"Hoje é dia de rock, bebê!"

Dia Mundial do Rock: uma viagem pela história do rock maranhense

Entre depoimentos de artistas maranhenses e acontecimentos históricos sobre o estilo musical, saiba mais sobre a cenário dessa vertente no Maranhão.

André Nadler / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h02
Foto do público presente no festival 24 Horas de Rock, em 2015.
Foto do público presente no festival 24 Horas de Rock, em 2015.

SÃO LUÍS - "Hoje é dia de rock, bebê!". Ou melhor, ontem, amanhã e sempre, também. Nesta terça-feira (13), o Imirante.com vem com uma matéria um pouco diferente para homenagear o Dia Mundial do Rock e eu, Andre Nadler, vou assumir o comando desta reportagem para falar um pouco sobre um dos maiores estilos musicais de todos os tempos e mostrar um pouco sobre como essa vertente artística habita dentro da capital maranhense. Entre dias de luta e dias de glória, você vai embarcar em uma viagem com muitas histórias que comprovam que São Luís, cidade também conhecida como a Ilha Rebelde, possui uma forte veia rock n' roll e não fica atrás quando o assunto é guitarras distorcidas e atitude dentro do mundo da música.

Todavia, antes de começar a falar sobre o rock maranhense, é preciso explicar brevemente como surgiu essa expressão artística. Bem, esse estilo musical originou-se nos Estados Unidos na década de 1950 e antes de Elvis Presley. Mesmo sendo conhecido popularmente como o "Rei do Rock", essa vertente já era explorada por vários outros artistas antes dele, por exemplo, o lendário Chuck Berry e outros como Little Richard, Fats Domino e Bo Diddley, músicos negros que uniram ritmos que iam do jazz ao rhythm & blues (R&B) para dar os primeiros passos no que seria um dos segmentos musicais mais admirados de toda a história da música. É importante ressaltar que, por conta de sua pele branca, Elvis teve maior espaço midiático e conseguiu ser aceito pela sociedade conservadora americana no período de surgimento do rock n' roll, ou seja, desde o início o rock sempre foi envolvido por polêmicas e discussões, mas calma que é só o começo!

Chuck Berry, foi um cantor estadunidense, um dos pioneiros do gênero rock n' roll.
Chuck Berry, foi um cantor estadunidense, um dos pioneiros do gênero rock n' roll.

Foi na década de 1960 que o rock n' roll se tornou uma verdadeira febre. Com o surgimento do The Beatles, o grupo de maior sucesso de todos os tempos desse ritmo, o rock conquistou o mundo. Bob Dylan, The Rolling Stones, The Animals, The Who, Pink Floyd e The Doors foram outros nomes que ajudaram a espalhar o estilo pelo mundo naquela geração.

O termo rock n' roll, que pode ser traduzido como “balançar e rolar”, é derivado de uma espécie de gíria usada nas primeiras décadas do século XX, para referir-se ao ato sexual e que tinha ligação direta com a forma de dançar esse estilo musical.

Com o passar do tempo, o rock foi se tornando cada vez maior e lançando artistas que fizeram história no universo fonográfico. Do heavy metal ao punk, do grunge ao indie rock, vários subgêneros surgiram e com eles diversos grupos musicais famosos pelos quatro cantos do mundo.

E o tal do Dia Mundial do Rock?

Anualmente, o dia 13 de julho é usado para comemorar o "Dia Mundial do Rock", mas o que pouca gente sabe é que somente no Brasil essa data é comemorada. Até onde se sabe, a homenagem brasileira para o rock n'roll está relacionada diretamente ao megaconcerto beneficente Live Aid, que aconteceu no dia 13 de julho de 1985.

Realizado em 1985, o Live Aid contou com uma plateia de aproximadamente 82 000 pessoas.
Realizado em 1985, o Live Aid contou com uma plateia de aproximadamente 82 000 pessoas.

O Live Aid foi produzido com o intuito de combater a fome na Etiópia e teve a participação de artistas do rock como Led Zeppelin, Queen, David Bowie, Elton John, entre outros. Um dos pontos mais marcantes do evento, foi quando Phil Collins, um dos artistas que participaram do festival, declarou publicamente que a ideia era que o dia 13 de julho se tornasse o Dia Mundial do Rock.

Era uma vez no Maranhão...

