Em São Luís

VÍDEO: integrantes de terreiro de matriz africana apontam 'intolerância religiosa' praticada por membros de igreja evangélica

Em imagens divulgadas, membros de igreja evangélica proferem palavras ofensivas contra os integrantes da casa.

Imirante.com, com informações da TV Mirante

Atualizada em 11/09/2023 às 18h31
Foto: Reprodução / TV Mirante
Foto: Reprodução / TV Mirante

SÃO LUÍS - Nesta segunda-feira (11) integrantes do Terreiro de Mina do pai de santo, Nery da Oxum, casa de matriz africana, registraram um boletim de ocorrência contra um grupo de evangélicos suspeitos de praticar intolerância religiosa. O caso aconteceu na manhã de domingo (10), no bairro Itapera de Maracanã, na zona rural de São Luís.

Segundo as investigações preliminares, um grupo de religiosos, liderado por um pastor da Assembleia de Deus Missões campo Tirirical, se posicionou em frente ao terreiro de mina Nery da Oxum, com um carro de som proferindo palavras ofensivas contra os integrantes da casa. 

Durante a oração, eles falaram palavras ofensivas contra o terreiro. As imagens que registraram a agressão, foram registradas por celular. No vídeo, os integrantes da igreja evangélica dizem "Vai, entrando, eu te peço, liberta Senhor, cachaceiro, maconheiro, macumbeiro, Senhor".

Assista ao vídeo:

O pai de santo, Nery da Oxum, registrou a denúncia na Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância e Conflitos Agrários. Por lei, é considerado crime a prática de intolerância religiosa.

"A gente veio registrar [o boletim de ocorrência] e a gente quer resposta. A gente quer reposta porque não isso pode. A gente não sai da nossa casa para ir para porta de qualquer que seja um culto, igrejas, a gente tem nossas religiões em casa e não precisamos fazer isso o que eles estão fazendo", disse o pai de santo.

Revoltados e indignados com a situação, demais membros da casa de matriz africana também estiveram na delegacia prestando apoio e reforçando a denúncia sobre o caso.

"Nós queremos respeito pela nossa religião. E nós não vamos parar enquanto não houver uma resposta certa, dos órgãos certos, para poder nos proteger e nos defender dessas pessoas que não são líderes religiosos, mas são pessoas que estão ali para proclamar o racismo, a intolerância religiosa e tudo aquilo que nós não concordamos de forma alguma", disse Mateus Iansã, filho de santo do Terreiro de Pai Nery da Oxum.

Procurados, membros da Assembleia de Deus Missões campo Tirirical, cujo são os responsáveis pelo ato de intolerância religiosa, mas eles não se manifestaram.

Após a repercussão do caso, a Comissão de Liberdade Religiosa da OAB do Maranhão, disse em entrevista ao JM1 que está acompanhando o caso.

"Nós tivemos ali atos visíveis de intolerância religiosa. É o reflexo de uma intolerância que é fruto de um racismo que está atrelado ali. As religiões de matriz africana são os que mais sofrem com isso. Neste caso, está tipificado o crime de racismo, mas é claro que a autoridade policial vai analisar as provas para que elas possam ser enviadas para o Ministério Público", explicou Alda Fernanda Bayma, presidente da Comissão de Liberdade Religiosa da OAB do Maranhão.

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