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COLUNA

Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Sexo com Nexo

Educação sexual como propósito de vida

Pois bem, educar sexualmente é o meu propósito.

Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual

Atualizada em 02/09/2023 às 10h26
Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual.
Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual. (Divulgação)

Em 2011 o Bruno mudou a minha percepção sobre propósito de vida quando me presenteou com um livro do Mário Sérgio Cortella, intitulado “Qual é a tua obra?”.

Naquela época, a sexologia ainda tinha papel secundário na minha prática clínica, pois era apenas uma especialidade que complementava a abordagem da Fisioterapia pélvica e oncologia.

Cortella me mostrou que propósito é o que te faz sentir realizado por seguir fazendo o que você já está fazendo. É o que nos faz pensar “eu faria isso a vida inteira, e se pudesse, faria até de graça”. 

Pois bem, educar sexualmente é o meu propósito. E eu já carregava ele comigo. Há muito tempo acredito que a educação sexual positiva tem o poder de transformar não apenas a vida de uma pessoa, como também a sua  família, os seus vizinhos, a sociedade/estado/país. 

É ensinando sobre as partes íntimas com o cuidado que esse tema exige que a criança vai aprender a buscar ajuda aos primeiros sinais de abuso. E falar de forma respeitosa sobre o prazer que o toque nessa região proporciona também prepara o indivíduo para a vivência plena das suas relações amorosas futuras. 

Proibir ou inibir essa conversa é expor a criança/adolescente ao risco de outro adulto se aproveitar da curiosidade natural. Sim, o corpo desperta curiosidade e a criança vai buscar respostas onde for mais conveniente. 

Não falar sobre o corpo, o toque e o prazer também é negligenciar o futuro. Em vez de calar, ofereça respostas no tempo que a criança pedir, com o vocabulário que ela der conta, mas fale. Fale a verdade sempre. A criança precisa confiar nos seus responsáveis e estes precisam confiar na criança. Se ela disser que aconteceu algo abusivo, acolha! Investigue! 

Não invalide o que uma criança confessou, isso é traumático e a conta chega em algum momento futuro. A dor fica escondidinha (como se nem existisse), mas uma hora ela vem à tona, e os juros desse boleto não pago são altíssimos. Vejo isso no consultório regularmente. 

Precisamos também (e inclusive) falar sobre o amor. Sobre os afetos. Sobre as possibilidades de formação dos pares. Essa realidade está na rua, na tv, nas escolas. Converse sobre o amor com os seus pequenos. 

A linearidade desse problema é nítida aos meus olhos. A criança privada de conhecimento sobre a sexualidade saudável cresce vendo o sexo a partir de uma colcha de retalhos, construída com um pedacinho de cada crença dos que a cercam. Tornam-se adultos eventualmente traumatizados, ocasionalmente frustrados ou lamentavelmente indiferentes ao tema. Lidar com seu próprio corpo e prazer vira um desafio pra vida. 

Por isso, vejo o meu propósito transformando vidas na construção de uma sexualidade sem culpa, livre de violência e de autoritarismos.

Educar sexualmente é trazer um diálogo que contribua na formação do indivíduo como um cidadão de bem, que saiba identificar onde há repressão, opressão, violência, discriminação e desigualdade. É aqui que aprendemos a nos posicionar de maneira crítica, eliminando preconceitos e violências. Estou nesse caminho, dia após dia. 

E você? Qual é a sua obra?

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