SÃO LUÍS - O vaqueiro é um dos personagens mais tradicionais do bumba meu boi. Quem entra na pele do personagem, não quer mais ser outro, segundo os próprios brincantes. Hoje em dia, existem grupos que reúnem até 25 vaqueiros, mas eles estão presentes principalmente nos bois com sotaque de orquestra.
Na história de Catirina e Pai Francisco, o vaqueiro é quem cuida dos bois do fazendeiro. Quando descobre que o boi favorito do patrão foi morto, ele vai atrás do casal.
Nas apresentações atuais, o vaqueiro é o parceiro do boi em diversos grupos. Com um estilo de dança marcado por rodopios e passos curtos e rápidos, o personagem usa geralmente um colete e um chapéu com longas fitas, além de trazer na mão um maracá para "campear".
Raul Flávio, de 43 anos, passou 28 anos de sua vida como vaqueiro do Boi de Morros. Ele explica as mudanças que o personagem passou ao longo dos anos. "No passado, a dança era só marcada para frente e para trás. Nas roupas dos bois de orquestra, entre as décadas de 80 e 90, os vaqueiros usavam peitoral e saiote, até a transição para o colete na década de 90", disse o brincante ao g1.
Já Serginho Naiva, vaqueiro há mais de 20 anos bo Boi de Axixá, destaca as diferenças entre os dois tipos de vaqueiros existentes: o vaqueiro de fita e o campeador.
"O campeador dança mais no meio do cordão e os de fita ficam às margens. O campeador usa chapéu com franjas de canutilho, enquanto o vaqueiro de fita usa chapéu com fitas compridas."
O personagem é tão apaixonante que quem o vive uma vez, não quer mais saber de outro. É o caso de Clarissa Lobato, que dança no Boi de Morros. Apesar de tradicionalmente o vaqueiro ser um homem, ela acredita que se envolver na cultura do bumba meu boi vai muito além que as questões de gênero.
"A partir dos 14 anos comecei a dançar no boi e, desde o primeiro ano, foi como vaqueira porque não me identificava muito como índia. Na época, eu precisava de uma roupa emprestada e a roupa que ganhei era de uma vaqueira que eu admirava muito. Daí em diante eu me apaixonei por esse personagem", afirma.
Com muito orgulho, a vaqueira destaca que o principal é o amor e a tradição que são passados de geração em geração.
"O campeado faz meu coração pulsar forte e posso afirmar que é gratificante estar em um grupo tão bonito, desenvolvendo o papel de vaqueira. Participar da cultura do Maranhão sendo uma das personagens do auto do bumba meu boi também é algo que me deixa muito feliz e me realiza. Vivenciar essa arte é também valorizar o legado de minha família, que sempre teve um trabalho dedicado à cultura maranhense."
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