Viana dá imortalidade a Estevão Maya-Maya

Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 14h44

SÃO LUÍS - O radialista Roberto Fernandes, apresentador do Ponto Final da Rádio Mirante AM, conversou com o poeta e músico José Estevão Maia, ou Estevão Maya-Maya, que no último sábado (23/05) foi empossado na cadeira 23 da Academia Vianense de Letras.

Nascido no povoado Pano Grosso, em Viana, Estevão Maya-Maya é filho de um cantador de toadas e de uma caixeira, o que desde cedo lhe colocou no caminho da música.

No ínicio da sua carreira ele se apresentava com o nome de Zé Baixinho e animava serestas, além de festas carnavalescas. Dono de uma vigorosa voz, Zé Baixinho foi apresentado ao padre João Mohana através do empresário José Pinheiro.

Admirado com a voz do vianense, o padre João Mohana recomendou sua vinda para São Luís com o objetivo de se aperfeiçoar na Academia de Música do Maranhão, hoje a Escola de Música Lilah Lisboa. Consagrado como artista, Zé baixinho adotou o nome de Estevão Maya-Maya e apresentou-se ao lado de nomes consagrados da música e do cinema, dentro e fora do Brasil.

Atualmente Estevão Maya-Maya é coordenador musical do recém-criado Museu Afro-Brasil, em São Paulo.

Leia a entrevista concedida ao Portal Imirante.com

Como começou sua afinidade com a música?

"Naturalmente, meus pais eram adolescentes quando fui gerado. Há no meu clã uma tradição de organização e produção de manifestações populares folclóricas, tais como Caixa do Divino, Bumba Meu Boi, Baile de São Gonçalo entre outras. Eu me criei neste ambiente, cujos parentes mais próximos eram uma espécie de patrocinadores e incentivadores destes eventos".

No início da carreira seu nome artístico era Zé Baixinho, por que a mudança para Estevão Maya-Maya?

"Quando o meu primeiro professor de canto, Bruno Wyzuj, mudou meu nome para Esteves. E eu, como militante e estudioso da cultura afro-universal, descobri que nas proximidades do aeroporto de Baseville (capital da república do Congo) habita uma etnia que leva o nome de Maya-Maya, cuja característica foi a resistência aos invasores e colonizadores. Esta tribo utilizava uma espécie de arco e flecha tipo um bumerangue na defesa do território".

O senhor também tem uma atuação na militância negra, como começou esse envolvimento?

"Meu principal envolvimento é em conseqüência da exclusão, no aspecto sócio-econômico brasileiro, que resulta no fenômeno perverso chamado racismo. Passei a utilizar, sendo vítima de discriminação, por tal processo, a militância não só como auto-defesa, mas como algo bem mais amplo. E essa militãncia ainda abrange a exigência e o respeito às oportunidades democráticas para todos os excluídos.

As reivindicações do Movimento Negro não pleteiam somente no aspecto étnico, mas quando se fala em Brasil, em preconceito racial, é o que combatemos exigindo justiça, respeito, dignidade, em suma, cidadania."

O que representou ser imortalizado pela Academia Vianense de Letras

"Geralmente quando se escreve um livro há uma introdução chamada de epígrafe. A minha 'epígrafe' foi escrita pelo meu descobridor, o poeta, músico, escritor, padre João Mohana. A 'epígrafe' dizia o seguinte:

'Estevão, é bonito ver alguém que veio do pó alçar vôo. Mas é mais bonito ver esse alguém alçar vôo e querer levar os outros consigo'.

Ser homenageado em uma instãncia de tal teor significa, para mim, não uma conquista individual, a participação desde os meus pais, dos amigos que me escutavam e aos que me deram oportunidades. Esta conquista é compartilhada como estes amigos e com o povo de Viana".

Estevão Maya-Maya conversa com o radialista Roberto Fernandes

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