Crítica

Linkin Park recupera aura roqueira em Living Things

Grupo, que volta ao Brasil em outubro, resgata o nu metal em novo álbum.

Gustavo Sampaio/Na Mira

Atualizada em 27/03/2022 às 12h19

NA MIRA - Metal alternativo. Rap Rock. Nu Metal. Diversas foram as denominações para alguns grupos que, no fim dos anos 90, mesclavam elementos do rock alternativo, do hip-hop e da música eletrônica. Mais de uma década depois, boa parte dos grupos se esquivou desta múltipla sonoridade, ora se consolidando ao som eletrônico (o Korn, por exemplo, em seu último álbum The Path of Totality), ora se firmando na base do metal (como o Slipknot).

Outros, entretanto, buscaram canções mais alternativas, anulando, por vezes, a verve roqueira e barulhenta do nu metal. Neste caso, o Linkin Park se encaixa muito bem. Foram dois grandes álbuns fincados na sonoridade ‘metaleira eletrônica’ (o excelente Hybrid Theory de 2000 e o ótimo Meteora de 2003). Porém, nos seus sucessores, a sonoridade resumiu-se em canções mais pops e alternativas.

 Chester Benington retorna à todo vapor em novo disco
Chester Benington retorna à todo vapor em novo disco

Pensando desta forma, ficaria difícil acreditar em um regresso às origens por parte da banda. Felizmente, as mudanças vieram, e o grupo, ainda que não inteiramente, juntou, em único álbum, os diversos elementos que utilizava nos debuts anteriores.

Living Things, o quinto disco do grupo californiano, é pura energia, do começo ao fim, equilibrando desde a agressividade de Chester Bennington nos vocais, à mixagem de Joe Hahn e às rimas de Mike Shinoda. Lost In The Echo, faixa que abre o álbum, lembra os bons momentos de Meteora, quando o sexteto acertava em cheio na sonoridade ‘rock + hip-hop’, lembrando canções como Don’t Stay e Easier To Run.

 Cena do videoclipe da canção Burn It Down
Cena do videoclipe da canção Burn It Down

In My Remains, segunda do disco, permite ao grupo transitar entre a agressividade metaleira e a calmaria alternativa, sem soar datado ou aquém do que poderia produzir. Burn It Down, que vêm logo em seguida, confirma a capacidade dos californianos em sempre acertarem em suas primeiras músicas de trabalho.

E assim segue. Em todo o percurso de Living Things, Chester e companhia se apresentam como se comprovassem que vinham errando e (re) encontraram a formula do grupo. Lies Greed Misery, talvez a melhor deste disco, é uma versão agressiva e aperfeiçoada de Waiting For The End, do disco anterior. Agressividade esta que permeia em toda a faixa Victimized, um punk rock de fácil audição. Castle Of Glass, entretanto, pode, depois de um minuto e meio de audição, causar estranheza, mas é um belo ‘folk eletrônico’, e uma grata surpresa ao repertório do grupo.

 Linkin Park em apresentação na Europa em 2010
Linkin Park em apresentação na Europa em 2010

Os pontos fracos do disco concentram-se nas canções Roads Untraveled, por assemelhar-se às fraquezas dos discos anteriores (como em Shadow Of The Day) e em Skin To Bone, extremamente enfeitada por sintetizadores. Mas, ao ouvir o álbum por um todo, você pode recordar que muitos grupos avisam, meses antes do novo álbum sair, que ‘mudarão a sua sonoridade e farão algo totalmente novo e diferente’. Dessa vez, o Linkin Park cumpriu com o combinado, e quebrou o hiato, que já durava quase dez anos.

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