Entre a década de 1980 e 1990 chegou a vez do rock maranhense criar suas raízes e por meio de bandas como Ácido, Lúgubre, Abalo Sísmico, Amnésia, Subúrbio, entre outras, a música pesada começou a montar a sua história dentro do Maranhão. Há também quem aponte que até mesmo nos anos 1970 bandas como Morcego Vermelho já produzia rock n' roll na capital maranhense, tocando músicas de artistas nacionais. Independente de quando realmente começou, a verdade é que a trajetória do rock em São Luís começou bem antes das redes sociais e das plataformas de streaming.

De acordo com Adalberto Jr. (Playmobil), integrante de bandas clássicas da cidade como Ânsia de Vômito e Cremador, o início do cenário desse segmento em São Luís lutou contra vários obstáculos para se manter vivo. "Naquela época os shows eram bem rústicos, mas a animação era muito grande porque os eventos eram pouco frequentes na cidade. Lembro que as pessoas curtiam como se não houvesse amanhã e apesar dos concertos contarem com aparelhagens pequenas e limitadas, a empolgação e força de vontade davam o tempero necessário para manter a cena vida.", comentou o músico.

Banda Ácido se apresentando em um dos festivais escolares de músico em São Luís.
Banda Ácido se apresentando em um dos festivais escolares de músico em São Luís.

Com eventos realizados em locais improvisados como o antigo "Coqueiro Bar" ou em outros pequenos bares da cidade, o rock em São Luís foi acumulando um público fiel e cada vez mais obstinado em expandir essa expressão artística pela região. Além desses pontos de show, os festivais escolares também ajudaram no surgimento de grupos musical na cidade, incentivando diversos jovens a entrarem no mundo música. Apresentações de bandas de rock em eventos como Festival de Música da Escola Técnica (Faet), do Marista, Dom Bosco e do Sírio tiveram grande repercussão na época.

Integrantes de bandas maranhenses no palco montado para a realização do São Luís Rock Show, no Coqueiro Bar.
Integrantes de bandas maranhenses no palco montado para a realização do São Luís Rock Show, no Coqueiro Bar.

Com o passar do tempo, as bandas foram se profissionalizando, as estruturas das casas de show evoluíram e os artistas do rock maranhense começaram a gravar suas músicas em estúdios com uma qualidade melhor. Adalberto Jr. também falou sobre as principais diferenças do cenário inicial para os dias atuais:

"Tecnicamente, hoje eu vejo que é tudo melhor do que naquela época. De alguma forma, sinto uma certa nostalgia, mas sei que melhorou muita coisa até porque hoje as bandas contam com mais recursos do que quando as coisas começaram por aqui. As tecnologias facilitaram as gravações e a divulgação dos materiais. Percebo que tem muita banda no páreo, disputando o lugar ao sol, portanto a busca por um trabalho bem produzido se torna uma meta a ser batida por quem surge hoje em dia."
Adalberto Jr.

Tu te lembra do Castelo do Rock, siô?

Com o crescimento do público e da quantidade de bandas na capital maranhense, o surgimento de um espaço dedicado somente para os fãs do rock n' roll se tornou uma necessidade. E foi pensando nisso que surgiu o famigerado Castelo do Rock, em meados de 2005.

O Castelo do Rock foi inaugurado na capital maranhense em 2005.
O Castelo do Rock foi inaugurado na capital maranhense em 2005.

Com um gárgula pendurado na porta e aglomerando vários jovens admiradores desse ritmo com seus visuais excêntricos, o Castelo do Rock costumava assustar os leigos que passavam pela frente do local. Criado pelo jornalista e músico Natanael Júnior, a casa de show era localizada na Praia Grande e abrigou muitos eventos importantes para a cena maranhense durante os seus dez anos de existência.

O guitarrista Márcio Glam explica que nessa época os eventos voltados para estilos como o Thrash Metal e Death Metal cresceram significativamente.

"No começo dos anos 2000, os shows ainda eram poucos, mas era perceptível que a cena estava crescendo. Vi muitos eventos no Creole Bar, Casino Maranhense e no Castelo do Rock com um público participando de forma assídua. Logo nos anos seguintes, as coisas foram ficando mais diversificadas e começamos a ver bandas de outras vertentes como o hard rock, por exemplo, participando do cenário da cidade."
Márcio Glam, guitarrista da Púrpura Inc e Vertigo

Mil tretas no Portal Underground

Com a chegada dos anos 2000 e da ascensão das redes sociais, o rock maranhense ganhou uma espécie de palco virtual que ficou conhecido por amontoar diversas tretas e fofocas envolvendo os músicos e bandas de São Luís. Muito antes do termo "fake news" ser usado popularmente, já era possível encontrar usuários anônimos no extinto Flogão "Portal Underground" atuando com essa prática nos comentários.

