Sexo com Nexo

O que tenho a falar sobre os ciúmes?

(O meu, o teu e o nosso)

Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação sexual

Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação sexual.
Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação sexual. (Divulgação)

“Ciúme é uma vontade de posse, de propriedade da outra pessoa, numa inspiração bastante capitalista”, foi o que ouvi na voz do Lucas Charafeddine, enquanto balançava afirmativamente a cabeça, defendendo a mesma ideia. Curiosamente, na mesma semana, algo muito estranho aconteceu.

Experimentei uma sensação desagradável, assustadora e paralisante, a ponto de levar a queixa ao psiquiatra, acreditando que a minha pseudo-sanidade estivesse fortemente abalada. 

“Estou com pensamentos intrusivos, Flávio! Em looping, é incontrolável. Minhas mãos ficam geladas e eu paraliso. Isso não pode ser normal!”.

Ainda falando, tentando linearizar os meus pensamentos e racionalizar tudo, fui interrompida por ele: “Mônica, você já sentiu ciúmes alguma vez na sua vida?”

Eu ri. “Claro que já senti. Sou super ciumenta!”

Nessa hora, lembrei dos meus livros, das minhas gavetas, dos espaços que não gosto que sejam invadidos. Aí apaguei a nuvem desse pensamento e busquei no arquivo por ciúmes de pessoas. Lembrei dos meus irmãos e de um namorado que sempre fazia questão de falar das intimidades que viveu no passado (o que inclusive já rendeu letras para textos). 

O ciúme é dose-dependente. Se for demais, vira uma perturbação destrutiva, em doses saudáveis tira o outro do lugar comum, mas se for ausente pode também ser preocupante para muitos.

Na teoria é mais ou menos assim:

Ciúmes excessivos: ter controle possessivo, desconfiança constante, investigar obsessivamente, ter acessos de raiva, isolar socialmente, buscar no outro a validação da autoestima, criar situações imaginárias, ter preocupações irracionais, comportamentos agressivos, possessivos, violentos ou fazer ameaças.

Ciúmes normais: acontecem ocasionalmente e em situações específicas, como quando o parceiro interage com alguém que desperta algum grau de ameaça, mas sem que isso se torne uma preocupação constante. Aqui moram o respeito pela vida social, amizades, prazeres e lazeres individuais, prevalece a confiança mútua, o respeito pela privacidade e sem comportamentos invasivos. Nada de usar as senhas sem autorização, hein?!

Ausência dos ciúmes: algumas vezes, pode ser uma repressão das emoções, como um mecanismo de defesa mesmo. Ou uma autoconfiança excessiva, com falta de preocupação com a possibilidade de perder o outro. Pode acontecer também por desapego emocional. A psicanálise ainda levanta um possível medo do abandono, ou experiências passadas que moldaram a maneira como a pessoa lida com seus pares.

Tudo isso pra dizer a vocês que existe um tesão que mora no “pegar pra si”. Todo mundo experimenta, e tentar fugir disso é bobagem. A gente se move pelo medo de perder. Ninguém deseja ardentemente aquilo que já tem. Os meus ciúmes falavam sobre isso. E o seu?

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