Aplausos para "Cura" de Debora Colker
E mais: Aderaldo do Nascimento Neto em Nova York e o cancelamento das festas de fim de ano em municípios maranhenses.
A coreógrafa e bailarina Deborah Colker está em busca da cura. Melhor. Ela está em um processo de imersão tão profundo sobre os contornos entre a cura e a doença, que do universo de questionamentos e buscas nasceu um novo espetáculo, que passou no último fim de semana por São Luís, com apresentações que registraram plateias numerosas no palco do Teatro Arthur Azevedo.
Desde a criação de sua companhia, em 1994, – e lá se vão 27 anos –, os públicos brasileiro e do mundo inteiro são surpreendidos com as produções de Deborah Colker.
Seu projeto mais recente, “Cura”, que ontem fez sua última apresentação em São Luís, fala de seu enfrentamento pessoal diante do que ela não pode resolver: a mutação genética sofrida por seu neto Theo, atualmente com 12 anos.
Essa condição rara recebe o nome de epidermólise bolhosa distrófica e causa a falta de colágeno sete, uma proteína responsável por colar a derme à epiderme.
Movimentos da vida que pulsam
“Cura” reflete a indignação da diretora. Assistir ao espetáculo criado, coreografado e dirigido por Colker é ler os movimentos da vida que pulsam para além da revolta, pois o inconformismo arrastou a diretora e sua trupe à pesquisa do sentido da cura em seus aspectos multifacetados: a cura que transcende o próprio corpo e se instala na alma; a aceitação do inevitável como condição de liberdade espiritual; a luta e a dor contra o preconceito.
Nesse estado de coisas, quais as possibilidades de cura? A provocação reverbera em cada coreografia, pontuada em quadros de plasticidade tocante e sensorial.
Linha tênue entre a razão e a fé
Na plateia, aplaudindo delirantemente o espetáculo, a educadora Ceres Murad, do alto de sua experiência como diretora premiada do projeto Ópera para Todos, observou que em “Cura” a ciência não briga com Deus; antes, busca o contato, nesta linha tênue entre a razão e a fé.
Realmente, as referências científicas, alicerçadas em projeções de palavras e frases, permeiam a cenografia enxuta e visualmente poderosa.
“Cura”, na opinião de Marisa Consalter, que foi uma das fundadoras do Colégio Meng, embrião do que hoje é a Universidade Ceuma, é um poema concretista que grita ao público os elementos químicos e grafias emocionais, impregnados do sopro da vida e da voz infantil de Theo, narrador das histórias de matrizes africanas, imbricadas com sua própria história pessoal.
E em tempos de pandemia, com uma plateia ainda protegida por máscaras num mundo que anseia pela cura, os bailarinos de Deborah Colker acolhem o público entre cânticos para elevá-lo à cura possível: a boa e velha esperança.
Débora conversou com Deus
Ao observar os detalhes cênicos de “Cura”, Ana Lourdes Lobato Hoole, paraense-maranhense residente em Londres e que na semana passada circulou por São Luís, o novo trabalho de Deborah Colker é uma grande celebração da vida, tanto que o diretor de arte Gringo Cardia vociferou a propósito: “Deborah conversou com Deus neste espetáculo”.
De fato, o trabalho que o público maranhense aplaudiu entusiasticamente no fim de semana, é único nos 27 anos de história da companhia comandada por ela.
“Usei a ciência como parceira e, com ela, aprendi que é preciso lutar, mas sempre com paciência”, diz Deborah.
Um longo processo de gestação criativa
“Cura” é o resultado de um longo processo de gestação criativa, que começou quando a coreógrafa provavelmente ainda não sabia que levaria suas apreensões para o palco.
O espectador sente logo no início do espetáculo, um soco na sensibilidade ao prestar atenção na voz que narra a história de Obaluaê, orixá das doenças e das curas. A cativante locução de Theo, seu neto de 12 anos, emociona.
Um feliz encontro, pois ele narra a trajetória do orixá que nasceu com problemas físicos e é rejeitado, sendo acolhido por Iemanjá, que vê beleza onde todos apontam feiura.
E Theo, desde bebê, lida com epidermólise bolhosa, que provoca feridas na pele ao menor atrito, o que exige cuidado no seu dia a dia.
Com elementos da cultura africana
Deborah Colker visitou Moçambique, na África, onde uniu elementos da cultura africana à indígena e oriental, garantindo referências de várias religiões. O projeto – que deveria estrear em 2020, em Londres, mas foi cancelado pela pandemia da Covid-19 – crescia em referências e pedia novos colaboradores. Como o rabino e escritor Nilton Bonder que a ajudou a estabelecer uma ponte entre ciência e fé, entre amor e genética, entre aceitar e lutar.
O clique surgiu quando Deborah mostrou para Bonder uma gravação em que Theo narrava a história de Obaluaê: a rejeição e a adoção de uma pessoa, presente na narrativa do orixá, era o caminho criativo a ser seguido. “É a busca pela cura de algo que parece ser inalcançável, por isso que não há nenhuma relação com a Covid, que já é combatida por uma vacina”, diz ela.
Essa persistência, baseada na fé tanto religiosa como na ciência, vem movendo Deborah nos últimos anos, especialmente em viagens aos Estados Unidos onde se encontrou com pais cujos filhos têm os mesmos sintomas que Theo.
