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Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Sexo com nexo

Importunação sexual

Você também já passou por isso!

Dra Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação Sexual

Atualizada em 02/05/2023 às 23h58
Dra Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação Sexual.
Dra Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação Sexual. (Divulgação)

Não sei como é para os homens, especialmente porque nasci mulher e aquele nunca será o meu lugar de fala, mas posso assegurar que naveguei em um mar de importunações que por vezes pareciam agressivas, outras sutis e algumas até inocentes. Sim, chamo de inocentes porque pareciam ser uma mera reprodução social. Falta de educação sexual formal, sabe? Aquelas coisas que alguém disse pra alguém e com o passar do tempo ficou subentendido que "homem que é homem deve mesmo fazer ou falar aquilo".

Quando criança, ouvi meu pai dizer "minha filha é bonita porque sei fazer o que gosto", uma expressão que levei anos pra compreender o significado e que, quando compreendi, me senti constrangida. Da mesma forma quando ouvia "Nossa, mas que menina linda! Vai te dar muito trabalho, hein, Antônio Carlos?!". Isso é coisa que se fale?

E a tal "chuva de gaviões"? Cresci intrigada, porque eu nunca atendi exatamente aos padrões estéticos vigentes, tampouco fui a mais cobiçada da escola. Mas pra ser uma mulher interessante, precisamos mesmo de uma fila de homens desejantes?

Nessa mesma época, eu percebi que meu interesse sexual carecia de uma conexão prévia, um vínculo que fizesse algum sentido pra mim. Resumo: eu não desejava os cantores das bandas pop ou os galãs do cinema e rede globo. Críticas? Várias!

Você quer "ser santinha" pra quem?

Como você pode dizer que não gosta de sexo?

Isso é uma desculpa porque ninguém quer transar com você.

Depois vem a fase de independência sexual, de fluidez, de possibilidades. É quando a importunação vem de outra forma, extravasando o "gostosa", "delícia" e "tesão", expressões tão rotineiras quanto "bom dia/tarde/noite" que ouvimos na rua.

Você romantiza demais o sexo, vai acabar sozinha!

Deixa eu te provar que a vontade vem "com a pessoa certa"!

Você é exigente demais. Nenhum homem vai ter paciência.

Você deve estar traumatizada com homens, né? Aposto que quer uma mulher!

Ninguém te deu um "chá de cama”, mas quando der…

Até que ontem eu recebi (mais uma vez) um comentário em "tom de cantada", que não passava de "mais do mesmo" das tantas importunações sexuais ao longo da vida:

"Se eu não fosse casado, namoraria contigo"

Pelo amor de Deus, gente! Como se a disponibilidade daquele homem fosse mudar alguma coisa, como se o interesse da mulher fosse recíproco, como se não fosse indispensável um interesse prévio. Como se não fosse escolha da mulher estar solteira, como se toda solteira estivesse disponível para qualquer homem que surgisse, como se não bastasse tudo o que ouvimos de todos o tempo todo. Chega!

Vamos redesenhar a paquera. Iniciar qualquer abordagem com contexto erótico, não funciona mais!

Importunação sexual é crime!


 

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