FHC teme volta de políticas assistencialistas

Raquel Ribeiro, da Agência Brasil – ABr

Atualizada em 27/03/2022 às 15h26

Oxford (Inglaterra) – A exemplo do que havia feito em entrevista à imprensa portuguesa, o presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a criticar o programa social de seu sucessor Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista exclusiva à BBC Brasil. Para o presidente, é positiva a iniciativa do futuro presidente de preocupar-se com a questão da fome, mas ele reiterou que não é favorável ao retorno de políticas, a seu ver, “assistencialistas e desnecessárias no grau de aperfeiçoamentos sociais já existentes no Brasil”.

A proposta do Programa de Combate à Fome do PT, a ser implantada a partir de 1º de janeiro, prevê a distribuição de cupons e cartões magnéticos para a população trocar por alimentos em estabelecimentos conveniados ao governo federal. A política social do governo FHC determina apenas a entrega dos cartões para as mães de família dentro de programas específicos de distribuição de renda.

Uma das preocupações reveladas pelo presidente Fernando Henrique é com o retorno da inflação. Para ele, este é o maior problema a ser resolvido: conseguir ampliar os benefícios sociais iniciados em seu governo sem por em risco a estabilidade econômica. Para tanto, o presidente lembrou que o partido do presidente eleito terá que discutir temas que combateu duramente durante os anos FHC, entre eles, a reforma da Previdência. “Esse é o maior problema que temos para diminuir a taxa de juros e a inflação: o déficit público. Se ele tentar (a reforma), eu apóio. Não vou fazer o que o PT fez: votar contra”, disse. Horas mais tarde, durante palestra a alunos e intelectuais da Universidade de Oxford, o presidente repetiu a avaliação e o apoio.

Um dos ouvintes voltou a questionar o risco do Brasil entrar numa crise semelhante à vivida pela Argentina após a troca de governo. Fernando Henrique disse que não acredita no risco porque a economia do Brasil é muito mais organizada que a do país vizinho. “O governo brasileiro tem mais instrumentos para contra-atacar uma crise que o argentino. (...) E o Brasil não vive uma crise econômica em um sentido clássico. A economia brasileira não está em recessão”, disse. Além disso, o presidente considerou que caso o novo governo mantenha o funcionamento pleno do sistema de decisões do governo, "nada de sério poderá ocorrer“.

Durante a entrevista, o presidente respondeu a perguntas de internautas. Segundo a BBC Brasil, mais de 3 mil perguntas foram feitas ao presidente. Algumas foram selecionadas e as demais encaminhadas para a assessoria do presidente.

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