Amor pelo carnaval

‘Nosso Carnaval tem tudo para ser campeão’, diz Neguinho da Beija-Flor

Em entrevista ao Jornal O Estado do Maranhão, o sambista falou de sua vida na Beija-Flor.

O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 12h26

SÃO LUÍS – A voz marcante da Beija-Flor de Nilópolis representa muito bem a alegria e a simplicidade dos sambistas cariocas. Neguinho da Beija-Flor já venceu muitos carnavais com a escola azul e branco, que ano passado homenageou o Rei Roberto Carlos e garantiu a sua posição de majestade do maior espetáculo da terra, reinventado pelo maranhense Joãosinho Trinta.

Recentemente, Neguinho, como de costume, deu um show no Baile de Gala do Maranhão, ao lado de suas mulatas, da rainha de bateria, Raíssa Oliveira, e do casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação, e Claudinho e Selminha Sorriso, nos salões do Pestana São Luís Resort Hotel. Antes da apresentação, nas dependências do próprio hotel, ele conversou com O Estado sobre a homenagem da escola a São Luís e um pouco sobre a sua vida na azul e branco.

O Estado - Qual a expectativa para o desfile da Beija-Flor?

A expectativa é a melhor possível, já que a Beija-Flor, todas as vezes que o tema é sobre um estado, há uma grande possibilidade de a escola se sagrar campeã. Foi assim quando se falou de Manaus, Belém, Macapá, Porto Alegre e ano passado, fugindo à regra, de Roberto Carlos. Agora, São Luís do Maranhão, com sua beleza, sua magia, terra de Alcione, de Joãosinho Trinta. Logo, nosso Carnaval tem tudo para ser maravilhoso e campeão. Eu andei sondando no barracão e em termos de alegoria e beleza, a Beija Flor está imbatível. O samba está perfeito e a expectativa é de que façamos um excelente desfile.

O Estado - Qual será a homenagem pessoal de Neguinho da Beija Flor para Joãosinho Trinta?

A minha homenagem para Joãsinho Trinta é o agradecimento por ele ter me dado a oportunidade de ser a pessoa que eu sou hoje, eu e a Pinah, pois ele foi o nosso criador. A homenagem será o samba que ele me pediu para fazer, que foi a Deusa da Passarela, o Hino da Beija Flor, e o Ratos e Urubus, Rasguem a Minha Fantasia. Vou cantar na hora do "esquenta", antes de iniciarmos o desfile propriamente dito.

O Estado - O que você pode adiantar sobre a reedição da alegoria Ratos e Urubus?

Essa foi uma alegoria do desfile de 1989 e haverá uma pequena réplica que até para mim está sendo segredo. É algo que o Laíla está preparando e nem eu, sendo amigo dele há quase 40 anos, não tive acesso, até porque ando com o microfone e isso poderia estragar a surpresa. Foi o que ele me disse.

O Estado - E o que você pensa sobre São Luís e o Maranhão?

São Luís é uma cidade muito especial para nós da raça negra. A primeira vez que o negro chegou ao Brasil, veio para o Maranhão, e não para a Bahia, como muito gente pensa. O Maranhão tem tudo a ver com o desenvolvimento cultural do país. E daqui saíram Joãosinho Trinta, Alcione, Dilú Melo, Catulo da Paixão Cearense, e muitas outras personalidades.

O Estado - E como será para você começar o desfile cantando uma música maranhense?

Vou cantar o trecho introdutório, uma música maranhense, para anunciar que vamos falar sobre São Luís do Maranhão. Será um momento muito especial.

O Estado - Existe algum ritual antes da apresentação?

O nervosismo sempre há. Uma vez eu perguntei ao Roberto Carlos sobre isso e ele me disse que acontece com ele também. Sempre me dá uma dor de barrica (risos).

O Estado - Qual foi um ano pitoresco da Beija Flor?

Foi o ano do O Mundo é uma bola, quando a Beija-Flor desfilou com água pelo joelho, pois chovia muito, e eu tomei vários choques. Isso foi na década de 1980. Tomara que não aconteça nunca mais (risos).

O Estado - E o Carnaval inesquecível?

Foi o do Ratos e Urubus, que até hoje a família Beija-Flor lamenta não ter ganhado.

O Estado - Se o Neguinho da Beija Flor não fosse da Beija Flor, para qual escola ele torceria?

Eu seria evangélico (risos).

Grupos folclóricos se aquecem para o desfile

Os grupos folclóricos que desfilarão na Beija-Flor, na madrugada de segunda-feira, estão ansiosos para o grande dia, quando terão a oportunidade de mostrar para o mundo a beleza de suas indumentárias e as danças típicas dos grupos que brilham no Maranhão nas noites de São João e no Carnaval. As coreografias serão as mesmas, porém em ritmo de samba.

Ontem, a caravana do Boi de Nina Rodrigues, coordenada por Concita Braga, embarcou para o Rio de Janeiro e às 6h da manhã de hoje foi a vez dos integrantes do Boi de Morros, comandados pelo amo Lobato e a diretora-geral, Clarissa Lobato. Todos já estão na Cidade Maravilhosa.

Além deles, desfilarão integrantes do Boi da Maioba, Barrica, Maracanã e Axixá, além de representantes dos terreiros de umbanda do Maranhão. Para José Inaldo Ferreira, presidente do Boi da Maioba, a expectativa é a melhor possível. “O bumba-meu-boi vai estremecer a Marquês de Sapucaí. Temos trabalhado para que façamos o melhor em prol da nossa cultura”, disse.

Do Boi da Maioba, serão 30 integrantes compondo a ala. Todos caboclos de pena, além do cantador Chagas, que vai como amo principal, e de José Inaldo, que coordenará o grupo na avenida.

As fantasias foram todas reformadas para fazer bonito no Rio de Janeiro. “Não tenha dúvida que vamos mostrar um pouco do que tem o São João do Maranhão e lutar pelo título”, complementou Inaldo.

Maracanã - De acordo com Maria José Soares, presidente do Boi de Maracanã, o grupo vive uma expectativa muito grande, ansiedade e grande responsabilidade também.

“Estamos a mil por hora. São 30 integrantes do Boi de Maracanã: caboclos de pena, miolo, vaqueiro e o cantador Humberto do Maracanã. Fizemos toda uma preparação para o desfile. A comunidade está toda envolvida. Nós passamos muitos dias cuidando das indumentárias, porque a gente teve que desmanchar para fazer tudo novo”, informou Maria José Soares.

A Liga Independente de Bumba-meu-boi do Maranhão deu todo o apoio para os grupos que participarão do desfile. “Acredito que será uma festa muito bonita”, disse a presidente do Boi de Maracanã, um dos mais tradicionais do Maranhão.

Conforme Lobato, do Boi de Morros, a caravana ficará no Rio de Janeiro até o desfile das campeãs. “Acreditamos que a Beija-Flor vai ganhar, mas independentemente disso, ela estará entre as campeãs, e o nosso carro-alegórico não poderá passar vazio”, disse, haja vista que os bailarinos do Boi desfilarão sobre um gigantesco carro-alegórico.

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