SÃO LUÍS - O Ministro da Cultura, Gilberto Gil, anunciou na tarde desta segunda-feira (18), na Casa das Minas, o tambor-de-crioula como Patrimônio Imaterial do Brasil. O clima era festivo com a apresentação de diversas brincadeiras de tambor-de-crioula da capital e do interior do Estado.
Gilberto Gil ainda participou da procissão de São Benedito pelas ruas da cidade, acompanhado de representantes do Conselho Consultivo do IPHAN, rumo a Casa do Tambor-de-Crioula, na Madre Deus.
Dona Teresinha Jansen, responsável pelo Tambor-de-Crioula da Fé em Deus, disse em entrevista à rádio Mirante AM, que este momento é representativo para o tambor de crioula.
- Realmente, nós esperávamos um dia como este para que tivéssemos a esperança de dias melhores. O reconhecimento do nosso trabalho, da nossa origem, da nossa cultura e da nossa tradição, representada também pelo Tambor-de-Crioula. É uma manifestação que não tem calendário fixo e pronta para se apresentar em qualquer período do ano - destacou.
O tambor-de-crioula é uma tradição afro-brasileira que tem mais de 400 anos. As mulheres lideram essa dança de roda, que também é uma homenagem a São Benedito.
120 quilômetros separam São Luís de Felipa, um povoado no Interior do Maranhão que parece ter parado no tempo. Lá, 160 descendentes de escravos vivem praticamente como seus antepassados.
Dar duro na lavoura não é a única herança dos tempos da escravidão. Foi nas senzalas que nasceu o tambor-de-crioula. No início era uma espécie de luta que só os homens podiam participar. Com o fim da escravidão, há mais de cem anos, passou a ser um ritual para celebrar a liberdade e as mulheres começaram a fazer parte da roda.
O som dos tambores lembra o barulho do arroz no pilão e o canto vibrante louva São Benedito, um dos santos negros da Igreja Católica.
Dois anos de pesquisa
O Maranhão tem mais de cem grupos de tambor-de-crioula. A partir de agora, a expressão cultural herdada dos africanos será, também, patrimônio brasileiro.
Foram dois anos de pesquisas até o reconhecimento. “Na prática, os integrantes do tambor-de-crioula vão ter acesso a oficinas de confecção de tambores, oficinas de toada, oficinas de dança. A gente vai poder apoiar a produção de CDs, de livros, enfim, tudo aquilo que ajude a difundir essa manifestação”, diz Kátia Bogéa, Superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Maranhão.
Os moradores fazem a sua parte e passam a tradição para outras gerações. “Se a gente não preservar, acaba. E para que isso não aconteça nós estamos sempre botando nos grupos os jovens e as crianças”, diz a lavradora Nielza Santos.
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