Dicas de Saúde

Você já ouviu falar em mieloma múltiplo?

Seu diagnóstico, muitas vezes, se torna tardio, o que pode prejudicar a resposta ao tratamento.

Na Mira

Atualizada em 27/03/2022 às 11h24
(Foto: Reprodução/Internet)

A doença, que atinge quase 230 mil pessoas ao redor do mundo, de acordo com a International Agency for Research on Cancer (IARC), é um tipo de câncer raro, mais frequente na terceira idade, que afeta a medula óssea. Por não ter um padrão de crescimento e sintomas que podem ser confundidos com outras enfermidades, seu diagnóstico, muitas vezes, se torna tardio, o que pode prejudicar a resposta ao tratamento.

Aproximadamente, 114.000 novos casos de mieloma múltiplo são diagnosticados anualmente no mundo, de acordo com a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer. Já no Brasil, segundo o Instituto Oncoguia, por ano, estima-se que 7.600 brasileiros recebem o diagnóstico doença. Em entrevista ao Na Mira, o hematologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ângelo Maiolino, explica quais os sintomas, como diagnosticá-lo e conheça as opções de tratamento para manter a doença sob controle.

Por que o mieloma múltiplo causa dores e fraturas ósseas? Um sintoma importante nos pacientes também é a fadiga. Ao que está relacionado este sintoma?

As células do mieloma não produzem anticorpos funcionais, que geralmente são “fabricados” pelos plasmócitos sadios. Ao invés disso, produzem uma imunoglobulina anormal, que é conhecida como “proteína monoclonal”. Dessa forma, esse desvio do sistema imunológico resulta em uma produção reduzida de anticorpos normais necessários para combater infecções, o que causa efeitos locais na medula óssea, incluindo a redução na produção de células sanguíneas e dano ao osso circundante. Os resultados líquidos disso são muitas das características comuns do mieloma, como anemia (que provoca fadiga e fraqueza), predisposição a infecções, dor óssea, fraturas ósseas e cálcio sanguíneo elevado.

Que recomendações são importantes aos pacientes para protegerem-se das fraturas?

A orientação deve ser sempre do hematologista que está conduzindo o caso. Caso julgue necessário, ele encaminhará o paciente ao ortopedista ou fisioterapeuta, que por sua vez podem indicar exercícios e/ou práticas necessários na prevenção dessas lesões.

O ideal é que o paciente não se coloque em situações que exijam muito esforço físico, por exemplo, e evite lugares muito cheios. Existem também alguns tratamentos que ajudam a prevenir as fraturas, porém devem ser receitados por um médico, de acordo com o quadro do paciente.

Como os pacientes podem evitar o sintoma? Há medidas para o dia a dia?

Para minimizar os sintomas da doença e evitar a progressão, existem algumas possibilidades/linhas de tratamentos e medicamentos, que devem ser definidos junto ao médico, que pode ser um oncologista ou hematologista. Além disso, é importante manter um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada e prática de exercícios físicos, que serão discutidos a seguir, além de manter uma boa saúde mental e o sono regular.

À medida do possível, recomenda-se também reduzir ou eliminar o estresse no trabalho, família ou situações sociais. Além disso, evitar multidões o máximo possível e lavar as mãos com frequência, protegendo o sistema imunológico.

E a alimentação, pode ser uma aliada do paciente para a minimização da fadiga? Há nutrientes indicados para isso?

Medidas de suporte são importantes aliadas durante o tratamento do paciente, contribuindo no controle de sintomas e melhor qualidade de vida. Com relação à alimentação, nenhuma dieta específica foi desenvolvida para pacientes com mieloma, porém, essa é uma área de constante pesquisa. Em geral, as recomendações são as mesmas que as dados a pacientes com outras doenças, como as cardíacas e/ou o câncer em geral (como o de mama). Porém, é sempre importante checar previamente com o médico qual alimentação deve ser seguida, pois cada caso é um caso.

Dois pontos merecem atenção:

- Vitamina C: Altas doses ( >1000 mg/dia) podem ser contraproducentes no mieloma e aumentar o risco de dano renal.

- Fitoterápicos e suplementos vitamínicos: Alguns suplementos podem impedir que os tratamentos funcionem efetivamente. As interações entre medicamentos/suplementos também pode criar sérios problemas médicos. Por isso, antes de iniciar o consumo dessas vitaminas, é essencial consultar o médico.

A atividade física também pode ser indicada para se minimizar ou evitar a fadiga?

O uso precoce de medidas de cuidado de suporte é tão importante quanto iniciar a terapia medicamentosa de primeira linha. Além do controle de sintomas específicos, uma gama completa de medidas de suporte é muito importante, o que inclui a atividade física.

É importante reforçar que os pacientes devem verificar com seus médicos para esclarecer se a plena atividade física é viável ou se ajustes precisam ser feitos devido à doença óssea e/ou áreas particulares de dano ósseo. Geralmente, alguma atividade física pode ser planejada, como caminhada ou natação, exercícios de flexibilidade e força e/ou um programa de yoga personalizado.

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