Brasília terá sambódromo projetado por Niemeyer

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 15h08

BRASÍLIA - A história do carnaval de Brasília não se resume ao bloco Pacotão. Com 17 escolas de samba, sete blocos de embalo e três blocos de samba de acesso, a capital já sonha o seu sambódromo.

Sambrasília é o nome escolhido para o complexo, idealizado pelo Embaixador do Samba da cidade, Manoel Frederico Soares, o Brigadeiro, e projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.

Com os seus 82 anos, Brigadeiro é um dos personagens históricos do carnaval brasiliense. Funcionário do Ministério de Viação e Obras Públicas, veio transferido do Rio de Janeiro para a Brasília em 1974. Portelense, não pensou duas vezes antes de entrar para a ARUC, e hoje é o presidente de honra da escola.

No dia oito de dezembro de 1984, Brigadeiro sonhou que dentro do Parque da Cidade havia uma área onde eram realizados os desfiles das escolas de samba da cidade. "Se chamava Sambrasília. Quando acordei rascunhei o sambódromo o mais rápido que pude. Fiquei muito animado, a mensagem veio completa", conta.

Dois anos mais tarde, em 1986, quando era presidente da Liga das Escolas de Samba do Distrito Federal, Brigadeiro foi recebido pelo então governador do Distrito Federal, José Aparecido. Durante a audiência, o governador perguntou ao Brigadeiro sobre o que era preciso para melhorar o carnaval da cidade. "Respondi que faltava construir o Sambrasília", lembra. "O governador não entendeu e perguntou o que era Sambrasília. Expliquei para ele e mostrei o desenho mal feito que rascunhei. Depois de ver aquilo, o governador pediu que eu conversasse com quem entendia do assunto. Era o Oscar Niemeyer", lembra.

"Tive a felicidade de receber duas cópias do projeto que o Niemeyer fez para mim. O local já foi escolhido, vai ser entre o colégio militar e o autódromo", empolga-se. Perguntado sobre o que falta para o projeto ser executado, ele é enfático ao responder que "apenas boa vontade do governo".

Paulista, ex integrante da escola Vai-Vai, Moacyr de Oliveira Filho, o Moa, hoje é presidente da maior escola de samba de Brasília, a ARUC, e aposta no projeto do sambódromo. Moa diz, no entanto, que antes é preciso consolidar o carnaval de Brasília na agenda dos eventos turísticos da cidade. "É preciso persistência do governo, o que raramente houve por aqui", desabafa.

Nos 42 anos de carnaval, Brasília deixou de apresentar os desfiles de suas escolas de samba por quatro vezes: em 1981, 1994, 1995 e 2003. "Por causa disso o carnaval teve altos e baixos muito fortes. Quando começava a mostrar sinais de recuperação, vinha um ano que não tinha desfiles", lamenta.

Para superar a fama de cidade sem carnaval, Moa diz que Brasília precisa ser insistente. "Na década de 70, quando eu morava em São Paulo, o carnaval paulista era parecido com o de Brasília. Eles insistiram e conseguiram transformar aquilo no segundo maior carnaval do país", comenta.

A história do carnaval de Brasília se confunde com a história da ARUC - Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro. Primeira escola de samba da capital, a ARUC foi fundada em 21 de outubro de 1961 por um grupo de cariocas portelenses, no antigo bairro do Gavião, hoje chamado de Cruzeiro.

A primeira vitória da escola veio três anos mais tarde, em 1965, inaugurando um currículo que hoje acumula 25 títulos de campeã e 7 vice-campeonatos, superando sua madrinha Portela, maior vencedora do Carnaval no Rio de Janeiro.

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