Os fios que bordam o espetáculo
Com o espírito preparado e o motor criativo em pleno funcionamento, Deborah foi juntando os fios que bordam o espetáculo – Nilton Bonder, por exemplo, já na condição de responsável pela dramaturgia, baseou-se nos Salmos de Davi, especialmente os que expressam o desejo de salvação do homem diante da precariedade e das incertezas da vida. “Ele também me disse uma frase forte, a grande cura é a morte, o que me motivou a criar uma coreografia com dois bailarinos dançando ao som de You Want it Darker, canção de Leonard Cohen” – pontua Débora
A trilha sonora, aliás, nasceu quando Deborah convidou Carlinhos Brown para compor o tema da abertura, com a narração de Theo. “Mas, quando ele me apresentou versos como traga meu sorriso para dentro e sou mais forte que minha dor, tive a certeza de que toda a trilha teria de ser composta por ele”, conta a coreógrafa.
“Cura”, portanto, honra batalhadores como Theo e o cientista britânico Stephen Hawking, que enfrentou uma doença degenerativa e viveu bem mais do que os três anos previstos pelos médicos.
Em resumo, confesso que o espetáculo que aplaudi no TAA, vai muito além do aspecto biográfico, trata de ciência, fé, da luta para superar e aceitar nossos limites, do enfrentamento da discriminação e do preconceito.
Partido Lava-Jato
A filiação do ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato Deltan Dallagnol fez com que o Podemos incorporasse de vez o rótulo de Partido da Lava-Jato.
O estigma começou a se formar ainda na eleição de 2018, quando o então candidato a presidente Alvaro Dias prometia nomear Moro seu ministro da Justiça. Ampliou-se com a atração de parlamentares com agenda anticorrupção e solidificou-se com a filiação do ex-juiz Sergio Moro.
Deltan deve concorrer a deputado pelo Paraná em 2022.
Sem festas de Réveillon
A maior parte das prefeituras dos municípios do Maranhão não pretende promover festas e eventos de Réveillon abertos ao público.
A informação consta em pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) com prefeitos de todo o Brasil. Dos 217 municípios maranhenses contatados, mais da metade informaram que não produzirão eventos.
As festividades, ao que parece, estão limitadas à iniciativa privada ou a festas em família.
No país, 64,7% dos 2.662 prefeitos questionados pela entidade informaram que não pretendem realizar eventos.
É preciso prudência
Há muita gente necessitando se reunir neste ano quase findo. É compreensível. Somos seres gregários por natureza e estamos absurdamente carentes de rever, conversar, abraçar, beijar e até do riso tão comum nessas ocasiões junto aos afetos.
Parecia que logo voltaríamos ao convívio normal, mas, com a chegada da variante Ômicron, a humanidade volta aos temerosos momentos de autodefesa.
Assim, surge novamente o dilema de darmos vazão ao sentimento ou não, seja em família, no trabalho ou em grupos até porque o WhatsApp e o home office não suprem os nossos desejos represados, reprimidos.
Lembrando sempre das implicações da disseminação coletiva, penso que é possível curtir e vivenciar a felicidade, com prudência!
Afinal, prudência é como caldo de galinha, não faz mal a ninguém.
Democracia pode contar com Brasil
O presidente Jair Bolsonaro afirmou durante a Cúpula pela Democracia – evento virtual convocado pelo presidente americano Joe Biden, com a presença de mais de cem líderes mundiais – que o mundo pode contar com o Brasil para fortalecer a democracia.
– Contem com o Brasil para contribuir com o fortalecimento da democracia no mundo, com pleno respeito à soberania e à independência das nações – disse Bolsonaro em vídeo gravado e exibido aos líderes na sexta-feira.
Na fala, Bolsonaro ainda parabenizou Biden, com quem já trocou farpas públicas, pela convocação da cúpula:
– É oportunidade de renovar, no mais alto nível, o compromisso comum com a democracia e combate à corrupção. Temos trabalhado com determinação para forjar cultura de diálogo, liberdade e inclusão social” – acrescentou.
iMedical Ortopedia
A cidade de Presidente Dutra ganhou, neste mês, o iMedical Ortopedia, o mais novo e moderno Centro de Tratamento Ortopédico do município e região.
Referência em exames de imagens, o iMedical Presidente Dutra segue avançando com o atendimento de novas especialidades médicas. Iniciou com a cardiologia e agora implantou consultas com os ortopedistas Alessandro Magno Fonseca e Filipe Santos Damasceno.
Situado em frente ao Socorrão de Presidente Dutra, o iMedical Ortopedia oferece tratamento humanizado com qualidade e preço justo para os cuidados da saúde.
Para escrever na pedra:
“No coração do homem é que reside o princípio e o fim de tudo”. De Leon Tolstoi.
TRIVIAL VARIADO
Margarida Teixeira, Helena Nahuz, Yolanda Paraiso e Lygia Bogéa vieram a São Luís no fim de semana especialmente para participar da Festa dos Amigos, oferecida há 14 anos por Ana Lúcia e Mauro Fecury.
Quem igualmente circulou na cidade para a Festa dos Amigos, que teve show sensacional de Altemar Dutra Júnior, foi o atual prefeito de Parnaíba (PI), Mão Santa, e a primeira dama Adalgisa.
Depois de uma curta temporada em São Luís revendo os amigos, a paraense-maranhense Ana Lourdes Lobato Hoole regressa hoje a Londres, onde reside há mais de duas décadas. Ela foi às lágrimas no espetáculo “Cura”, de Deborah Colker.
Carlinhos Almeida e Mércia, que há mais de dez anos residem em Miami (USA), estão sendo esperados em São Luís esta semana para rever a família e os amigos. Daqui vão a Teresina visitar familiares dele.
Antecipando já as festas de Natal, Ana Lúcia e Amaro Santana Leite viajaram para São Paulo no fim de semana. Foram visitar os dois filhos dele, Alan e Alex mais as esposas e os filhos.
Saiba Mais
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