Novo Mundo

"Precisamos vivenciar novos tipos de relações daqui pra frente", diz cineasta pernambucana Natara Ney

Idealizadora do Novo Mundo, contemplado pelo Rumos Itaú Cultural, juntamente com o também cineasta Gilva Barreto, o projeto reúne série de entrevistas com ativistas abordando temas ligados a área social.

Pedro Sobrinho/Jornalista

Atualizada em 27/03/2022 às 10h56

Contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2017-2018 e realizada pelos diretores e roteiristas Natara Ney e Gilvan Barreto, o projeto Novo Mundo traz uma série de entrevistas de 16 pessoas entre artistas, políticos, líderes religiosos, comunicadores, ativistas sociais sobre temas como preconceito, violência de estado e desigualdade social.

Jornalista, cineasta e roteirista Natara Ney no Plugado, na Mirante FM
Jornalista, cineasta e roteirista Natara Ney no Plugado, na Mirante FM

Natara Ney conversou on-line com o jornalista Pedro Sobrinho, no último domingo (29/3), no Plugado, na Mirante FM, sobre a série de entrevistas do projeto Novo Mundo, selecionado pelo Rumos Itaú Cultural, abordando as diversas formas de violência no Brasil. A programação do projeto é oferecida on-line às terças-feiras, no Youtube. O primeiro episódio do projeto Novo Mundo aconteceu na última terça-feira (24/3).

- O projeto Novo Mundo foi selecionado pelo Rumos Itaú Cultural. Ele se desdobra em duas partes. A primeira é uma série de entrevistas abordando diversas formas de violência no Brasil, entre elas, a violência social, a violência que a polícia aplica nas comunidades, o racismo, o genocídio da população indígena. Estão inseridas personalidades que estão na linha da pesquisa, na linha de frentes destes temas e que atuam batalham há muito tempo sobre estas questões. Entre os personagens estão Bruna da Silva, ativista e mãe de estudante morto pela polícia da Maré, no Rio de Janeiro. Eliana Souza, fundadora da ONG Redes da Maré, e Pastor Henrique Vieira. São diversos pensadores falando a respeito destes temas - explica. - A outra parte do projeto Novo Mundo é um curta metragem cujo o texto foi retirado destas falas. Quem narra este curta-metragem é Zezé Mota e quem interprteta o personagem é atriz pernambucana, Mohana Uchôa. O personagem deste curta-metragem chega neste lugar que é um paraíso e a medida que ele vai caminhando e conhecendo este lugar, descobre que este paraíso não existe - completa.

Bruna da Silva, ativista e mãe de estudante morto pela polícia na Maré, no Rio de Janeiro.
Bruna da Silva, ativista e mãe de estudante morto pela polícia na Maré, no Rio de Janeiro.

Pandemia Global e um Novo Mundo

Já que o projeto Novo Mundo serve como terapia ocupacional em tempos de confinamento social, Natara comentou sobre o que pensa desta pandemia global no que diz respeito aos pontos positivos que a mesma pode trazer como lição para Humanidade.

- Acredito que com esta epidemia a gente tem aprendido, falando por mim, que é preciso se valorizar as conexões reais, a valorizar o encontro, valorizar o respeito, valorizar o que é realmente importante para você, o que realmente faz diferença em nossas vidas. A gente precisa deste isolamento social mais consciente de tudo que nos cerca - ressalta.

E quando o assunto é o processo de transformação da Terra com esta onda do Novo Coronavírus, a COVID-19, e a possibilidade um novo mundo a ser vivenciado daqui pra frente, Natara diz que é preciso se vivenciar um novo mundo.

- Eu acho que estamo sim precisando vivenciar um novo mundo. Precisamos vivenciar novos tipos de relações. Precisamos entender quem deve governar os nossos motivos para viver. Nós precisamos sair disso tudo questionando os nossos direitos, questionando saúde pública porque ela precisa ser valorizada. Precisamos questionar o acesso a bolsas, o acesso a cultura. Quem está trabalho neste momento para que a gente tenha um pouco de conforto ? artistas do mundo inteiro. Quem está extremamente prejudicado neste momento ? profissionais que não têm carteira assinada, não tem nenhuma proteção, além do seu trabalho diário. Tem gente indo pra rua ganhar o pão porque não pode ficar em casa. E quem pode ficar em casa pouca gente - reflete.

Dofono de Omulu, babalorixá do Ilê Axé Omim Layó, músico e agente cultural
Dofono de Omulu, babalorixá do Ilê Axé Omim Layó, músico e agente cultural

Religião: amor e respeito

Além de temas como preconceito, violência de Estado e desigualdade social, a religião também faz parte da programação do projeto Novo Mundo. A ideia é discutir o tema dentro dos princípios ecumênico, de um estado laico, sem viés ideológico e fundamentalista, mas como propagação do amor e respeito.

- A ideia é discutir também sobre religião como pertencimento, sem preconceito. Nós temos pastores, líder de religião afro-brasileira. A nossa ideia é que a religião pertence a cada pessoa, mas o Estado é Laico. A ideia também é quebrar o preconceito contra as religiões de matrizes africanas. Por que a religião de matriz africana sofre tanto preconceito ? É uma religião que só prega o amor e respeito, assim como devem ser todas as outras religiões. Então, o objetivo é conversarmos sobre religião e propagar que nós achamos fundamental nas religiões. O fundamental em toda e qualquer religião é amar e respeitar, fazer com quem está lado do seu lado se sinta cuidado, não é oprimir o outro com a sua religião. É respeitar a escolha do outro - enfatiza.

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