Investigação

Desarticulado esquema com desvio de verba da merenda escolar

A operação da Polícia Federal teve como alvos as prefeituras de Pinheiro, São Bento e Peri Mirim e associações de agricultura familiar.

Rádio Mirante AM com Informações do Imirante.com

Atualizada em 28/03/2022 às 13h56
Câmara Municipal de Pinheiro
Câmara Municipal de Pinheiro (Polícia Federal)

SÃO LUÍS - Uma operação da Polícia Federal, por meio da Delegacia de Combate à Corrupção E Desvio de Recursos Públicos foi deflagrada na manhã desta quarta feira (23) nas cidades de São Luís Pinheiro São Bento e Peri Mirim com Públicos, foi deflagrada na manhã desta quarta-feira (23), nas cidades de São Luís, Pinheiro, São Bento e Peri Mirim, com a finalidade de desarticular esquema criminoso voltado a promover fraudes licitatórias, superfaturamento e simulação de fornecimento de gêneros alimentícios da merenda escolar, com desvio de recursos públicos federais do programa Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - Programa Nacional de Alimentação Escolar (FNDE - Pnate).

Ao todo, cerca de 80 policiais federais deram cumprimento a 18 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que decorreram de representação elaborada pela Polícia Federal. Os mandados tiveram como alvos endereços comerciais e residenciais de agentes políticos na cidade de Pinheiro e Peri Mirim, ex-agentes políticos do município de São Bento, sede de Associações de Agricultura Familiar da Baixada Maranhense, bem como endereços residenciais e comerciais de pessoas ligadas a empresas de São Luís.

O objeto da apuração, segundo a PF, diz respeito a irregularidades em contratos firmados entre as prefeituras de Pinheiro, São Bento e Peri Mirim e associações de agricultura familiar. O grupo criminoso, ainda de acordo com a investigação, se aproveitou da determinação contida na Lei 11.947/2009, a qual prevê que, do valor total repassado pelo FNDE aos entes públicos para custeio do Pnate, pelo menos 30% deve ser utilizado na compra de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural local.

De acordo com a Polícia Federal, as entidades contratadas, mediante chamadas públicas fraudadas e direcionadas, são geridas na realidade por agentes públicos que fazem parte do esquema, e "não possuem a mínima capacidade econômica e operacional para o fornecimento da absurda e desproporcional quantidade de alimentos declarados nas notas fiscais e nos contratos".

Como exemplifica a PF, em apenas um ano a associação rural contratada declarou o fornecimento (já no final do ano letivo) de 420 kg de alface; - 200 kg de cheiro verde; - quase 35 mil unidades de pão caseiro; - 350 kg de erva vinagreira, - 40.600 unidades de banana etc, quantidade de alimentos inviável de ser produzida no local e desproporcional à quantidade de alunos matriculados.

Em outra ponta, o desenvolvimento da investigação trouxe fortes elementos da existência de fraude e desvio também na aplicação da outra parte dos recursos da merenda escolar (70%), conforme as investigações da PF. Foi identificado o repasses de valores das prefeituras para empresas de fachada sediadas na capital.

Análises financeiras e laudos periciais, realizados com base na movimentação bancária dos investigados, permitiu verificar que os recursos repassados para associação de agricultores e empresas de fachada foram quase que completamente desviados para agentes políticos investigados e empresas/pessoas sem relação com o fornecimento de merenda escolar (como construtoras, minimercados, organizadoras de eventos, “limpa fossas” etc). Os contratos firmados pelas principais associações rurais investigadas, com indícios de desvio da quase totalidade dos valores recebidos, somam (apenas com as três prefeituras acima e no período de 2018/2021) cerca de R$ 3,8 milhões.

Os investigados foram indiciados nos autos do inquérito pelos delitos de fraude à licitação, desvio de recursos públicos de prefeitos, lavagem de dinheiro, associação criminosa, peculato e corrupção ativa. A soma das penas ultrapassa os 30 anos de reclusão.

A denominação 5ª Potência faz referência a operação matemática ensinada nas escolas, que representa a multiplicação de fatores iguais várias vezes se chegando a valores exponenciais, do mesmo modo como as exorbitantes quantidades de alimentos superfaturadas e em sua maioria não fornecida pelas entidades de fachadas para as escolas municipais.

Ouça a reportagem de Domingos Ribeiro.

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