Transporte

Adiada a circulação do metrô entre o Maranhão e o Piauí

Recuperação da Estação Ferroviária não foi concluída. Funcionamento deverá começar dia 30.

Anele de Paula/ O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 12h51

TIMON - O sonho dos timonenses de viajar mais rápido entre o Piauí e o Maranhão foi adiado. O metrô deveria ter começado a trafegar entre os dois Estados na quinta-feira (15), mas como a obra de recuperação da Estação Ferroviária ainda não foi concluída pela Prefeitura de Timon, a Companhia Metropolitana de Transportes do Piauí, responsável pelo veículo, acabou estipulando uma nova data: dia 30 deste mês.

A recuperação até começou a ser realizada pela Secretaria Municipal de Obras, mas não foi concluída. A estação de embarque e desembarque ganhou uma nova pintura, o piso da calçada foi recuperado, assim como o telhado que estava deteriorado.

Ainda faltam alguns detalhes. O principal deles é a instalação de cadeiras para que os passageiros possam esperar o trem e os guichês para a venda de bilhetes. Quem aguarda com ansiedade pelo início do funcionamento do transporte acabou indo pessoalmente ao terminal em busca de informações sobre o funcionamento do metrô.

O lavrador Augusto Andrade foi um deles. Ele reside na zona rural e acredita que chegar a Teresina por meio do veículo poderá ser mais barato, principalmente para ele, que vive do que produz na roça. “Para mim, ia ser bom poder andar de metrô. Como as autoridades disseram que essa semana o trem começaria a funcionar, eu vim ver se era verdade. Como a passagem é mais barata, vai ser bom para nós, pois a gente já gasta R$ 6,00 para vir do interior para a cidade e ainda ter de pagar quase R$ 2,00 para me deslocar até Teresina acaba ficando caro”, detalhou o lavrador.

Comprometimento

A Prefeitura de Timon se comprometeu a cumprir todas as exigências da Companhia Metropolitana. Dinheiro e projeto para isso já existe. Durante a viagem-teste, realizada no dia 29 de junho deste ano, a prefeitura apresentou o projeto para a recuperação da malha ferroviária e os pontos da cidade aonde o metrô chegará.

O projeto está orçado em R$ 1,5 milhão e, além da modernização do aspecto urbanístico da estação - preservando o valor histórico e arquitetônico da antiga estação da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (Reffsa) -, terá pista para cooper, ciclovias, praça elevada e plantação de árvores nativas.

A Estação Ferroviária de Timon tem extensão de mais de um quilômetro, começando na ponte metálica e se estendendo até o fim da passagem da linha férrea, no bairro São Francisco. A prefeitura, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), já realiza obras de infra-estrutura na área, como calçamentos e galeria pluvial.

Segundo o secretário de Infraestrutura, Delfino Guimarães, o novo projeto contemplará toda a área com a melhoria do aspecto urbanístico e melhor infra-estrutura, principalmente para o bairro onde a estação está localizada. “Vai melhorar não apenas o transporte público, mas a urbanização da área e conseqüentemente a vida dos moradores do bairro. A movimentação de passageiros para a estação aquecerá e ampliará o comércio local”, justificou o secretário.

Extensão

O veículo leve sobre trilhos, como é denominado o metrô, também chegará a Caxias e Codó, no próximo ano, pelo fato de já contarem com uma linha férrea. Nas duas cidades, a novidade ainda é vista com desconfiança. Em Caxias, por exemplo, onde não há sequer transporte coletivo, a implantação do sistema de transporte só conquistará a atenção da população se o projeto “sair do papel”.

“Eu ando todos os dias em um coletivo apertado. Aqui em Caxias, a gente não consegue nem andar num ônibus bom. O sistema de transporte público caxiense é precário. Temos que nos deslocar de van ou de mototáxi. Não sei se o metrô daria certo”, comentou a verdureira Regina Pereira da Silva, moradora do bairro Cohab.

Na Câmara Municipal, a implantação do sistema de transporte ainda chegou a ser mencionado, mas nenhuma outra discussão importante foi suscitada. A exemplo de Timon, a Prefeitura de Caxias necessitaria firmar convênio com o governo federal para a recuperação da malha ferroviária e principalmente das estações de embarque e desembarque.

Prédios

Os únicos prédios que ainda estão em pé servem hoje como sede do Instituto Histórico e Geográfico (embarque e desembarque), de uma entidade social (venda de passagens) e, por fim, uma empresa privada. Os demais estão deteriorados.

A linha férrea também terá que ser adaptada. Como ela servia apenas para ligar os estados do Piauí e Maranhão, para ser usado como transporte público e deslocamento de passageiros dentro da cidade - como acontecerá em Timon -, serão necessários mais investimentos e expansão da linha férrea, o que implicará em reordenamento do trânsito da cidade de Caxias, discussão que ainda não aconteceu.

Circulação será dividida em etapas

A operação do metrô será dividida em etapas. Com o adiamento do funcionamento do primeiro trem, algumas datas foram adiadas. No dia 30 deste mês, apenas dois trens funcionarão. O terceiro metrô começa a operar 30 dias depois e o quarto no dia 30 de setembro.

O Programa Trem Regional, como é intitulado o projeto do governo federal para a recuperação de malhas ferroviárias, prevê a recuperação de trechos ferroviários que interligam cidades com mais de 100 mil habitantes em todo o Brasil.

Segundo o diretor administrativo da Companhia Metropolitana de Transportes Públicos do Piauí (CMTP), Antônio Sobral, a instalação do metrô a Caxias e Codó já é uma realidade.

Sobral disse que o Ministério dos Transportes já autorizou o estudo que analisará a ampliação das linhas entre os dois estados, para que a obra seja concluída o mais rápido possível.

“Serão analisados os trechos que precisam ser recuperados, as estações que passarão por melhorias, quantas pessoas circularão entre Teresina e Timon por dia e quais os pontos atrativos para essas pessoas”, explicou o diretor, destacando que o tempo de duração e o valor da obra só serão conhecidos após a conclusão do estudo.

Custo

Por enquanto, pelo menos para os timonenses o custo do tráfego entre as duas cidades diminuirá. A passagem de metrô em Teresina custará R$ 0,50, enquanto a de ônibus custa R$ 1,90. O trajeto entre os dois Estados não demora mais do que 12 minutos.

O diretor da CMTP explica que não há qualquer intenção de que o metrô diminua ou contribua para a redução da frota de ônibus nas ruas das duas cidades onde o transporte coletivo é muito usado pela população. Pelo contrário. A intenção é de que o serviço ajude a desafogar o trânsito e contribua para que a população de baixa renda possa circular entre os dois estados sem gastar mais do que R$ 0,50 por isso.

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