Roda de Leitura

Prosa de Maria Firmina dos Reis, precursora da literatura afro-brasileira, conduz novo encontro da programação Roda de Leitura

Ela é a primeira mulher negra a publicar um romance no Brasil.

Na Mira, com informações do Itaú Cultural

Atualizada em 27/03/2022 às 11h01
Maria Firmina é considerada um caso único na história e na cultura brasileira.
Maria Firmina é considerada um caso único na história e na cultura brasileira. (Foto: André Valente / BBC)

SÃO LUÍS - A prosa da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917). Precursora da literatura abolicionista e fundadora da literatura afro-brasileira, é dela o conto 'A Escrava', que conduz esse novo encontro da atividade, mediada por Ana Estaregui e Renata Pimentel, consultoras da programação. A conversa acontece pela plataforma Zoom e a inscrição deve ser feita gratuitamente clicando aqui.

O Roda de Leitura ocorre virtualmente a cada 15 dias, com a proposta promover um momento de troca entre pessoas de diferentes partes do país interessadas em leitura. Os textos a serem trabalhados – que se alternam entre prosa e poesia – são escolhidos a partir do acervo da Biblioteca Itaú Cultural e ficam disponíveis aos participantes uma semana antes do encontro, por meio de inscrição.

'A Escrava' mostra o combate à escravização que caracteriza a escrita desta autora, primeira mulher negra a ter um romance publicado no país. No texto, uma narradora-personagem conta sobre seu enfrentamento com um senhor de escravos, no ambiente hostil de uma reunião social, no qual ela desafia o sistema para proteger uma mulher escravizada e seu filho.

Maria Firmina é considerada um caso único na história e na cultura brasileira. Embora tenha ganhado luz nas últimas décadas como um ícone de resistência, ela se estabeleceu culturalmente na sociedade patriarcal e escravista brasileira do século XIX.

Sobre a autora

Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís, Maranhão, em 1822, filha de mãe branca e pai negro. Foi a primeira mulher a ser aprovada em um concurso público no estado para o cargo de professora primária. Com o próprio salário, sustentava-se em uma época em que isso era incomum e até mal visto para mulheres.

Oito anos antes de a Lei Áurea ser assinada, criou a primeira escola mista para meninos e meninas, que não chegou a durar três anos, tamanho escândalo que causou na cidade de Maçaricó, em Guimarães (MA), onde foi aberta. Com alguma notoriedade em seu tempo, ela não era exatamente uma pária social, mas sendo mulher, negra e combativa em suas ideias antiescravistas, enfrentou obstáculos, críticas e silenciamento.

Sua obra mais conhecida é o romance abolicionista Úrsula. Publicada em 1860, a obra ficou sem ter o devido reconhecimento até 1962, quando foi recuperada pelo historiador paraibano Horácio de Almeida. Só em 2018 o romance foi republicado no Brasil, pela Penguin e a Companhia das Letras.

Mais informações sobre a escritora podem ser consultadas no verbete dedicado a ela na Enciclopédia Itaú Cultural.

As consultoras

Ana Estaregui é poeta formada em Artes Visuais pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), e mestre em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC-SP. É autora dos livros Chá de Jasmim (Patuá, 2014) e Coração de Boi (7Letras, 2016), ambos contemplados pelo ProaC de Poesia, sendo o último finalista do Prêmio Alphonsus de Guimaraens da Biblioteca Nacional, em 2017. Em 2018, recebeu o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura na categoria poesia. Colabora no conselho editorial da Revista Intempestiva e realiza oficinas livres de criação em escrita e arte. Ministra o curso Encruzilhadas: poesia e artes visuais - como pensar poéticas de procedimento? no MAM, Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Renata Pimentel é graduada em Letras, com Mestrado e Doutorado em Teoria Literária pela UFPE. Desde 2010 é professora de literatura na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Publicou Uma lavoura de insuspeitos frutos (ed. Annablumme, São Paulo, 2002); Copi: transgressão e escrita transformista (ed. Confraria do Vento, 2011); Da arte de untar besouros (poesia, ed. Confraria do Vento, 2012) e Denso e leve como o voo das árvores (poesia, ed. Confraria do Vento, 2015). Tem formação também em dança clássica e teatro: atua nas áreas criativas da dramaturgia em dança contemporânea e artes da cena, escreve dramaturgia para teatro e roteiro para audiovisual, além de atuar e trabalhar com curadoria e pesquisa em artes visuais. Foi colunista do JC on-line e da Revista e site Outr@s Crític@s.

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