Ensino remoto

Alunos da UFMA citam prejuízos causados por falta de aulas presenciais: "pode ser desastroso daqui a alguns anos"

O <b>Imirante.com</b> conversou com estudantes dos cursos de Medicina, Odontologia e Direito.

Anne Cascaes / Imirante.com

Atualizada em 26/03/2022 às 18h38
No curso de Medicina, os estudantes se queixam da falta de aulas práticas em disciplinas basilares da graduação. (Foto: arquivo pessoal)
No curso de Medicina, os estudantes se queixam da falta de aulas práticas em disciplinas basilares da graduação. (Foto: arquivo pessoal)

MARANHÃO - Estudantes de diversos cursos da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) têm se mobilizado em defesa do retorno das aulas presenciais na instituição, que estão suspensas desde o início da pandemia da Covid-19. Nos cursos de saúde, como Medicina e Odontologia, a ausência de aulas práticas, segundo os alunos, têm afetado o rendimento de aprendizagem e acumulado prejuízos a longo prazo no processo de formação dos graduandos.

Nesta quarta-feira (12), será realizado um ato por parte dos estudantes em frente à UFMA. O atual presidente do diretório central de estudantes (DCE) na gestão pró-tempore, Rommel Botafogo, explica que o objetivo é estabelecer um diálogo com o reitor da instituição. "Foi formada uma brigada sanitária em que iremos compartilhar álcool e entregar máscaras aos manifestantes no dia do ato. Iremos fazer tudo seguindo as recomendações", compartilha o presidente.

O estudante do terceiro período de Medicina do Campus São Luís, João Gabriel, relata que desde o primeiro período, ainda não houve uma única vez em que a disciplina de anatomia, por exemplo, foi ministrada no laboratório da universidade.

"Definitivamente, o processo de aprendizagem tem sido extremamente prejudicado, sobretudo por conta da perda no sentido das práticas que fazem parte das necessidades da formação. Além disso, há uma série de limitações no ensino remoto e que, por vezes, favorecem professores que agem de má vontade, enviando apenas aulas gravadas e não oferecendo nenhum tipo de interação com os alunos", diz o estudante.

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Alunos do campus de Pinheiro também têm relatado dificuldades na aprendizagem. "A sensação é de que estamos tendo uma formação totalmente desqualificada. Somos da turma que entrou no curso no período totalmente EAD e perdemos diversas práticas essenciais que não foram repostas. E como futuros médicos carregamos grandes responsabilidades que infelizmente não estão sendo supridas", compartilhou a aluna do quarto período de Medicina, em Pinheiro, Lorena Godoi.

As pessoas formadas na pandemia estão tendo uma qualidade pior. Pode ser desastroso para a saúde pública daqui a alguns anos
Denise Carvalho, estudante de Medicina

Outro curso da área da saúde que tem sido prejudicado pela falta de aulas práticas é o de Odontologia, onde boa parte da grade curricular é constituída por disciplinas que necessitam ser ministradas em laboratório. Segundo a graduanda do terceiro período de Odontologia Tássia Brito, o sentimento diante desta situação é de frustração.

Estudante do curso de Odontologia Tássia Brito. (Foto: arquivo pessoal)
Estudante do curso de Odontologia Tássia Brito. (Foto: arquivo pessoal)

"Tem sido extremamente frustrante cursar uma graduação na área da saúde sem ter as práticas, visto que são imprescindíveis para o aprendizado e para uma boa formação. Os prejuízos serão vistos principalmente na minha formação, porque não estou aprendendo de uma forma ativa e eficaz.

Ensino remoto

Desde a suspensão das aulas presenciais, a alternativa adotada para dar andamento às aulas, não só na UFMA, mas diversas instituições de ensino, são as aulas remotas. Entretanto, os alunos alegam que a forma de ensino à distância já não tem sido suficiente e reforçam a necessidade das aulas presenciais.

"Tenho estudado de forma remota desde o meu primeiro período. Para mim o maior prejuízo é que eu não estou aprendendo as matérias basilares do curso da forma mais adequada possível, pois além de os professores terem dificuldade de adaptar as aulas para o formato digital, a universidade tem feito os períodos muito curtos, o que impede que eles deem os conteúdos de forma completa", disse a estudante do quarto período de Direito Maria Eduarda Neiva.

Alternativas

Alguns estudantes ouvidos pelo Imirante.com, compartilharam que já recorreram a algumas alternativas na tentativa de suprir a falta de encontros presenciais na instituição. "Alguns professores, agora no terceiro período, se dispuseram a levar os alunos aos campos de prática por conta própria, sendo que os alunos tiveram que assinar um termo de responsabilidade e não sendo oferecido nenhum tipo de ajuda da universidade em termos de EPI’s. É válido ressaltar que esses casos foram exceção e que a maioria dos professores continuam utilizando o método 100% online", diz o estudante João Gabriel.

O Imirante.com entrou em contato com a assessoria da Universidade Federal do Maranhão e, até a última atualização desta matéria, não havia obtido resposta.

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