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COLUNA

Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Sexo com Nexo

Limites aumentam o nosso espaço

Confira a coluna desta semana da sexóloga e educadora sexual Monica Moura.

Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual.

Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual.
Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual. (Divulgação)

A liberdade é uma condição que defendo. A vejo com respeito e admiração. Luto pela minha e também pela liberdade dos outros.

Aos meus olhos, a liberdade tem relação com as escolhas e, estas, por sua vez, se relacionam com as consequências. Até não fazer nada é uma escolha. O que obviamente também traz as suas consequências.

Estou contextualizando pra contar uma lembrança que fala sobre isso. 

Eu morava no 12° andar de um apartamento que tem a lateral inteira aberta. Sala e quartos tinham janelas largas, mas na área de serviço não tinha. Era apenas um vão - um vão bem grandinho, de 10m². Completamente aberto. E foi daquele jeito (aberto) desde que mudei pra lá, permanecendo assim por uns 10 anos.

Sempre que recebia visitas, os comentários se repetiam. Inicialmente era a curiosidade "molha aqui dentro?" e em seguida, a sutil crítica "você não tem medo de alguém cair daqui?". 

A verdade (verdadeira) é que eu temia que uma tela de proteção me roubasse a sensação de liberdade que aquele vão me dava. A sensação de estar "presa" nunca me agradou. Eu queria poder enxergar o mundo lá fora livremente, sabe?

Quando adotei um gato, o adestrador me orientou que a tela seria imprescindível. No começo, fiquei contrariada. Mas como ter um pet era parte do tratamento do meu filho, acabei cedendo. 

Certa vez, enquanto lavava as vasilhas de comida do gato (na área de serviço), percebi que coloquei o suporte de sabão e esponja sobre a bancada daquele vão. Sem pensar. Pelo contrário! Ato automático, com muita segurança.

Por 10 anos, eu nunca tinha colocado nada sobre aquela bancada. 

Tinha receio de que caísse e machucasse alguém passando lá embaixo, ou que sujasse o apartamento de algum vizinho.

Por respeito ou por medo, aquele era um espaço que eu só olhava, mas nunca tinha explorado antes.

Por ironia (ou por amor) ter aquela tela de proteção estabeleceu os meus limites e me deu uma sensação de muito mais espaço.

Pra mim, essa história trouxe uma nova perspectiva sobre os acordos nos relacionamentos. Saber exatamente até onde podemos ir, nos deixa mais livres para explorar o espaço que temos. 

É claro que nos relacionamentos afetivos os ajustes são diários (assim como os aprendizados também são), mas você concorda que entender os limites de onde estamos pisando e até onde podemos pisar é crucial?

No sexo, por exemplo, conversar sobre fantasias e entender os limites do outro, aumenta a segurança e as possibilidades de diversão a dois. “Sabendo que o outro respeita o meu limite, eu crio espaço para me entregar sem medo”.

Limites aumentam o nosso espaço. Quais são os seus?


 

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