Quasar 'dança' Elis Regina e Tom Jobim

Bianca Kleinpaul - Globo Online

Atualizada em 27/03/2022 às 14h47

RIO - Bem que as imagens da gravação do disco "Elis & Tom", de 1974, poderiam render um belo balé de Elis Regina ao microfone e Tom Jobim ao piano. E quem há de dizer que não haveria um balé inconsciente naquelas interpretações? A consagrada companhia de dança Quasar parece que materializou a performance destes dois monstros da MPB. Longe do clima do encontro da dupla que podemos ver em vídeos da época, o grupo goiano incorporou o lirismo das músicas daquele disco para criar seu novo espetáculo.

"Só tinha que ser com você" tem estréia no palco do Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro esta quarta-feira, dentro da programação do "Mês da dança: Em quatro movimentos", onde se apresentarão mais três companhias diferentes durante abril. O espetáculo, que poderá ser visto até domingo, ganhou este nome não só por causa do título de uma das canções do disco, mas por um motivo especial como explica o coreógrafo da companhia, Henrique Rodovalho.

- Depois do espetáculo "O+" (inédito no Rio) não queríamos discutir a relação com a dança, da renovação. Demos uma trégua e decidimos apenas dançar a música. Aí pensamos, qual música? Qual cantor? Qual disco? Precisava de um que traduzisse essa vontade e quando olhei "Elis & Tom" me ocorreu até o nome da música "Só tinha de ser com você". Só podia ser com este disco mesmo, pelo que ele representou e continua representar e pela qualidade das músicas.

No palco, nove bailarinos se revezam entre as 13 canções do disco. Elas são tocadas na íntegra e não seguem a mesma ordem. As coreografias se encaminham independentes e cada início de música é uma surpresa para o público. E não pensem em assistir um disco "espetacularizado". No palco não há personagens ou histórias dramatizadas.

- Qualquer coisa que colocasse nesse sentido poderia ficar óbvio em excesso. Trabalhamos em um universo paralelo, através de uma movimentação abstrata, são corpos em movimento - conta Rodovalho, à frente das coreografias do grupo desde 1988.

Das 13 músicas do disco, difícil o coreógrafo destacar alguma. São hinos da canção brasileira que continuam na mente dos brasileiros até hoje. Entre elas estão "Por toda minha vida", "Corcovado", "Retrato em branco e preto", "Pois é" e "Soneto da separação". Mas se há uma letra que mexe com a companhia é "Águas de março". Ela encerra a apresentação.

- O espetáculo tem andamento forte, emocional, e vem "Águas" encerrando. mas no sentido de relaxamento. São águas boas, não as da chuva de março.

Portanto, esqueçam aquele Quasar das músicas eletrônicas, das coreografias de "Versus" (1994), "Divíduo" (1998) e "Mulheres" (2000). A força e a velocidade destes espetáculos saem de cena e entram a leveza que a música brasileira é capaz de oferecer.

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