Secretária de Saúde de Bacabeira é acionada após pastor "furar fila" de vacinação contra covid
O Pastor Araújo se beneficiou da irregularidade alegando ser diretor do hospital municipal, mas não há portaria que comprove a nomeação.
BACABEIRA – Nessa terça-feira (9), a 1ª Promotoria de Justiça de Rosário acionou a secretária municipal de Saúde da cidade de Bacabeira, Tatiara Rodrigues Fontinele, e José de Ribamar Cardoso Araújo por não obedeceram a ordem prioritária de vacinação contra Covid-19 no município, segundo os Planos Estadual e Municipal de imunização.
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O Ministério Público do Maranhão ajuizou a Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa, após receber denúncia anônima, por meio da Ouvidoria da instituição. A denúncia, acompanhada de fotografia, relatava que José Ribamar Cardoso Araújo, mais conhecido como Pastor Araújo, teria recebido indevidamente as doses iniciais da vacina contra Covid-19. A denúncia informava que ele não era servidor do município.
A titular da 1ª Promotoria de Justiça de Rosário, Maria Cristina Lobato Murillo, pediu a condenação dos dois requeridos com a aplicação das sanções previstas no artigo 12 da Lei 8429/92, tais como:
- perda da função pública
- suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos
- pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente
- proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
A secretária Tatiara Rodrigues Fontinele enviou ao Ministério Público o Plano Municipal de Imunização como instrumento que respaldaria a vacinação do Pastor Araújo, frisando que, na primeira etapa da campanha, estão contemplados os profissionais da saúde, situação na qual ele se encaixaria.
Ao ser notificado para prestar depoimento perante a 1ª Promotoria de Rosário, José de Ribamar Cardoso Araújo, a princípio, negou ter recebido a vacina, mas após ser confrontado com a fotografia que registrou o ato da vacinação, na qual aparece supostamente acompanhado da secretária de Saúde, acabou admitindo o fato.
Araújo declarou ter sido vacinado em 19 de janeiro deste ano e justificou que, na época, já era diretor do hospital e ficava exposto a riscos, pois diariamente realizava atendimento ao público.
Questionado se já havia tomado a segunda dose da vacina, mais uma vez o requerido negou. Porém, o cartão de vacinação dele registrou a segunda imunização em data anterior ao termo de declaração.
Portaria de nomeação
O Ministério Público, ao analisar a portaria de nomeação apresentada pelo pastor, consta a data de 1º de fevereiro de 2021, ou seja, posterior à vacinação. Ele justificou dizendo que estava errada, pois sua nomeação teria ocorrido em 4 de janeiro de 2021.
Posteriormente encaminhou por e-mail outra portaria, com data de 4/1/2021 e cartão de vacinação. Segundo a 1ª Promotoria de Rosário, em uma simples consulta ao Diário Oficial do Estado do Maranhão, não foram observados registros da nomeação do requerido nos meses de janeiro e fevereiro de 2021.
A promotora de justiça Maria Cristina Lobato Murillo informou, ainda, que não foi possível ainda consultar a folha de pagamento no Portal da Transparência para verificar desde quando o Pastor Araújo consta na folha de pagamento, “vez que o Município de Bacabeira não está observando a obrigatoriedade de dar ampla publicidade aos gastos, não alimentando informações no Portal da Transparência, tanto que este órgão ingressou com Ação de Obrigação de Fazer nesta data”.
A representante do Ministério Público questionou como o Pastor Araújo foi escolhido merecedor da vacina em um município que, com população de pouco mais de 17 mil habitantes, recebeu até o momento 642 doses, conforme portal da Secretaria de Estado da Saúde. Considerando a necessidade de duas doses, apenas 321 pessoas seriam beneficiadas.
“Furar a fila, no momento atual de pandemia, dá a entender passar à frente dos demais de forma injusta e inesperada; colocar os próprios interesses em primeiro lugar em detrimento do outro; violar a ordem de prioridade; usurpar um bem ou serviço pelo qual outros esperavam desde antes. No atual contexto de doses escassas da vacina, o ato pode ser ilustrado pela ideia resumida no dito popular de ‘farinha pouca, meu pirão primeiro’”, observou, na ação, a promotora de justiça.
Recomendação
Na ação, a representante do Ministério Público ressaltou, ainda, que, na data de 19 de janeiro de 2021, foi encaminhada à secretária de Saúde de Bacabeira uma Recomendação que visava alertar para a necessidade de observância dos grupos prioritários de vacinação.
“Mas, pelo que se viu, a secretária simplesmente ignorou a Recomendação ou agiu de forma extremamente açodada ao colocar Pastor Araújo como uma das primeiras pessoas a serem vacinadas no primeiro dia de vacinação”, comentou.
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