Cinema

Hayao Miyazaki Na Mira do Oscar: "Vou continuar a fazer animação até morrer"

Nesta semana, o Na Mira do Oscar discorre sobre o diretor Hayao Miyazaki e sua indicação por 'O Menino e A Garça' na categoria de Melhor Animação.

Fabiana Serra/Na Mira

Atualizada em 26/02/2024 às 10h56
Hayao Miyazaki é um diretor japonês e co-fundador do Studio Ghibli. (Foto: Reprodução)
Hayao Miyazaki é um diretor japonês e co-fundador do Studio Ghibli. (Foto: Reprodução)

BRASIL - Com a possibilidade de ser o último filme do aclamado diretor japonês Hayao Miyazaki, 'O Menino e A Garça' pode também render o segundo Oscar da carreira do cineasta, após 21 anos desde que 'A Viagem de Chihiro' conquistou o prêmio de Melhor Animação na cerimônia em 2003, apenas um ano depois que a categoria foi incluída na premiação.

Leia também:

Explorando a magia: veja curiosidades sobre a categoria de Melhor Animação no Oscar

Entenda os destaques e polêmicas dos filmes indicados ao Oscar 2024

Para os fãs do Studio Ghibli, estúdio co-fundado pelo cineasta em 1985, a indicação não tem apenas um valor histórico, mas também sentimental. Com mais de 60 anos de carreira, Miyazaki construiu um sólido legado para a história da animação, com títulos clássicos como ‘O Castelo Animado’ (2004), ‘Nausicaä do Vale do Vento’ (1984), ‘Princesa Mononoke’ (1997) e ‘Meu Vizinho Totoro (1988).

“Hayao Miyazaki é uma lenda viva do cinema, um talento único no século”, disse em um comunicado Eric Beckman, o fundador e CEO da GKIDS, uma das maiores distribuidoras de filmes estadunidense. “Além da arte visual incomparável que ele nos deu, seus filmes ressoam com o conhecimento de que esta vida em que nos encontramos é urgente, necessária, trágica e bela. E que, como humanos, temos o dever de nos comportarmos com honra e humildade durante o pouco tempo que temos juntos neste planeta.”

O Menino e A Garça

‘O Menino e A Garça’ chegou aos cinemas brasileiros no dia 22 de fevereiro. (Foto: Divulgação)
‘O Menino e A Garça’ chegou aos cinemas brasileiros no dia 22 de fevereiro. (Foto: Divulgação)

A potência do cineasta e do estúdio é tanta que eles optaram por não fazer nenhuma estratégia de marketing para a estreia de ‘O Menino e A Garça’ no Japão. O filme foi lançado sem ter sido divulgado trailers, imagens, sinopses ou anúncios na mídia e mesmo assim arrastou milhares de pessoas aos cinemas, já tendo arrecadado mais de US$ 160 milhões nas bilheterias ao redor do mundo.

A animação carrega um toque mais que pessoal do cineasta, já que ‘O Menino e A Garça’ é um filme semiautobiográfico. “Ficou muito claro o que ele queria fazer. E o que ele queria fazer era basicamente contar a história de sua vida”, afirmou Toshio Suzuki, o também co-fundador e presidente do Studio Ghibli, em uma entrevista ao The Hollywood Repoter.

Segundo o produtor de 75 anos, Miyazaki “não passou sua infância sendo um cara despreocupado, [em vez disso, ele era] muito introspectivo, muito sombrio consigo mesmo.” Suzuki também afirmou que a mãe do diretor foi uma pessoa muito importante em sua vida e superou uma doença quando ele era criança.

Em ‘O Menino e A Garça’, a narrativa abarca muitas experiências vividas por Miyazaki. Após a morte de sua mãe durante a guerra, o jovem Mahito precisa se mudar para uma mansão no campo ao lado de seu pai e da nova madrasta. Lá, ele encontra uma garça travessa que o guia para uma torre misteriosa. Quando sua madrasta desaparece, ele precisa entrar na torre, onde conhece um mundo fantástico habitado por seres vivos e mortos, e descobre a verdade sobre si mesmo.

Nascido em 1941, em meio a Segunda Guerra Mundial, Miyazaki foi profundamente afetado pela guerra e pela doença da sua mãe, que sofreu de tuberculose vertebral quando ele ainda era um garoto. Tais experiências atravessam inúmeras vezes a obra do diretor, que já representou sua mãe em diversos personagens em seus filmes e também é conhecido por obras antiguerra.

Oscar Honorário

Em 2015, ao ganhar um Oscar honorário por suas contribuições ao cinema, Miyazaki afirmou que tinha sorte por seu país não ter participado “de guerras durante os 50 anos em que tenho feito cinema. É claro que lucramos com guerras, mas somos afortunados por não termos ido nós próprios a ela.” Na ocasião, o diretor também ressaltou a sorte “de participar da última era na qual pudemos fazer animações com papel, lápis e película.”

Após ter recebido o prêmio, o cineasta expressou seu desejo de continuar trabalhando em uma entrevista à Associated Press. 

Vou continuar a fazer o trabalho de animação até eu morrer.
Hayao Miyazaki

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.