O Flogão saiu do ar oficialmente dia 24 de junho de 2019.
O Flogão saiu do ar oficialmente dia 24 de junho de 2019.

É importante ressaltar que o intuito da página era divulgar entrevistas e trabalhos dos artistas roqueiros do Maranhão, mas acabou se tornando um ambiente hostil e repleto de confusões. Mas o que seria do rock n' roll sem polêmicas?

"A cena de São Luís vem crescendo muito nos últimos 10 anos, com lançamentos de muitos álbuns muito bons e shows de primeira qualidade, bandas que vêm ganhando reconhecimento nacional e internacional com som feito aqui, nos bairros da própria cidade. Uma parte dos fãs de rock e metal da cidade, assim como produtores de eventos, ainda precisam valorizar mais essa produção, ir mais aos shows, conhecer de verdade o som das bandas, mas é sempre bom olhar pra trás e ver que evoluímos daquela época pra hoje."
Patrick Abreu, vocalista da banda Gallo Azhuu

Nesse mesmo momento, aproveitando o espaço dos sites como Orkut e Flogão, grupos como Página 57, Mr. Simple, Cartahoc e The Mads ganhavam a atenção do público, que começava a conhecer o rock maranhense na esfera digital e era encaminhado para os shows por meio das divulgações feitas nesses endereços eletrônicos.

Metal Open Air: sonho ou pesadelo?

O ano era 2012 e São Luís se tornava a Ilha do Rock após confirmar o que seria sede do maior festival de metal do Brasil. Realizado entre 20 a 22 abril de 2012 no Parque Independência, o Metal Open Air (M.O.A) foi anunciado com mais de 40 bandas e prometia ser um evento aos moldes do evento alemão Wacken Ope Air.

Após muita confusão, shows cancelados, condições precárias para o público e diversos contratantes reclamando que os pagamentos não teriam sido efetuados, o Metal Open Air se tornou um caso judicial e foi noticiado pela imprensa de todo o país. Saindo de ser o maior encontro de roqueiros da América Latina para se transformar em um fiasco, o festival contou apenas com 13 bandas se apresentando e gerou uma avalanche de memes.

O principal responsável pela produção, Natanael Júnior, entrou na Justiça para provar que foi vítima de um golpe aplicado pelo seu parceiro no projeto, o produtor Luiz Felipe Negri, e que o descumprimento contratual de Negri acabou gerando o fracasso do evento.

"Cumpri com todas as minhas obrigações, e o Ministério Público já reconheceu isso, mas admito que errei. Era um festival muito grande para São Luís, em termos de logística. Passagens aéreas escassas, cidade sendo reta final de linha. Sonhei alto demais, mas não houve irresponsabilidade financeira. Comprovei com notas que paguei todas as despesas, todos os fornecedores. Contratei 269 homens de segurança, 260 banheiros químicos, dez contêineres com dez chuveiros cada um."
Natanael Jr., produtor do M.O.A

É importante ressaltar, que apesar do M.O.A ser visto como uma produção fracassada pela mídia e para muitas pessoas de outras regiões, é indiscutível que o surgimento do festival fez com que o público da música pesada crescesse de forma considerável. Além disso, a quantidade de bandas aumentou na cidade e a música autoral se tornou mais forte nesse mesmo período em São Luís.

Do Maranhão para o mundo

A partir de 2012, logo após o Metal Open Air, uma nova geração de bandas surgia para provar que o Maranhão era bem mais que um festival mal sucedido. No primeiro momento, nomes como Jackdevil, Fúria Louca, Royal Dogs e outras bandas começaram a sair da região para tocar em festivais e shows por todo o Brasil. Agora com gravadoras distribuindo os discos autorais dos artistas do rock maranhense, com turnês profissionais e elogios feitos por grandes nomes do rock nacional, as bandas do Maranhão colocavam o estado no mapa da música pesada brasileira, sem deixar nada a desejar para os grupos do Sudeste e Sul.

A banda Fúria Louca foi pioneira no hard rock maranhense e excursionou por várias cidades do Brasil.
A banda Fúria Louca foi pioneira no hard rock maranhense e excursionou por várias cidades do Brasil.

