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COLUNA

Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Sexo com Nexo

Por trás das dores de Helena

Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.

Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual

Atualizada em 11/12/2023 às 10h03
Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual.
Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual. (Divulgação)

Nos confins da alma de Helena, uma mulher de quarenta anos, ressoam os ecos silenciosos de uma infância marcada pela sombra do abuso sexual. O peso dos anos não foi suficiente para dissipar as cicatrizes que se entrelaçam em sua jornada. O relógio avança implacável, mas Helena ainda se vê aprisionada pelos monstros invisíveis do passado.

Ao decidir buscar ajuda, ela bate à porta do meu consultório, e com muita verdade e determinação, pouco a pouco vai se sentindo capaz de iluminar os corredores escuros da sua intimidade. O consultório, com suas paredes acolhedoras e luz suave (palavras dela), se torna o palco onde os fantasmas do passado começam a se desvanecer.

Com empatia e sensibilidade, convido Helena a desvelar suas memórias mais dolorosas. Cada palavra que ela compartilha é uma tentativa de se libertar do silêncio que a aprisionou por tanto tempo. Enxergo uma bela alquimia de emoções na transformação do peso do trauma em palavras, sempre respeitando o ritmo de Helena.

No processo terapêutico, ela explora os recantos obscuros de sua sexualidade ferida. A confiança se tece lentamente, como um fio delicado, enquanto Helena aprende a redefinir seus limites e a reconstruir uma relação saudável com o próprio corpo. 

O meu papel como sexóloga nesse processo é, com paciência, orientar Helena na jornada de descobrimento, fornecendo ferramentas pra desenterrar a autonomia sexual que o trauma tentou sepultar.

A terapia não é apenas um ato de fala. É uma dança delicada entre o terapeuta e a paciente. Helena, aos poucos, começa a desfazer os nós emocionais que a mantiveram cativa por tanto tempo. O sexólogo, como um cicerone do afeto, ajuda a compreender que a intimidade não precisa ser um campo de batalha, mas sim um terreno fértil para o florescimento pessoal.

Nesse percurso, Helena aprende a reconhecer os sinais de alerta que reverberam do passado e a lidar com eles de maneira saudável. Com técnicas terapêuticas específicas, promovemos o autocuidado e a construção de uma autoimagem positiva. Juntos, paciente e terapeuta moldam um arsenal emocional que empodera Helena a desbravar os territórios inexplorados de sua própria sexualidade.

No fim das sessões, Helena emerge transformada, como uma borboleta rompendo o casulo. A dor cede espaço à resiliência, e o passado, embora indelével, não mais domina ou massacra o seu presente. Fui testemunha do renascimento emocional, celebrei com Helena as conquistas graduais, ciente de que a cura é um processo contínuo.

A história de Helena, uma mulher que enfrentou os espectros do abuso sexual na infância, é um testemunho da tenacidade da alma humana. A terapia com o sexólogo se tornou o farol que a guiou através das águas turbulentas de sua história. Foram encontros que a conduziram em direção à paz interior e à reconstrução de uma sexualidade saudável. O passado não pode ser apagado, mas, com coragem e apoio, Helena aprendeu a escrever um novo capítulo, onde o amor próprio e a esperança são protagonistas.

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