Quando Scott Fitzgerald presenteou o universo literário com a vida romântica de Daisy e Gatsby, em 10 de abril de 1925, um outro coração entusiasmado já pulsava e preparava-se para as aventuras, sonhos e descobertas que viveria pelos próximos quase cem anos. Exagero? Não.

Me refiro à vida da maranhense Daisy Muniz, nascida em 12 de abril 1917, na capital maranhense. Esta Daisy, que apaixonou-se por Scott, mas não o Fitzgerald, colecionou amizades cordiais que levemente se assemelham àquelas citadas no romance O Grande Gatsby, escrito por “Fitz”. Coincidência? Talvez. 

Criada por seus pais, de origem portuguesa, Daisy Muniz comemora, hoje (12), seus 105 anos de idade com uma plenitude que é quase impossível não ser atingida pela curiosidade dos que vivem ao redor para descobrir “qual o segredo”.

Mas não há segredo algum. A reposta está nos valores que Daisy sempre fez questão de ressaltar: espiritualidade cristã, honestidade, ética, solidariedade e amor ao próximo. Esses, segundo sua filha Remédios Muniz, foram os grandes ensinamentos repassados por Daisy à família. 

“A vida de nossa querida Daisy não foi apenas um suceder de anos, era sempre ajudando quem a procurasse com o seu humor, conhecida por todos. Hoje langorosa pela idade, sua vida é muito restrita a assistir tv, fazer crochês em sua poltrona. Sempre no comando de sua casa, não abdicando disso nunca”, diz Remédios. 

Seus anos colegiais, vividos na tradicional escola Modelo, foram compartilhados com o ilustre escritor maranhense Josué Montelo. Posteriormente, ela dedicou-se aos concursos públicos e até mesmo experimentou a docência no antigo colégio São Luís, do professor Luís de Morais Rêgo. 

Além disso, foi aprovada no concurso para o Ministério do Trabalho, onde ficou até sua aposentadoria. E ela teria ido além, se não fosse pela decisão de abdicar do cargo de Delegada do Trabalho oferecido a ela. “Ela foi convidada para ocupar o cargo de Delegada do Trabalho, tendo agradecido e declinado do convite, por excesso de simplicidade”, explicou Remédios.

Celebrar a vida de Daisy, para quem conhece de perto seus passos, é acolhido por seus abraços e é alvo dos seus ensinamentos, significa estar satisfeito em “vê-la sempre feliz em ter sido essa mãe, avó, bisavó e trisavó, amorosa, sempre dirigindo com altivez sua casa e sua família”, descreve a filha.

Para quem leu o livro citado no início, Daisy Buchanan foi o amor que queria, a todo custo, ser conquistado por Gatsby. Para a família da aniversariante e, provavelmente para quem leu esta matéria até o final, Daisy Muniz foi e é sinônimo de amor. 

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