Vamos conversar sobre sexo?
“Uma coluna semanal pra falar de sexo com nexo”.
Conversar sobre sexo é ótimo. Não com todo mundo. Nem o tempo todo. Mas é inegável que um bate-papo descontraído sobre a única forma de continuidade da nossa espécie é pra lá de interessante. Quando tem nexo, claro. Vez ou outra surge um papo que não faz o menor sentido pra gente, mas veja só… tá tudo bem! Diversidade é isso!
Deixa eu me apresentar, já dividindo os meus dramas contigo. Conversas que somam trazem à tona algumas vulnerabilidades mesmo.
Me chamo Mônica. Há duas décadas venho estudando e conversando sobre sexo em todo lugar que vou. Concluo que, independente do gênero ou orientação, as pessoas têm histórias pra contar, desejos a compartilhar e opiniões a dar. Essas últimas em quantidade bem mais expressiva, acredite.
Reflito bastante sobre os desafios que encaro como sexóloga. O primeiro, pra mim, é bem simples: como (quase) todo mundo transa, é comum usar as suas limitadas experiências como um parâmetro pro que é certo ou errado. Tentar convencer de que existe um mundo para além daquela caverna é delicado (Platão, querido, um beijo pra você que sempre soube bem disso).
Outro inegável conflito que vivencio discorre sobre o meu "ser mulher, cis, hétero e demissexual". Esse combo me põe eventualmente em uma saia justa. Vou explicar. É que o homem, cis, hétero e alossexual rotineiramente confunde sorriso, simpatia e educação com liberdade para uma abordagem cheia de contexto erótico subliminar. Tá, algumas vezes nem tão subliminar assim. Acho curiosa essa ousadia de se lançar pro mergulho sem antes avaliar a profundidade da piscina.
Nesses 20 anos, amadureci e formulei uma frase de efeito que uso como jargão pra me posicionar: "todos são livres para desejar, da mesma forma que sou livre para dizer não e denunciar toda e qualquer importunação e/ou violência". Sempre me disponho a conversar, mas não permito ser sexualizada pelo bel prazer de quem não me interessa. Simples, né?! Pode usar pra você também!
Mostrar que os meus estudos e capacidade técnica/intelectual/profissional não se limitam a "ensinar novas posições sexuais ou descobrir qual o melhor vibrador" é um desafio presente na minha profissão também. Educar sexualmente protege crianças e adolescentes dos abusos e violências sexuais dentro de casa/escola. Oriento famílias na percepção dos sinais de risco e ajudo, inclusive, na prevenção de suicídios (pra quem não sabe, a causa-base tem 80% de relação com a orientação, identidade, conflitos, inadequações e disfunções sexuais).
A partir de hoje, vamos usar esse espaço para conversar sobre sexo, sem tabus e sem frescuras. Minha proposta é te apresentar um novo olhar sobre a sexualidade, para que ela possa transformar a sociedade em um lugar mais amoroso, leve e gozado (porque gente feliz sexualmente não enche o saco dos outros).
Estudar sexologia é fazer amor com o tempo e vai além do desejo. Requer observação, repertório, paciência, empatia, solidariedade, foco, disposição. Muita disposição.
Espero que todos estejam dispostos a embarcar no prazer dessa conversa semanal.
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