Já por volta de 2015, os festivais de música autoral como o Revolution Rock e o Metal Force Day agrupavam um número expressivo de bandas e lançavam grupos novos a cada edição. Alchimist, School Thrash, Smokin' Kills, Orr, Hot Drink e Love n' Hell foram algumas bandas que surgiram durante esse período.

Em 2015, o Jackdevil se tornou a primeira banda de rock maranhense a fazer uma turnê internacional, ao lado dos ingleses do Onslaught.
Em 2015, o Jackdevil se tornou a primeira banda de rock maranhense a fazer uma turnê internacional, ao lado dos ingleses do Onslaught.
"Contando apenas a experiência do Jackdevil, posso dizer que trabalhar com música no Maranhão é um grande sufoco que somente se compensa pela presença de um público muito fiel. Mas não há o que reclamar. A realidade atual das bandas supera a visão retrógrada de que, como em um conto de fadas, um produtor surgirá do nada e vai mudar sua vida e transformar a sua banda. Hoje já se observa a maturidade da cena em saber que as bandas são detentoras de toda a direção artística e financeira de seus trabalhos e que o quão longe chegarão depende unicamente de sua força de vontade e capacidade de resistência. A notabilidade da cena do rock maranhense é visível quando descrita por pessoas de outros Estados. É muito comum enxergarem a música pesada do Maranhão como uma construção coletiva, como de fato sempre foi. Dos anos 80 até os dias atuais observamos grupos fomentando as mais variadas vertentes do rock/metal e realizando os mais ousados projetos musicais por aqui. Também se pode destacar que por conta dessa rica produção de música pesada a cidade de São Luís acabou por se consolidar como uma rota almejada pelas bandas internacionais que fazem turnês na América Latina."
Renato Speedwolf, baixista do Jackdevil

Representatividade na cena

Criado para ser um estilo que pudesse abrigar as pessoas que não se encaixavam nos padrões sociais e pregando a liberdade de expressão e a diversidade, o rock n' roll ainda resiste contra o preconceito e a descriminação e vem abrindo mais espaços para discutir sobre temas que por muitas vezes passam desapercebidos pela grande maioria que habita dentro da cena como uma maior presença de pessoas negras, mulheres, LGBTQIA+ e até mesmo o acesso a população mais pobre ao estilo.

Em uma sociedade que pretende corrigir os erros do passado e se tornar mais humanizada, é necessário que haja mais representatividade, de todas as formas, dentro desse estilo musical. Sobre isso, o músico Fernando "Hell" Moreira explica que a evolução nesse cenário ainda é pequena e que é necessário mais atenção, tanto dos artistas quanto do público que consome a vertente.

Fernando Moreira é músico da cena maranhense há 13 anos.
Fernando Moreira é músico da cena maranhense há 13 anos.
"Como artista preto e bi/pansexual assumido, digo que com certeza houve alguma evolução, mas ainda tímida. Há alguns debates, mas falta a gente reunir essa galera que foi jogada pra escanteio e começar a tomar de assalto alguns espaços. A gente tem que começar a entender que para nós - pretas e pretos da periferia do terceiro mundo - combater o racismo no rock é advogar por nós mesmos e tomar o protagonismo do cenário brasileiro."
Fernando "Hell" Moreira, bateristas das bandas Glock Adventure e Crash The Coven.

A música de protesto

Para fazer jus ao nome "Ilha Rebelde", São Luís vem lançando bandas que usam o rock como forma de protestar e falar sobre assuntos que, por muitas vezes, não são abordados por artistas de outros estilos vistos como mais midiáticos.

No Brasil, a música de protesto ganhou destaque durante o período da ditadura militar e em meados de 1964 movimentos musicais encontraram na arte uma forma de criticar o sistema e chamar a atenção da população para a luta contra a repressão vivida naquela época. Após algumas décadas e vivendo um momento de crise econômica e no sistema de saúde por causa da pandemia do novo coronavírus no país, a música como veículo de informação e instrumento de protesto se torna tão essencial quanto na geração que foi assolada pelo autoritarismo imposto anteriormente por aqui.

Em 2021, com o crescimento do conservadorismo, do surgimento da cultura do cancelamento e das redes sociais descartando conteúdos de forma cada vez mais passageira, muitos grupos maranhenses ainda seguem a raiz punk do rock n'roll e continuam a usar suas músicas com o intuito de mostrar os problemas sociais.

