Panela cheia salva e a fome mata

Wilson Simoninha e Jair Oliveira dão voz à canção-tema de campanha nacional contra a fome

O objetivo do movimento Panela Cheia, idealizado pela CUFA, Gerando Falcões e Frente Nacional Antirracista, é arrecadar recursos para a compra de R$ 2 milhões de cesta básicas para distribuição em todo o país.

Pedro Sobrinho/Jornalista

Atualizada em 27/03/2022 às 10h56
(Simoninha e Jair Oliveira)

Os músicos Wilson Simoninha e Jair Oliveira dividem os vocais da estreia da canção-tema (assista clipe) do movimento nacional Panela Cheia, que busca arrecadar recursos para a compra de 2 milhões de cestas básicas para distribuição em todo o país.

A iniciativa é fruto da união conjunta contra a fome entre entidades que mais conhecem a realidade de comunidades vulneráveis no Brasil: CUFA (Central Única das Favelas), Gerando Falcões e Frente Nacional Antirracista, com apoio da UniãoSP e cooperação da UNESCO.



A música-tema foi composta pelo próprio Jair Oliveira. "Panela cheia salva e a fome mata. Panela cheia é esperança e a fome é a dureza que as pessoas estão vivendo. Pegamos todos esses elementos e começamos a destrinchar. Jair escreveu a letra em uma única noite e quando a escutei pela primeira vez, já senti a emoção e a força necessárias para comunicar o propósito”, conta Simoninha sobre os bastidores da produção.

As próximas etapas do projeto, cuja a campanha nacional é assinada pela agência Africa, terão as vozes voluntárias de Alcione, Péricles, Fernanda Abreu, Maria Rita, Naiara Azevedo, Carlinhos Brown, Dudu Nobre, Zeca Pagodinho, Lexa e Vanessa da Mata.

O Panela Cheia chega em um momento de extrema gravidade. Com a pandemia do novo Coronavírus levando a milhares de mortes diárias, os impactos econômicos e sociais fizeram com que a fome se alastrasse ainda mais pelo país. Pesquisa do Data Favela (parceria da CUFA com o Instituto Locomotiva) aponta que quase 7 em cada dez (68%) pessoas que vivem em comunidades no Brasil tiveram piora em sua alimentação em 2021. A média de refeições diárias nestes locais é de menos de duas (1,9) e 68% dos moradores afirmam que, ao longo de 15 dias, em ao menos um faltou dinheiro para comprar comida. Por dados alarmantes como estes, a mensagem da campanha é clara: “Fome mata. Panela cheia salva”.

A meta de 2 milhões de cestas básicas pretende ajudar a encher milhões de panelas de famílias pelo Brasil. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em setembro de 2020, 10 milhões de pessoas estavam em situação de “insegurança alimentar grave”, ou seja, fome. “Este número é bem pior hoje em dia. Estamos chegando perto de uma calamidade porque a pandemia fez piorar ainda mais uma situação que já era gravíssima. A sociedade precisa ter visibilidade disso e agir rapidamente”, afirma Preto Zezé, presidente global da CUFA.

Parte da Frente Nacional Antirracista, Karla Pereira lembra que a maior parte dessa população é negra. “É importante lembrar que a maioria dessas pessoas é negra e deixá-las sozinha não é uma opção. A Frente Nacional Antirracista se uniu à iniciativa porque é fundamental que essas pessoas recebam assistência o mais rápido possível”, explica.

Para Eduardo Lyra, fundador e CEO da Gerando Falcões, é somente com a junção de forças que a situação pode melhorar. “Duas organizações da favela estão se unindo em uma só campanha, com apoio de entidades sérias e importantes. Mas precisamos de toda a sociedade sensível ao tema e trabalhando junta para solucionar o problema da fome. É desesperador ver tanta mãe de família sem comida em casa”, disse.

No site https://www.panelacheiasalva.com.br/ será possível conhecer mais sobre a campanha e selecionar a instituição para qual a pessoa gostaria de fazer uma doação: CUFA (projeto Mães da Favela), Gerando Falcões (projeto Corona no Paredão) ou Frente Nacional Antirracista. Em ambas o valor arrecadado será utilizado para a compra de cestas básicas físicas ou digitais e que serão distribuídas pelas instituições às comunidades.

Um dos objetivos da união de entidades é buscar mais participação de empresários na doação de cestas básicas. O UniãoSP, que em 2020 distribuiu 620 mil cestas para cerca de 3 milhões de pessoas, entra com a expertise de mobilização empresarial. “Estamos reiterando o nosso apoio neste momento difícil e ajudando quem mais precisa. Tenho certeza que a parceria de CUFA, Gerando Falcões e Frente Nacional Antirracista, com a UNESCO cooperando e o nosso apoio, vai, além de levar comida para inúmeras famílias, mostrar que este tipo de parceria é muito importante num momento de desespero social como o que estamos vivendo”, finaliza Ana Maria Diniz, do Conselho da Península Participações, uma das empresas organizadoras do UniãoSP.

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