Com ou sem garoa, mesmo com uma noite fria e gostosa, São Paulo "não dorme". Enfim, a cidade que "nunca para". A Virada Cultural foi criada para refletir o espírito tipicamente paulistano. Promovida pela Prefeitura de São Paulo, a Virada, que chega em sua 12ª edição em 2016, teve duração de 30 horas de atividade musical, tem como missão oferecer atrações culturais para pessoas de todas as faixas etárias, classes sociais, gostos e tribos que ocupam, ao mesmo tempo, a mesma região da cidade. Enfim, uma festa para todo tipo de bicho !
E nesse caldeirão cultural, onde a música é a vedete, por ser uma arte com valor social, de diversão e transformadora, o Maranhão se fez presente e bem representado na Virada Cultural, pela sua musicalidade negra em várias linguagens, evocada pelos músicos Gérson da Conceição, Célia Sampaio, Criolina [Alê Muniz e Luciana Simões] e Rita Benneditto, no SESC Consolação, numa noite dividida com A Orquestra Brasileira de Música Jamaicana (OBMJ), que esteve em São Luís, em dezembro do ano passado, na Praia Grande, como atração do Festival BR-135. O grupo paulistano, que traz a marca da irreverência ao interpretar a música jamaicana, convidou Zieder, da banda paulistana Planta e Raiz para dividir o palco na Virada. Quem também participou da festa foi Anelis Assumpção interpretando as épicas de Peter Tosh. Por último fechando a programação, teve Aláfia em parceria com a baiana Margareth Menezes.
Negra Melodia
Uma noite de pura 'negritude' musical, que começou com o Grupo Cupuaçu, liderado pelo maranhense, natural de Cururupu, Tião Carvalho. Ele levou para o palco do SESC Consolação as danças brasileiras, representadas pela maranhensidade do Cacuriá, Dança do Lelê, do Tambor de Crioula e do Bumba Meu Boi.
Rolam as Pedras
E abrindo os trabalhos em um dos palcos do SESC Consolação, Gerson da Conceição. Porta-voz do reggae em sua essência, o músico maranhense soltou a voz com muito 'lovers roots reggae', intimando a plateia para dançar um reggae agarradinho típico de quem frequenta os salões de reggae da Ilha. Entre uma música aqui outra acolá, Gerson contava a história de como essa música cujo o berço é a Jamaica invadiu o Maranhão, contaminou e definiu o Estado no Mapa Mundi, como o maior consumidor da música jamaicana produzida nos anos de 1970.
Ele, ainda, chamou Célia Sampaio para dividir o palco. De cara a dama do reggae fez barulho ao interpretar "Black Power", em tom de 'revival', ou seja, fazendo lembrar o período em que foi vocalista da Banda Guetos. Gerson fechou o seu 'setlist', em uma hora cravada de show, com "Lady", saudando as divas do reggae e deixando explícito que o gênero no Maranhão tem o seu jeitinho especial de ser.
Contagiante
E quem também garantiu a diversão, foi o Criolina [leia-se Alê Muniz e Luciana Simões]. Alê e Luciana fizeram um show em que as músicas escolhidas contagiaram o público, entre as quais, "Veneno", do primeiro disco da dupla, "Eu Vi Maré Encher", além das releituras feitas para "Mamãe Oxum", de Zeca Baleiro, do reggae "No No No", interpretado por Dawn Pean, em que Luciana Simões domina com uma forma de interpretar especial e bem pessoal.
Encantadora
Rita Benneditto subiu no palco do SESC Consolação, por volta das 23h, e conclamou a plateia já ouriçada para o seu "Planeta Encanto". Realmente, Rita encantou a todos que dançaram intensamente com um repertório festeiro do "Tecnomacumba" e do "Encanto", mais recente trabalho.
Já que o momento era de protesto em todos os palcos da Virada Cultural, contra a turbulência política no País, Rita desabafou com um discurso afiado, lúcido e consistente. Em rápidas palavras, Rita brincou dizendo que batida de panelas não geram uma sonoridade autêntica. Evocou a todos a bater tambor, numa alusão a Heitor Villa-Lobos, Mutantes e a Tropicália. "A batida do tambor é muito mais forte e tem poder de transformação", assegurou a artista. E para fechar a fala com estilo e pegando carona em Villa-Lobos, destacou a Cultura como algo "transformador e que se perpetua".
Rita fez um show visceral, conceitual, cheio de 'fusion' e surpreendente. Ela chamou ao palco Gerson da Conceição e Alê Muniz para cantarem juntos ,"Down Down", de autoria de Gerson da Conceição e Alê Muniz. Uma celebração em que a plateia aplaudiu um cenário genuínamente maranhense.
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