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COLUNA

Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Sexo com Nexo

Trocar de casa. Trocar de pele. Virar do avesso

Leia a coluna da Mônica Moura deste sábado (20).

Dra Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação sexual

Dra Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação sexual.
Dra Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação sexual. (Divulgação)

São 22:00 da noite. 

Acabei de deitar pra descansar, depois de uma travessia de 2 horas no ferry boat e mais dez horas de estrada. 

Peguei o celular pra responder algumas mensagens.  Abri o Instagram pra contar pro mundo que cheguei, quando percebi que uma sensação gostosa me preencheu enquanto assistia a um reel poético que invadiu a minha tela. 

O reel era simples: um molusco trocando de concha. 

Em alguma praia belíssima do mundo, uma câmera registra o seu caminhar (protegido por uma pequena concha cinza) em direção a uma concha branca, maior. Me peguei no momento em que ele titubeia, analisando se vai ser prudente aquela troca. É surpreendentemente nítido o desapego daquele pequeno molusco quando larga a concha antiga e se aninha na concha nova. Decidido, mas não de forma fácil, ele deu uma cambalhota e em um rodopio de mestre, saiu do antigo lar e encarou a nova casa, saindo, por fim, vitorioso. 

Curioso. Devo ter mergulhado por uns 10 minutos naquelas imagens. Mas não foi um mergulho em apneia. Cada célula do meu corpo parecia respirar confortavelmente naquele momento. Mindfulness. 

Depois que soltei o celular, olhei pela janela e me reconheci naquele momento. Na verdade, eu revisitei na memória as várias vezes em que precisei trocar de casa porque aquela em que eu estava já não me cabia mais. As sensações são múltiplas. Tive coragem, fui ousada, mas também tive medo, me senti insegura e indefesa.

A gente acha que ficou órfão daquele lugar, mas depois entende que era um ganho de nova perspectiva. 

Sair do colo dos pais, caminhar, andar de bicicleta, perder alguém da família, entrar na adolescência, aprender a dirigir. Iniciar a vida sexual, a universidade, o emprego novo. Planejar o casamento, a mudança de cidade, a reforma do apartamento. Quebrar uma empresa, ver uma nova empresa nascer, assumir que o mundo é digital. Ter um filho, ver que seu filho cresceu, encarar o ninho vazio... 

A gente aprende a se virar. Recomeçar. E seguir. 

Precisamos trocar de casa para sobreviver, porque a nossa vida mora no movimento, na mudança, na transformação.

E na semana passada, por coincidência (ou não), alguns pacientes em terapia de casal usaram uma expressão em comum. Talvez sempre as usassem, mas só dessa vez me tocou tão forte. Eles disseram “eu só queria que a nossa vida sexual voltasse a ser como antes”. E nesse instante, lembrando do esforço que aquele molusco fazia pra trocar de concha, eu percebo que talvez o que a gente precise REALMENTE é nos movimentar para garantir uma vida sexual muito mais satisfatória. Ninguém fica órfão de uma vida sexual passada. Acredito que esteja faltando um pouquinho mais de disposição para encarar a nova perspectiva.

A gente aprende a se virar. Recomeçar. E seguir.

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