SÃO PAULO - A atriz Fernanda Torres expressou sua confiança nas chances do filme “Ainda Estou Aqui” representar o Brasil no Oscar, durante a coletiva de imprensa do longa-metragem realizada na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Em tom descontraído, ela destacou a presença do filme na shortlist da premiação. "Estamos na lista de coisas muito grandes. O tal do Oscar, né? Parece ser a fronteira final que nós teremos que atingir [risos]", afirmou.
Torres ressaltou, no entanto, que o Oscar não é a única medida de sucesso. "O filme já é um acontecimento para a gente. Ele já está no mundo, já é uma porta de entrada. O Oscar é importante, mas não é a medida de tudo", completou.
A atriz também recordou a emoção da indicação da sua mãe, Fernanda Montenegro, ao Oscar em 1999, enfatizando que, quando um ator brasileiro é nomeado, já é uma vitória. “Quando as pessoas falam no prêmio da mamãe, eu tento explicar que, quando um ator brasileiro falando português é nomeado, ele já ganhou. Pode estourar champanhe, entendeu? Vai para lá sem expectativa, porque não vai levar. Já está no lucro. Quero explicar isso para as pessoas já ficarem contentes, entendeu?”, disse sob aplausos da plateia.
O diretor Walter Salles compartilhou sua experiência com a premiação, ressaltando que o cenário atual é diferente do passado. "Mais da metade dos votantes hoje não moram naquele trecho estreito entre Nova York e Los Angeles. Antigamente, para olhar para essa premiação, o filme tinha que ser visto ali. Hoje, essa verdade foi completamente reconfigurada", explicou.
Salles também relatou um episódio impactante durante uma sessão para votantes em Nova York. Após a exibição, um homem o abordou, revelando que se identificou profundamente com a história da família Paiva no filme, pois havia perdido seu pai no atentado às Torres Gêmeas. "Essa foi a porta de acesso: a perda. Eu jamais poderia imaginar que isso poderia acontecer", refletiu o diretor.
"Ainda Estou Aqui" foi escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga à categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2025. O longa se passa no início da década de 1970, quando o Brasil enfrenta o endurecimento da ditadura militar. No Rio de Janeiro, a família Paiva - Rubens, Eunice e seus cinco filhos - vive à beira da praia em uma casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice - cuja busca pela verdade sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas - é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos.
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