Sustentabilidade econômica

Boi da Floresta lança coleção de produtos confeccionados pela comunidade do Quilombo Urbano da Liberdade

O lançamento ocorrerá neste sábado (14), na sede do Boi da Floresta, no Quilombo Urbano da Liberdade.

Imirante.com, com informações da Ufma

O projeto nasceu da preocupação com a estagnação que a produção e trabalhos voltados para o Boi.
O projeto nasceu da preocupação com a estagnação que a produção e trabalhos voltados para o Boi. (Foto: divulgação / Ufma)

MARANHÃO - O Boi da Floresta, em parceria com um grupo de pesquisas chamado ‘Narrativas em inovação, design e antropologia (Nida)’, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), vai lançar, neste sábado (14), uma coleção de produtos com a identidade cultural do boi.

O lançamento ocorrerá a partir das 19 horas, na sede do Boi da Floresta, no Quilombo Urbano da Liberdade. A iniciativa da venda da coleção de produtos é fruto do Memorial Apolônio Melônio, um projeto liderado pela produtora cultural e brincante Talyene Melônio, com o objetivo de criar itens com a identidade cultural do Boi e confeccionados pelos seus integrantes, como proposta de geração de trabalho e renda para a comunidade.

O projeto teve apoio da Fapema, por meio de edital para incentivo de iniciativas da Economia Criativa, e foi coordenado pela produtora Preta Cultura e Arte em parceria com o Nida-UFMA e o Boi da Floresta. Como se trata de uma iniciativa de sustentabilidade econômica e geração de trabalho, a confecção dos itens foi realizada pela comunidade, que foi capacitada por meio de oficinas, onde puderam aprender sobre iconografia, com Raquel Noronha; encadernação artesanal com Luiz Lagares, serigrafia com Hermano Costa, Juliana Lasak e Edvaldo Lobinho, bordado com Talyene Melônio, Nadir Cruz e Carlos Henrique Cardoso e precificação com Camila Aboud, e também em conjunto com um grupo de produção formado pela coordenadora do Nida, Raquel Noronha, a mestranda, Marcella Abreu, e o professor e designer Luiz Lagares. 

Além disso, o projeto nasceu da preocupação com a estagnação que a produção e trabalhos voltados para o Boi passa no segundo semestre do ano, após o São João, quando a demanda de "colocar o Boi na rua" diminui, como explica Raquel Noronha, coordenadora do Nida:

“Foi detectado em uma dissertação que eu orientei, da Priscila Coelho, que mais da metade do ano, não há produção para sustentar as pessoas envolvidas no trabalho. No primeiro semestre, existem as preocupações em 'colocar o boi na rua', e trabalham firmemente nos bordados, para as indumentárias e outros detalhes. Mas no segundo semestre, essas pessoas saem em busca de outras oportunidades de geração de renda e deixam o trabalho do boi, e dessa forma não existe sustentabilidade contínua do trabalho do Boi. A ideia do projeto surgiu justamente por isso, oportunizar um treinamento. Então, foram realizadas diversas oficinas, para que os participantes da comunidade pudessem se especializar e manter o trabalho dentro do grupo do Boi, porque a mão de obra é muito especializada, especialmente a que trabalha com o bordado. E quando as pessoas se distanciam e vão para outros trabalhos neste período, acabam perdendo a habilidade manual que precisa de tempo para ser retomada depois no ano seguinte, então a proposta é manter esse trabalho o ano todo por meio dos materiais sendo confeccionados e comercializados com a identidade cultural do Boi”, declara.

A coordenadora também comenta sobre os próximos passos que o projeto irá seguir, expandindo a confecção dos produtos. “Primeiramente pretendemos implementar uma serigrafia dentro do bumba meu boi, conservar as máquinas de costura que já existem lá e manter a manutenção delas durante todo o ano, para que toda parte de costura possa ser feita dentro da sede do Boi”, informa. 

Além disso, o projeto também pretende expandir a comercialização com o tempo e pretende utilizar os conhecimentos que conseguirem estudando a venda na sede do Boi, no Quilombo da Liberdade, como forma de entender a demanda pelos produtos do Boi. 

“E sobre a comercialização, inicialmente, vai ser feita na sede, porque é um projeto piloto, a gente precisa entender a saída, as preferências, e ter um pouco esse controle e o contato corpo a corpo com o consumidor, mas a perspectiva aqui é que a gente consiga alcançar o e-commerce, que é fundamental para a difusão e para alcançar escolas maiores de vendas e geração de renda para essa comunidade”, conclui Raquel.

Os produtos comercializados na Sede do Boi da Floresta serão camisetas serigrafadas, cadernos artesanais e ecobags, todos personalizados com a identidade visual do Boi.

Sobre o Memorial Apolônio Melônio

O Memorial Apolônio Melônio é uma iniciativa que nasceu do desejo da comunidade do boi, liderada pela mestra Nadir Cruz, do grupo maranhense do Bumba Meu Boi da Floresta, de contar e registrar as histórias do Boi e quem foi o Mestre Apolônio, criando discussões sobre o que Boi de hoje e imaginar o seu futuro. Contemplando a memória do Boi e pensar em suas práticas, tradições, resistências e inovações.

O primeiro projeto do Memorial foi a criação do acervo do Boi da Floresta, por meio de digitalização, para registrar suas memórias e produções. Outro projeto é a comercialização de itens confeccionados pelos integrantes do Boi que carregam a sua identidade. Essa iniciativa surgiu de um esforço coletivo com a parceria da produtora Preta Cultura e Arte e o grupo de pesquisa NIDA - Narrativas em inovação, design e antropologia da UFMA. Em 2025, serão acessados editais para implantação do projeto.

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