Julgamento de Sean “Diddy” Combs teve inicio nesta segunda (5)

MUNDO - O julgamento de Sean “Diddy” Combs, de 55 anos, começou nesta segunda-feira (5), com a fase de seleção do júri no Tribunal Federal do Distrito Sul de Nova York. O artista e empresário enfrenta cinco acusações criminais, que incluem conspiração de extorsão, tráfico sexual e transporte para fins de prostituição, por crimes que supostamente ocorreram entre 2009 e 2024. O processo é esperado para durar pelo menos oito semanas, com as declarações iniciais programadas para o dia 12 de maio.

Combs se declarou inocente de todas as acusações e optou por não aceitar um acordo judicial. Se condenado, ele pode enfrentar penas que variam de 15 anos até prisão perpétua. 

Processo de seleção do Júri

A seleção do júri envolve 150 candidatos e deve levar três dias. Do total, serão escolhidos 12 jurados e seis suplentes. Durante esse processo, promotores e a defesa fazem perguntas específicas para avaliar as opiniões dos potenciais jurados sobre temas como estilo de vida sexual não convencional, o impacto da riqueza em julgamentos e a exposição a conteúdos relacionados a crimes.

Entre as questões abordadas, os jurados foram indagados sobre experiências traumáticas, percepções sobre o tratamento diferenciado de pessoas ricas pela justiça e sua capacidade de manter a imparcialidade diante de relatos sobre múltiplos parceiros sexuais e uso de substâncias ilícitas. A defesa argumenta que os atos sexuais em questão foram consensuais, inseridos em um “estilo de vida alternativo”, que inclui práticas de swingers. O advogado Marc Agnifilo, em uma audiência pré-julgamento, afirmou que esse estilo de vida é considerado comum por Combs.

Acusações e evidências

Segundo o Departamento de Justiça, Combs teria utilizado sua vasta rede de empresas para criar uma organização criminosa focada na exploração sexual. As acusações incluem violência física, coerção, ameaças, tráfico sexual e abuso de funcionárias e ex-namoradas, além do controle sobre empregados por meio de ameaças de demissão ou represálias.

Uma das testemunhas esperadas é a cantora de R&B Casandra “Cassie” Ventura, identificada como “Vítima-1” nos documentos do processo. Cassie alega ter sido traficada sexualmente por Combs entre 2008 e 2018, período em que estiveram em um relacionamento. Em um processo civil já finalizado, ela relatou ter sido forçada a participar de orgias com profissionais do sexo, enquanto era filmada e drogada com substâncias como ecstasy, ketamina, GHB e cocaína. Além disso, afirmou que Combs a agredia fisicamente quando ela se negava a obedecê-lo.

Relatos de violência e ameaças

Outros relatos indicam que Combs teria ameaçado e violentado diversas mulheres ao longo dos anos, incluindo um incidente em que utilizou um martelo para arrombar a porta de uma vítima. As acusações contra ele incluem sequestro, incêndio criminoso e trabalho forçado.

Este julgamento é o mais sério entre os vários episódios que envolvem o rapper. Em 1999, Combs invadiu o escritório de um executivo da Interscope Records, agredindo-o com uma garrafa e uma cadeira. Na época, ele fez um acordo judicial e completou um curso de controle da raiva. Também foi detido em 1999 após fugir de uma boate onde ocorreu um tiroteio, embora tenha sido absolvido das acusações. Em 2015, foi acusado de agressão com um peso de academia na Universidade da Califórnia, mas o caso foi arquivado.

Defesa

Apesar das graves alegações, a defesa de Combs argumenta que ele passou por reabilitação, buscou ajuda profissional e que teria se transformado. No entanto, uma investigação publicada pela Rolling Stone em janeiro contradiz essa narrativa, revelando que o rapper continuava a exibir comportamentos violentos e abusivos até sua prisão, mantendo esse padrão desde seus dias como estudante na Universidade Howard.

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