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COLUNA

Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Sexo com Nexo

Sobre ser tratada como gente

E sobre ser uma pessoa “emocionada”.

Dra Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual

Atualizada em 02/05/2023 às 23h58
Dra Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual.
Dra Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual. (Divulgação)

A primeira coisa que vi no Instagram hoje foi um tweet que a Ester repostou com a seguinte frase: "Eu me emociono muito com gestos de carinho muito pequenos. Será que sou uma mulher de gestos simples ou será que nunca fui tratada como gente? kkkkkkkkkk". Pela quantidade de kkk no final, seria apenas mais uma piada que tenta esconder verdades, mas era a Ester postando. Ela é aquela amiga culta, que ama livros e carrega discussões profundas. Ester é uma mulher jovem, linda e sensível. E a mesma Ester endossou aquele post acrescentando "no dia em que eu ganhar flores, eu choro por 3 dias".

Aquele story de 15s agitou meu coração e a cabeça foi a mil. Corri pro computador. É que no domingo, depois de ouvir Mamilos (sim, sou mamilete, rs), eu caí aleatoriamente em um podcast sobre pessoas intensas. Gostei do tema e até encaminhei pra minha irmã, a mulher mais intensa que conheço. O episódio era sobre ser uma pessoa "emocionada". Linkei.

Arrisco afirmar que todos esperam retribuição dos seus afetos, especialmente quem tem expectativa de encontrar um par pra chamar de seu. Queremos sexo, sim! Claro que queremos! Mas não queremos de um jeito destrambelhado, meio que por misericórdia do outro, meio que por desespero nosso. Queremos trocar energia com gente do bem, que saiba acolher até na casualidade, e tenha delicadeza para um carinho fora da cama. Quem não quer se sentir importante? Quem não quer afeto de volta?

Vez ou outra as pessoas se queixam da frieza na conquista. Devo ter conversado com a Ester sobre isso no passado. Já sexualizar a conversa logo depois do "oi", ou uma sensação de abandono no pós-sexo. Não vou negar. Existe isso, sim. Dos dois lados.

Fica no vácuo a demonstração de afeto genuíno nas primeiras interações. Elogiar um comportamento, um gosto musical, agradecer uma atitude positiva. Falar que quer encontrar (quando quiser encontrar) e dizer que sente saudade (quando sente saudade). Ser "emocionado", no mais elementar significado da palavra. Demonstrar emoções pode convidar o outro a retribuir, apresentando as suas emoções também.

"Mônica, para! Vou parecer ridícula e desesperada!"

Mas se você quer sair desse lugar de superficialidade, desse vazio relacional, desses instantes sem sentido, tem que dar o primeiro passo. Esse é o mínimo que podemos fazer e é também o mínimo que devemos esperar dos outros. Pessoas prósperas atraem pessoas prósperas. Superficialidade atrai superficialidade. O que você prefere?

Ser tratada com gentileza, Ester, é o mínimo! Se as flores são importantes, verbalize isso! Pergunte o que é importante pro outro e seja gentil em retribuição genuína. Isso sim é tratar e ser tratada como gente. E se a outra parte te fizer sentir ridícula, PEDE LICENÇA E TE RETIRA, porque esse não é o teu lugar. “É como uma calça 36 que já não passa mais nas coxas”. 


 

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