Dia da Indústria

Indústria no Maranhão: sobrevivendo à crise

O Estado já perdeu mais de 10 mil postos de trabalho, nos últimos 12 meses.

LIliane Cutrim e Luciano Dias / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h32
Foto: Jonas Sakamoto/Imirante.com
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SÃO LUÍS - Vinte e cinco de maio é o Dia da Indústria no Brasil, mas não há tantos motivos para comemorar. Afinal, com a crise econômica que o país enfrenta, o setor foi o que mais sofreu. Segundo a Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema), nos últimos dez anos, a indústria nacional vem perdendo participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Entre 2010 e 2013, a participação caiu de 27,4% para 24,9%.

“Em 23 das 27 unidades da federação houve retração da indústria, com forte impacto negativo no emprego, no rendimento das famílias, nas exportações e, principalmente, na capacidade de realização de investimentos produtivos”, explica o presidente da Fiema, Edilson Baldez das Neves.

Edilson Baldez das Neves, presidente da Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema). / Foto: Fiema
Edilson Baldez das Neves, presidente da Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema). / Foto: Fiema

Já o Maranhão, de 2010 a 2013 não sofreu tanto impacto, segundo mostra o Perfil da Indústria nos Estados, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o estudo, o Maranhão foi o único Estado do Nordeste com saldo positivo e o sétimo no ranking nacional. Ele foi o segundo Estado brasileiro em que a indústria ganhou mais participação no PIB: 2,2 pontos percentuais entre 2010 e 2013. No mesmo período, o Maranhão foi o segundo Estado que mais diversificou sua indústria, o que fez com que ele saísse da 20ª colocação para a 18ª colocação.

“Apesar da crise nacional, o Maranhão não sofreu tanto nesse período e teve o segundo melhor resultado em todo o Brasil. Esse índice se deve a implantação de indústrias na área de energia e papel/celulose. Fruto da confiança do empresariado, que impulsiona o investimento e melhora o ambiente de negócios e a competitividade”, destaca Edilson Baldez.

Foto: Divulgação
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No entanto, nos últimos 12 meses, o cenário mudou no Estado devido à crise econômica no Brasil. Mais de 10 mil postos de trabalho foram fechados, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

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O cenário preocupa, já que o setor é responsável por boa parte dos recursos do país, além de abranger diversos produtos e atividades. Atualmente o Maranhão conta com 9.157 empresas industriais, segundo dados do Guia Industrial do Maranhão (2015). São diversas áreas como: alimentos e bebidas, vestuário, editorial e gráfica, minerais não metálicos, madeira e mobiliário, papel e celulose, construção civil, mecânica, etc. Ao todo, são desenvolvidas 29.067 atividades industriais, sendo que 57,2% delas são ligadas à Construção Civil e 29,3% à indústria de transformação.

“Em 2015, as indústrias geraram um fluxo de comércio internacional da ordem de US $ 5,4 trilhões (em dólares), o que corresponde a 81,8% do total. No Maranhão, por outro lado, os produtos industrializados participaram com US $ 50,9 bilhões (em dólares) do valor do fluxo de comércio, o que significa uma contribuição de 69,2% do valor total”, destaca Edilson Baldez.

Apesar da situação crítica do país, o setor tem expectativas de que a crise no Brasil vai diminuir nos próximos dois anos, mesmo que de forma lenta e gradual. Além disso, a indústria defende reformas em diversos setores do país.

“A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou ao presidente em exercício (Michel Temer) uma agenda com 36 propostas para o Brasil sair da Crise, o que demonstra estar a classe empresarial confiante na possibilidade de reversão do quadro crítico atual. As projeções mais otimistas apontam uma recuperação muita lenta e gradual, com queda do PIB em 2016 e taxa zero em 2017. Portanto, não se deve esperar crescimento positivo antes de 2018. No entanto, tudo depende da postura da equipe do novo governo no que se refere ao enfrentamento (inevitável) de reformas que não mais podem esperar - trabalhista, tributária, previdenciária – e a gestão da dívida pública interna”, explica o presidente da Fiema.

Apesar da crise, indústria ainda investe em qualificação

E os operários que ainda estão empregados, buscam na qualificação um meio de se firmar na área. Hoje, quase 100% da mão de obra utilizada nas indústrias que operam no Maranhão é local.

Para uma empresa que atua na indústria de bebidas no Maranhão, investir na qualificação dos seus empregados é fundamental.

“Procuramos reconhecer nossos talentos e ajudá-los a percorrer uma carreira de sucesso. Investimos no desenvolvimento permanente de nossas equipes para que cada funcionário tenha oportunidades de crescimento na empresa. Para isso, contamos há mais de 20 anos com a Universidade Ambev, que apenas em 2015 resultou na capacitação de mais de 20 mil funcionários no ano, em módulos presenciais e on-line”, afirma a empresa, a qual ainda destaca que, atualmente, 94% dos seus diretores e 96% dos seus gerentes foram formados internamente.

Quem também afirma investir na qualificação dos empregados é a companhia que trabalha na produção e distribuição de energia elétrica no Maranhão. Segundo a Cemar, a empresa investe em programas de graduação, MBAs, além de oferecer mestrado em parceria com universidade pública.

Foto: Jonas Sakamoto/Imirante.com
Foto: Jonas Sakamoto/Imirante.com

Segundo a Fiema, o sistema também tem contribuído significativamente com a qualificação da mão de obra local para a área industrial, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o qual oferece cursos na área técnica e tecnológica. Além disso, tem o Serviço Social da Indústria (Sesi) que oferta educação regular, de ensino fundamental, médio e integrado médio-profissional. E o IEL, que proporciona a capacitação de executivos e promove a interação universidade-empresa, mediante a atuação de estagiários.

Segurança no trabalho

Não se pode falar de indústria sem focar a área de segurança no trabalho. Segundos dados da Previdência Social, em 2013 o setor industrial apresentava elevada taxa de mortalidade e incapacidade permanente por acidente no trabalho.

Sendo assim, oferecer os equipamentos de proteção individual (EPIs) é o mínimo que uma empresa pode ofertar aos seus funcionários. / Foto: Divulgação
Sendo assim, oferecer os equipamentos de proteção individual (EPIs) é o mínimo que uma empresa pode ofertar aos seus funcionários. / Foto: Divulgação

“Para diminuir o número de acidentes do trabalho, implementamos uma plataforma que engloba um conjunto de tecnologias em prol do bem-estar e da segurança dos mais de 32 mil colaboradores. Um exemplo e a tecnologia chamada TechSafety, que encabeçou uma redução de mais de 58% nas ocorrências de acidentes de trabalho na área de vendas da Ambev em três anos. Apenas em 2015, a diminuição foi de 26%.”, explica a empresa que atua na área de bebidas.

Já a companhia de energia elétrica, alega que investe em diálogos de segurança, blitz de segurança, treinamento e simulação para a Brigada de Emergência, programa 5S, além do Programa Segundos de Vida.

Para a Fiema, a saúde e segurança no trabalho são de extrema importância e, por isso, o Sesi oferta cursos, palestras e assessoramento técnico na área. Isso “representa qualidade de vida para o trabalhador e ganhos de produtividade para a empresa”, defende a Federação.

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