(Divulgação)
COLUNA
Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Sexo com Nexo

Nem sei o que dizer…

(Pra quem não quer escutar)

Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação sexual

Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação sexual.
Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação sexual. (Divulgação)

Homens e mulheres carregam uma visão diferente sobre a importância do sexo. Tá, agora sem sexismo. Pessoas e pessoas têm opiniões diferentes sobre o sexo! Bem melhor começar assim. 

Hoje eu quero falar sobre o Juliano, um homem de 56 anos, que resolveu começar a fazer terapia essa semana.

A queixa? Um pênis que não atende mais aos vasodilatadores azuizinhos. Aqueles comprimidinhos mesmo, os tradicionais do mercado farmacêutico, e fiéis escudeiros do Juliano por tantos e tantos anos. 

Como disse no começo, ele retornou ao meu consultório essa semana. Disse que nos dois últimos meses, a ereção só acontece após uma injeção de prostaglandina diretamente no pênis.

Na época da primeira consulta, ele esperava por um roteiro pronto para satisfazer todas as mulheres com quem se relacionava (e aqui estamos falando de algumas garotas eventualmente contratadas, além das duas fixas que já o acompanhavam desde os anos 2000). 

Iniciou a vida sexual por volta dos 15 anos, no interior, com "uma senhora mais velha e bem feia”, palavras do Juliano. A segunda mulher com quem ele quis fazer sexo era sua namorada na época. Jovem, bela e nos padrões que ele esperava. Mas o sexo não aconteceu. “Na hora H eu falhei, e ela riu muito de mim. Me senti humilhado”, confessou. 

Questionei se as relações sexuais em algum momento passavam a sensação de julgamento e medo da humilhação, mas ele negou com veemência. “Impossível, Dra. Até porque isso aconteceu há muito tempo atrás”, afirmou. 

“Eu só quero voltar a fazer sexo sem me preocupar”, ele repetia - mas não parecia disposto a aceitar nenhuma sugestão para melhora da relação sexual que não fosse aquela que envolve um pênis ereto dentro de uma vagina ao primeiro passar de mão. 

As preliminares nunca fizeram parte do seu repertório. Quando indaguei sobre a forma como ele começa o sexo, Juliano foi muito claro e direto: “não sou carinhoso, Dra. Meu negócio mesmo é ter uma boa ereção pra conseguir fazer a penetração. É só isso que eu quero. Um pênis duro!"

Sugeri terapia para redesenhar o significado de uma relação sexual e todo o seu entorno, especialmente com o aumento da idade e o processo natural de envelhecimento masculino. Ele nem me deixou concluir o raciocínio. "Vou procurar o melhor urologista da cidade. Tenho dinheiro pra isso", declarou aos berros. Respeitei. E ele foi. 

Então fiquei repassando mentalmente um mantra que serve pra tudo nessa vida:

Olhe para as coisas como são. 

Tem um monte de coisa que eu sou e não gosto, mas também tem um monte de  coisa que eu sou, e gosto.

Tem um monte de coisa que eu quero e que eu vou conseguir, mas também tem um monte de coisa que eu gostaria de ter e não vou conseguir.

Isso é assim comigo, é assim com você e é assim com todo mundo.

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