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COLUNA

Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Coluna da Dra Mônica Moura

Sexo com Nexo: sobre fazer amor com o tempo

Quando o propósito e a coerência ditam as regras do jogo.

Dra Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual

Atualizada em 02/05/2023 às 23h58
Dra Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual.
Dra Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual. (Divulgação)

Hoje cedo eu dei uma gargalhada louca enquanto lavava a xícara do café. Molhei a minha roupa, o chão e até o armário de cima da pia. E o que isso tem de relação com o sexo? Muita coisa! Quem já colocou uma xícara no meio da pia e abriu a torneira sem piedade percebeu que apesar da abundância e potência da água, a xícara não enche. Não vai encher. Não daquele jeito, nem com aquela força. A água percorre os espaços, faz giros, esguichos, transborda, mas não fica. A xícara não vai ser preenchida porque, para permanecer, a água precisa vir com delicadeza, com sutileza, sem tanta força.

Então lembrei dos pubs que frequentei e do jeito que lavavam as tulipas, rs. Faz todo sentido. Jatos fortes de água pra fazer circular mesmo. Tinha que ter rotatividade. Tinha que ter força. Tinha que ser rápido. As pessoas pediam por isso. Os barris de chopp não podiam esperar pelas tulipas. Os clientes não podiam esperar pelo álcool. Tudo é urgente ali.

Seja no café de casa ou na cerveja do pub irlandês, percebo que o sexo é uma relação de amor com o tempo. Com o seu tempo. Com o seu propósito. Com a sua disposição.

A expectativa com o sexo precisa ser coerente com o nosso ritmo atual de vida. Tem que ter nexo. 

É tão incoerente lavar a xícara com jato forte em casa quanto abrir lentamente a torneira para lavar a tulipa em um pub. Cada coisa em seu lugar. E tá tudo bem, desde que esteja tudo fluindo.

Daí eu penso nas pessoas demasiadamente românticas que esperam encontrar o amor das suas vidas se jogando em casualidades desconectadas das suas expectativas. Isso acontece tanto, gente. O famoso discurso "quero um homem pra mim, e vou conquistá-lo fazendo TUDO na cama!", mas em seguida vem o discurso da frustração "eu faço TUDO, mas ninguém fica ao meu lado, ninguém me quer, ninguém me ama".

Geralmente a gente não faz ideia de que tipo de parceria queremos a longo prazo, e também não sabemos quais características o nosso par vai ter, mas prefira sempre trabalhar com uma certeza: nós sempre seremos nós mesmos. Em alguns momentos xícara de café e em outros, tulipa de chopp. 

Qual é o seu momento? Jatos muito fortes podem não preencher o vazio. Água muito fraca tem uma lentidão que pode irritar. Tudo depende. Você quer encher o copo de quê?

Fazer sexo pela insistência do outro, para conquistar ou para "segurar", pode trazer altos índices de frustração pós-coito. Fazer sexo sexo pra si, pra encontrar satisfação ou pra dividir momentos prazerosos, carrega uma maturidade que conquista, que exala beleza, que transborda amor próprio e amor pelo outro. Faz sentido?

Esteja conectado consigo, com seu momento e com sua expectativa. Em casa ou nos pubs, a gente sempre vai ser a gente. E não é o outro quem vai definir com que força ou potência a água deve vir.

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