BRASÍLIA - A participação da sociedade é condição fundamental para o desenvolvimento das chamadas cidades inteligentes, que integram dados em um sistema unificado de tecnologia, buscando melhorar a qualidade de vida da população e preservar recursos ambientais. A avaliação é feita por participantes da primeira edição da Campus Party Brasília, que é realizada até sábado (17). No entanto, esse conceito ainda é considerado novo no Brasil.
Segundo Cláudio Nascimento, vice-presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas (CIH), é urgente que haja uma preocupação em envolver os cidadãos no processo de desenvolvimento de suas comunidades. “A Europa já tem debates sobre cidades sensitivas, e nós ainda estamos falando de cidades inteligentes”, afirma. “As cidades não são planejadas para pessoas. Sinto falta desse debate envolvendo a população; o ganho seria excelente”, diz.
O envolvimento de cada cidadão pode ser mais proativo, defende o doutor em comunicação Dado Schneider. Ele afirma que é nas cidades que as pessoas têm maior oportunidade para agir. “A cidade é a nossa primeira referência de vida na sociedade; não é o país, o mundo. É na cidade onde a gente vira gente, cidadão, e quando a gente lida diretamente com o governo”, destaca.
Schneider afirma que os brasileiros têm o hábito de não questionar quais são seus deveres na dinâmica de mudanças sociais e na construção de cidades inteligentes. Para ele, é necessário romper com muitas das rotinas que se dão atualmente nos processos democráticos. Schneider defende a organização social, independente de posicionamentos políticos, para cobrar essa mudança de postura. “Políticas públicas devem ser trabalhadas para daqui a 25, 30 anos, não em curto prazo. Isso depende de todos e transcende interesses políticos partidários. Precisamos colocar o bem comum acima disso”, afirma.
Os cidadãos podem ser protagonistas ajudando a identificar as vocações de suas cidades, diz Schneider. Segundo ele, Gramado é a única cidade que já conseguiu fazer isso no Brasil. “Gramado se autossustenta porque entendeu que sua vocação é o turismo. Brasília, por exemplo, pode ser um polo de inovação, mas isso precisa ser planejado a longo prazo”, argumenta
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