Carnaval

Roberto Carlos vai acompanhar de perto enredo da Beija-Flor

Carnavalesco diz que o Rei se propôs a ter reuniões com compositores.

Alícia Uchôa, G1

Atualizada em 27/03/2022 às 12h55

RIO DE JANEIRO - Parafraseando a frase do homenageado do próximo carnaval, integrantes da escola de samba Beija-Flor são categóricos ao afirmar que estão “vivendo este momento lindo” da escolha de Roberto Carlos para enredo em 2011. Em contato direto com o Rei, a ideia é que tanto o samba quanto o desfile contem sua história baseada nas músicas dos seus 50 anos de carreira.

“Será que eu posso proporcionar um enredo bom o bastante pra minha escola ser campeã?” - essa foi a primeira frase do cantor ao saber do convite, que resultou num encontro de mais de duas horas com membros da escola.

“Não são as particularidades do Roberto que vão pra Avenida, mas a alma dele. A forma dele de encarar o amor, a ecologia, a religiosidade. Vamos montar um perfil através da música”, conta o carnavalesco Alexandre Louzada, lembrando que a ideia surgiu quando o Rei convidou a escola para participar do cruzeiro Emoções em Alto Mar, há mais de um ano.

Depois da Jovem Guarda, da fase mais romântica, das músicas de cunho religioso, Roberto Carlos, quem diria, vai cair no samba. Pelo menos já há promessa do próprio de compor um samba exaltação para a Beija-Flor. A escola, aliás, tem as cores preferidas do cantor: azul e branco.

“Ele se propôs a ter uma conversa com os compositores. Vamos usar frases, títulos de músicas, uma coisa popular. Ele até sugeriu refrão, mas aí falou logo: ‘Eu não posso compor um samba pra mim mesmo’. Tudo vai passar por ele”, avisa Louzada.

De acordo o carnavalesco, foi perguntado ainda ao Rei sobre a música “Quero que Tudo Vá Pro Inferno’’, que ele, segundo reza a lenda, já não canta pra não dar azar. “Eu perguntei sobre a palavra inferno e ele brincou comigo: ‘Ah, ‘Quero que Vá Tudo...?’. Achei que só essa frase incompleta já dá uma ala”, avisa.

TOC

Em tom descontraído, a conversa falou ainda do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), vivido pelo cantor. “Ele brinca com isso e chegou a dizer: ‘No dia em que me livrar disso, vou dar uma festa pro Brasil inteiro’”.

Louzada tem entre os enredos da carreira o que homenageou Chico Buarque, na Mangueira, em 1998. “Pra mim, Roberto está no mesmo patamar, mas com uma popularidade muito superior. A geração cinquentona vai ocupar todos os lugares da Marquês de Sapucaí. Vamos ser a miss simpatia desse concurso, com mais gente pra oferecer flores do que pra jogar pedras”, sintetiza o carnavalesco.

Descobrindo um ídolo

Admitindo que não era um fã ardoroso do Rei, Louzada conta que dia a dia vem se encantando com sua história. “É só começar a pesquisar as músicas dele, que você percebe que ele fez parte da sua vida de uma forma ou de outra, seja com os pais ouvindo ou com as lojas tocando o disco no Natal. Nem sabia que ele era um ídolo pra mim, mas ficou visível.”

O enredo vai se chamar “Roberto Carlos: a simplicidade de um Rei”. “Ele é o cara. Se a gente tiver a capacidade de transpor a pessoa pra Avenida, este seria o grande barato. Quem somos nós pra ser súditos de um Rei tão simples?”.

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