SÃO LUÍS - Com um sonho, a artista Joy Brasilino desembarcou em Londres no último dia 13 de julho para encarar uma oportunidade única. A arte educadora de 26 anos, formada pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), foi selecionada para expor duas obras na renomada Boomer Gallery, uma galeria de artes que é peça-chave no panorama da arte contemporânea de Londres, na Inglaterra.
Localizada no coração do distrito de Tower Bridge, no centro cultural da cidade, a galeria é reconhecida pela diversidade de suas exposições, com a proposta de transcender barreiras culturais e promover artistas emergentes de todo o mundo. A exposição, chamada "Fragmentos de Realidade", aconteceu entre os dias 12 e 18 de julho.
Composta por 76 artistas de diferentes nacionalidades, a proposta da exposição era destacar a variedade do conceito de identidade apresentado pelas diferentes visões de mundo dos artistas. "Esta exposição foi projetada não apenas para mostrar arte, mas para incendiar o diálogo sobre as múltiplas facetas da identidade na sociedade contemporânea. Demonstra que o nosso senso de eu não é singular, mas uma coleção de experiências e influências, cada uma valiosa e significativa", afirmou a galeria sobre o tema da exposição.
As duas obras expostas por Joy Brasilino refletem a proposta da mostra. A artista apresentou a pintura em aquarela "Estilhaços do Instante", produzida em 2018 durante a sua participação no grupo de extensão "Salada de frutas: Arte e interdisciplinaridade", da UFMA, e o autorretrato em fotografia "Multidimensionalidade", produzido em 2020.
"As obras conversam muito entre si e acabaram conversando com o conceito da exibição", afirmou a artista. "A experiência de chegar em Londres com meu trabalho e conhecer a cena artística daqui, ter a oportunidade de apresentar aqui coisas que foram desenvolvidas em São Luís, na UFMA, foi muito recompensadora."
Nascida em Minas Gerais, Joy Brasilino, no entanto, se considera maranhense. "Na verdade, eu já morei muito mais tempo em São Luís do que já morei na minha cidade natal ou em outras cidades que morei. Então, eu me considero naturalizada", conta.
"Todo mundo que tem me ajudado e que tem feito parte desse processo é de São Luís, o pessoal da universidade, da cena artística, os meus ex-professores da UFMA, que inclusive auxiliaram durante a pesquisa dessa obra, então tem sido um processo bem voltado para a Ilha mesmo", complementa Joy.
Desafios na jornada
Recém-formada, Joy Brasilino conquistou sua primeira oportunidade de expor internacionalmente. No entanto, a jornada até Londres não foi nada fácil. Segundo a artista, o maior desafio foi financeiro.
A notícia de que ela havia sido selecionada veio apenas alguns dias antes da abertura da exposição. Para a angariar fundos para custear a viagem, Joy precisou abrir uma vaquinha e uma rifa, na qual ela irá sortear a obra "Esmeralda", que foi exposta na Fundação da Memória Republicana Brasileira, no Convento das Mercês.
A artista decidiu prolongar a sua estadia na cidade na intenção de conseguir outras oportunidades em Londres. "Por ter tido uma recepção tão positiva do meu trabalho e por ter me conectado com uma cena artística com muito mais recursos, eu acabei estendendo a minha estadia em Londres para expandir essas oportunidades, talvez conseguir uma residência artística", disse. Por conta disso, Joy resolveu prolongar o período da rifa, que encerraria nessa segunda-feira (29), até o dia 17 de agosto.
Para ela, que trabalha na área há 10 anos, os maiores desafios para os artistas independentes são a falta de recursos e de incentivos. "Estar tendo essa experiência em um lugar completamente diferente, em um país que realmente valoriza, exporta e tem políticas públicas que fomentam a criação artística, eu tenho percebido o quanto no Brasil, mas especialmente em São Luís, é muito difícil se manter como artista."
"Isso é algo que eu tenho visto aqui de uma forma diferente, que essas estruturas existem, que as instituições são variadas, elas fomentam a cultura, suportam a prática artística, patrocinam artistas para que eles tenham esses meios de vida e continuem produzindo. Esse é um dos motivos pelos quais eu continuo aqui, tentando uma oportunidade mais duradoura, porque eu tentei durante 10 anos viver de arte em São Luís e não consegui", afirma Joy Brasilino.
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