Artes integradas

Murilo Santos marca presença no quadro Terra Alternativa e mostra que música e cinema são insperáveis

O cineasta maranhense mostrou em seis músicas indicadas por ele, no Plugado, na Mirante FM, a importância que cada uma delas tem em sua vida como se fosse um roteiro de documentário ou longa-metragem.

Pedro Sobrinho / Jornalista

Atualizada em 27/03/2022 às 10h56
Cineasta Murilo Santos no quadro Terra Alternativa, na Mirante FM. Foto: Divulgação
Cineasta Murilo Santos no quadro Terra Alternativa, na Mirante FM. Foto: Divulgação (Muriko Santos)

Música e cinema são inseparáveis: um não vive sem o outro. E o quadro TERRA ALTERNATIVA do PLUGADO, na MIRANTE FM, teve como protagonista no último domingo (18/10), o cineasta maranhense, Murilo Santos, conceituado como um divisor de águas no audiovisual local.

Em 30 minutos de programa, Murilo apresentou um repertório de seis músicas compatíveis com a sua história de vida.

Perfil

Murilo Santoa nasceu em São Luís em 18 de dezembro de 1952. É graduado em licenciatura em Educação Artística pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA, mestre em Educação pelo PPGE / UFMA e atualmente é professor do Departamento de Artes Visuais dessa universidade. Interessou-se pela fotografia aos quinze anos de idade influenciado pelo seu pai Camilo Santos, comerciante e fotógrafo amador.

A década de 1970 marca a formação profissional e artística de Murilo Santos. Seu envolvimento com movimentos políticos de esquerda, a partir dessa década, direciona seu olhar para os conflitos agrários e urbanos vividos pelos grupos sociais dos quais emanam manifestações da chamada cultura popular, ampliando assim o objeto de sua produção artística.

Entre 1977 e 1979 realiza os filmes “A Dança do Lelê na Cidade de Rosário” e “Tambor de Crioula”, em projetos de pesquisas da Fundação Cultural do Maranhão. Os dois filmes são considerados os primeiros documentários sobre essas manifestações da cultura popular.
A partir dessa década e nas décadas seguintes realiza exposições fotográficas individuais e participa com a sua arte de salões e mostras coletivas. Foi um dos criadores do Movimento Gororoba, identificado por um salão de arte anual que congregava artistas com preocupações políticas atuando em várias linguagens. (continua)

Pertenceu ao chamado movimento “superoitista”, realizando curtas independentes em película amadora Super-8, com as quais participa de festivais, mostras e debates em diferentes regiões do Brasil. O movimento superoitista no Maranhão, iniciado no início da década de 1970 e encerrado no início da década de 1980 se caracterizou pala produção de filmes sobre a realidade maranhense com forte teor político.

Em 1972 integra o grupo de jovens artistas fundadores do Laboratório de Expressões Artísticas, LABORARTE, tornando-se coordenador do Departamento de Fotografia e Cinema desta entidade até 1976, quando deixa o grupo. A partir desse momento Murilo Santos passa a experimentar a chamada arte engajada.
Ainda na primeira metade da década de 1970 trabalha como fotógrafo e cinegrafista da TV Educativa do Maranhão.

Em 1973, como coordenador do Departamento de Fotografia e Cinema do LABORARTE realizou seu primeiro filme em formato Super-8. Trata-se de um documentário sobre a Festa do Divino Espírito Santo na cidade de Alcântara, com aproximadamente 6 minutos, mas que é considerado o primeiro filme na história da cinematografia maranhense. Em 1976 realizou outro curta sobre o mesmo tema com a intensão de complementar o filme pioneiro de 1973.

De 1979 a 1985, Murilo Santos integrou uma equipe de formação da Comissão Pastoral da Terra e Cáritas Brasileira - MA, produzindo audiovisuais a partir de ideias freireanas, introduzidos de forma pioneira em ações de educação popular. Em um dos encontros de avaliação dessa experiência ocorrido em 1981, as duas entidades de igreja trouxeram ao Maranhão o próprio Paulo Freire para assessorar as discussões. (continua).

Na sua produção voltada para o filme etnográfico, se destaca Bandeiras Verdes (1987), premiado em vários festivais nacionais. Participou também de movimentos como Pró Anistia, Comissão Pró Índio, Sociedade de Direitos Humanos, realizando filmes 16 mm e documentação fotográfica sobre questões sociais.

Desenvolveu trabalhos audiovisuais para as ações educativas populares da congregação das Irmãs de Notre Dame em São Luís, especialmente na tarefa de conscientização das populações das comunidades rurais da ilha de São Luís sobre os impactos do Programa Grande Carajás.
A partir de 1987 a 1993, trabalhou no CEDI – SP (Atualmente Instituto Sócio Ambiental), executando vários trabalhos em fotos e vídeo, documentários sobre exploração madeireira e ouro e demais questões que afetam indígenas e segmentos camponeses na Amazônia e em outras regiões.

Seus trabalhos mais recentes são “Divino Artista, Antônio de Coló, realizado em Alcântara, “A Peleja do Povo Contra o Dragão de Ferro” (2014), produzido pela rede Justiça nos Trilhos e “Em Busca do Bem Viver” (2016) Produzido pelas Pastorais Sociais CNBB.

Em sua dissertação de Mestrado defendida no final de 2017, Murilo Santos faz um resgate do cinema maranhense e das ações políticas na década de 1970 pesquisando “Cinema Engajado no Maranhão, interfaces com educação popular”.

Desde o início de sua carreira, Murilo Santos sempre direcionou o seu olhar para a cultura popular de Alcântara realizando fotografias e filmes. Em 1976 documentou em fotos e filme a Festa de Santa Tereza de Itamatatua, Alcântara. Atualmente Murilo Santos retoma as imagens que realizou nos anos 70, especialmente em Alcântara, e vem buscando reencontrar personagens protagonistas dessas imagens por meio de seu mais recente trabalho cinematográfico a que ele chama de ‘Revisitando Memórias”.

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