MIRANTE FM/TRILHA SONORA

João Marcello Bôscoli lança livro sobre Elis Regina

Memórias são relatadas, ao relembrar o período em que conviveu com sua mãe

João Marcus

Atualizada em 27/03/2022 às 10h56
(Elis Regina e João Marcelo Bôscoli)

O Produtor lembra que após horas de receber o rotineiro beijo de “boa noite” de sua mãe, com 11 anos, acorda com ruídos vindos da suíte ao lado: um entra e sai frenético no banheiro e diálogos entrecortados de inalações rápidas. Foi um choque perceber pela primeira vez o consumo de drogas dentro do apartamento e, se não bastasse, com a participação da mãe, Elis Regina. “Se eu tivesse ido lá, o destino seria outro?”, questiona no capítulo inicial de seu livro, Elis e Eu (Editora Planeta), que acaba de ser lançado.

No dia 19 de janeiro de 1982, o coração da maior cantora do Brasil parou de bater devido a um choque anafilático causado pelo uso de cocaína misturada ao vermute Cinzano. O garoto viu a mãe sair com um fiapo de vida de casa, balbuciando palavras desconexas e carregada para o hospital pelo namorado Samuel Mac Dowell.

João Marcello é o mais velho dos três filhos da artista (seus irmãos são os cantores Pedro Mariano e Maria Rita) e o primeiro deles a produzir uma obra sobre a mãe. Hoje com 49 anos e pai de dois filhos, a quem dedica Elis e Eu.

A narrativa é construída com as recordações de quem cresceu paparicado pela mãe. João Marcello foi testemunha privilegiada de cenas como ensaios na garagem de casa conduzidos por Cesar Camargo Mariano, com quem ela realizou seus melhores trabalhos, e encontros nos Estados Unidos para a gravação do antológico álbum Elis & Tom, em 1974, com direito a uma escapada com a mãe para a Disney. “As lembranças tornaram-se um porto seguro emocional”, diz João Marcello. Viu pessoas próximas se afastar (a quem chama de “parasitas sociais”) e gente sumindo com roupas e bens de Elis em meio à confusão da tragédia (“diziam que precisavam colocar na roda para a ‘energia fluir’”). Sentiu vergonha, na volta às aulas, ao encontrar um bilhete com um pedido de bolsa de estudos.

Após a morte de Elis, João precisou deixar o apartamento onde vivia, mudou-se para a casa dos avós maternos, passou a visitar no Rio de Janeiro o pai, Ronaldo Bôscoli, com mais frequência, e perdeu a convivência com seus dois irmãos, que foram morar com o pai deles, Cesar Camargo Mariano. Apesar do corte brusco provocado pela tragédia, João teve tempo de acompanhar a construção do trabalho de uma artista obcecada pela música e pela perfeição. Elis passava dias escutando fitas para selecionar repertório. Ao perder a mãe, o menino pôs na cabeça que, de alguma forma, ela continuaria presenciando tudo o que ele fazia. A solução: “Não me permiti ser uma pessoa triste”.

@mirantefm #TodaSua

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