Adriano Texugo faz parte das bandas Basttardz e School Thrash.
Adriano Texugo faz parte das bandas Basttardz e School Thrash.

De acordo com o baixista Adriano "Texugo" Ayan, a essência do rock está ligada diretamente com o lado rebelde de não se conformar com o sistema ou qualquer tipo de repressão.

"É incompreensível a existência de roqueiros conservadores em nossa cena. Com bandas que não gostam de se posicionar politicamente ou que defendem costumes que não condizem com a realidade do estilo, o rock n' roll começa a mostrar artistas reaças e gente que compactua com coisas absurdas, mas também tenho a certeza que as bandas que não têm medo de lutar contra o fascismo implantado discretamente em nosso ambiente ainda são a grande maioria."
Adriano Texugo , baixista da Basttardz

Resistir para existir

Além das bandas e do público, os produtores também são responsáveis por fazer o cenário underground continuar ativo. As dificuldades são muitas, mas as produções dedicadas ao rock continuam acontecendo na capital maranhense e possuem vários representantes que se dedicaram a fazer as bandas da região subirem nos palcos.

Segundo o produtor Marcony Almeida, trabalhar nesse setor da música é algo complexo, mas digno de muito orgulho a cada momento que um evento é realizado. Além disso, contribuir para a divulgação de trabalhos autorais é algo satisfatório para ele.

Foto da apresentação da banda Flagrvm na versão online de um festival produzido por Marcony Almeida.
Foto da apresentação da banda Flagrvm na versão online de um festival produzido por Marcony Almeida.
Quando assisti um show de rock pela primeira vez no início da adolescência, decidi que não queria estar em banda, mas sim produzir. Verificar a movimentação por trás de um show é algo inexplicável. Daí ser produtor também se tornou uma necessidade. Tínhamos uma gama de bandas surgindo e sem espaço para apresentações. Bandas de rock dos estilos mais diversificados. Seria então na época de unir o útil ao agradável. Ser produtor de rock nunca é fácil em nenhum lugar do mundo, mas agradeço a cada banda que trabalhei pois ajudou bastante no crescimento como produtor.
Marcony Almeida, produtor do festival 24h de Rock.

As minas no rock maranhense

Em um cenário que acaba sendo protagonizado por homens, as mulheres continuam na luta por mais espaço dentro do rock maranhense. Vencendo inúmeras barreiras e lutando contra o preconceito, elas unem talento e atitude para derrubar os paradigmas implantados no estilo. Desde bandas como Menon, Mad Queen e Savagez, garotas integram bandas da cidade para mostrar que rock n' roll não é feito somente para os homens.

De acordo com a vocalista Débora Selv Lopes, ser mulher e atuar dentro da cena é uma missão árdua e que traz muitos obstáculo, até mesmo no ambiente familiar. "Para falar a verdade a minha família aceita, mas não concorda. (risos) Esses espaços onde há escassez de representatividades femininas acaba por deixar uma impressão de ser um lugar hostil. Por isso, na visão deles, com a intenção de me proteger, já ouvi diversas vezes da minha família comentários machistas de que isso não é lugar de uma menina, muito menos de fazer do jeito que eu faço na Deep Hatred, com aqueles sons guturais e nada delicados.", comentou Débora.

Débora Lopes é vocalista da banda de death metal Deep Hatred.
Débora Lopes é vocalista da banda de death metal Deep Hatred.

Janis Joplin, Cassia Eller ou Rita Lee. Mulheres que deixaram na história do rock n' roll trabalhos impecáveis que durarão para sempre, mas mesmo assim, o preconceito com mulheres em cima dos palcos do rock ainda parece persistir. Débora Lopes também falou sobre a mulher dentro do cenário do rock maranhense.

"Eu vejo que a cena maranhense anda crescendo a passos largos com relação ao aumento de mulheres trabalhando no meio, tanto na parte de produção quanto artística. Tá rolando uma integração maior das minas não só em um gênero específico mas em vários subgêneros do rock desde trabalhos autorais aos covers. Embora ainda precise de mais contribuições femininas principalmente em cima dos palcos. Infelizmente a cena do rock em geral continua sendo predominantemente masculina, mas aos poucos já dá pra perceber que a mulherada anda cada vez mais confortável em marcar presença nos shows, seja curtindo, produzindo, apresentando e tocando."
Débora Lopes, vocalista da banda Deep Hatred.

Fontes: Documento Rock Maranhão / Youtube / Uol

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