a consciência da responsabilidade e conhece bem as dificuldades imensas que o Brasil atravessa, e são seculares".

A visita do presidente ganhou as capas dos jornais portugueses. Além das avaliações sobre o futuro do Brasil sob o comando do presidente Lula, ele também avaliou, no Diário de Notícias, as relações entre Brasil e Portugal. O otimismo relativo ao futuro das relações bilaterais foi estendido às negociações comerciais com a União Européia e também na Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Questionado sobre a crise que atinge a vizinha Argentina há mais de dois anos, Fernando Henrique disse que atualmente existe "muita incompreensão por parte da comunidade internacional" com o país. Já sobre a Venezuela, o presidente disse que não considera a instabilidade atual como um problema de "falta de apoio financeiro externo, mas um problema de briga política interna".

A visão otimista sobre o futuro do Brasil foi reiterada em entrevista ao jornal "O Público". Para este jornal, no entanto, o presidente revelou que teme a volta do populismo, caso Lula não tenha presença de espírito para recusar o que chamou de canto da sereia. "Se há um risco no Brasil, é o risco do populismo. Lula é um líder, é um democrata, tem um partido e tem um Congresso como referência. Mas podem tentar fazer dele um líder carismático, e isso é ruim para ele e para o Brasil", disse.

Desta vez, no entanto, nem tudo foram elogios. Fernando Henrique criticou o programa de combate à fome anunciado por Lula, pois considerou um "regresso a técnicas que substituímos, pois não funcionavam" e lembrou que em seu governo são usados cartões magnéticos, entregues às mães das famílias, política social que lhe rendeu reconhecimento internacional. "Até ganhei um prêmio da ONU por ter conseguido mais avanços na educação, saúde, no acesso à terra. E mais: o último relatório do Banco Mundial diz que o Brasil está entre os três países que mais celeremente mudaram as questões sociais nesses últimos anos".

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