Madura

Crítica musical: O Tudo Tanto, de Tulipa Ruiz

O segundo álbum, disponibilizado para download, mostra uma artista mais madura musicalmente.

Lizandra Pronin/Território da Música

Atualizada em 27/03/2022 às 12h18

Entre a MPB e o indie, a cantora Tulipa Ruiz encontrou seu lugar ao sol. E essa praia em Tudo Tanto, o novo disco de Tulipa, tem direito a psicodelia tropicalista, riffs de guitarra e brincadeiras com a voz.

Filha do guitarrista, produtor e crítico musical Luiz Chagas, da Banda Isca de Polícia, Tulipa sempre esteve envolvida com a música. Mas começou a carreira de forma relativamente tardia, aos 30 anos. Ela foi uma das artistas que colocou suas músicas no hoje quase falecido MySpace e de repente se viu cheia de convites e fãs.

O disco de estreia, Efêmera, saiu em 2010 e fez a cantora famosa, levando-a a tocar inclusive fora do Brasil. É claro que toda essa exposição resultou em pressão e expectativa para o segundo álbum.

Com 11 canções que totalizam 44 minutos, Tudo Tanto é um passo adiante na carreira da cantora. Tulipa não ficou vivendo da inércia do sucesso do disco de estreia. Ela ousou, experimentou. E isso é um acerto mesmo se o resultado não for lá aquelas coisas. No caso de Tudo Tanto, o resultado é ótimo.

Fáceis

Algumas canções são "fáceis", por assim dizer, como É, mas não são exatamente canções pop. Tulipa mostra mais. Quando abusa dos agudos, como em Víbora, pode não agradar a todos - muitos se lembrarão de Tetê Espíndola nesse momento. O mesmo vale para os gritos a lá Yoko Ono de Like This. Mas o desespero que a interpretação revela na primeira e o inusitado que choca na segunda criam a personalidade única da artista.

Essa interpretação, a forma como às vezes pronuncia os erres - nos versos "E deixa ela passar por sua goela / E transbordar da boca" de "Cada Voz", por exemplo - e a maneira como explora temas cotidianos mostram uma Tulipa livre.

O repertório tem muitos destaques. Tudo Tanto é o tipo de álbum que precisa ser ouvido muitas vezes e é provável que suas favoritas mudem depois de algumas boas audições. Agora, eu citaria É, Quando Eu Achar e Dois Cafés. Vale mencionar que esta última conta com vocais e guitarra de Lulu Santos. O disco, aliás, traz outras participações, entre elas: Mauricio Takara (Chocotones), Kassin, Gustavo Ruiz (seu irmão), Luiz Chagas (seu pai) e o rapper Criolo.

A cantora, que estreia como artista plástica em exposição de gravuras, liberou o download gratuito do segundo disco em seu site oficial. Tudo porque o álbum de estreia havia vazado e Tulipa achou um absurdo que a qualidade da versão pirata fosse tão ruim.

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