18) O grande mestre (Yi dai zong shi, Hong Kong/China) – A conturbada e demorada concepção do novo trabalho de Wong Kar Wai, escolhido para representar Hong Kong no Oscar 2014, deu tempo bastante para que Donnie Yen protagonizasse, duas vezes, a sua própria versão da lenda de Ip Man, mestre de kung-fu e lembrado por ter ensinado a arte marcial a Bruce Lee. Esse atraso torna quase inevitável a comparação entre as versões homônimas e, a considerar entretenimento versus presunção, prefiro as lutas elaboradas e imaginativas de O grande mestre (2008 e 2010) do que a poesia estilizada de Wai.
Mas esta nova versão, ainda que não repita a precisão e singeleza do kung-fu, não é sem seus méritos: a fotografia belíssima vem logo à cabeça e os closes nos pés dos lutadores e o acertado emprego da câmera lenta oferecem uma releitura plástica de lutas de kung-fu de forma diferente do que estamos acostumados a ver. Se Tony Leung confere sabedoria a Ip Man, Zhang Ziyi converge arte e drama com profundidade – o que fizera em O tigre e o dragão - e desconfio que um filme-solo de sua personagem, Gong Er, seria mais interessante do que este mal estruturado e confuso O grande mestre.
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